Godlike Heroes
Gostaria de reagir a esta mensagem? Crie uma conta em poucos cliques ou inicie sessão para continuar.

MOP - A Carta Perdida - Aron Tinuviel

Ver o tópico anterior Ver o tópico seguinte Ir para baixo

MOP - A Carta Perdida - Aron Tinuviel Empty MOP - A Carta Perdida - Aron Tinuviel

Mensagem por Hipnos Ter Jun 21, 2016 12:51 am

A CARTA PERDIDA
Trio e arvores?


Aron, o filho de Apolo que acabará de chegar de uma missão, já estava engajado com outros assuntos e andava pensando neles pela floresta, quando o mesmo escutou um barulhinho bobo no seio do matagal. Quando ele chegou perto, uns passarinhos azuis voaram da moita assustando o garoto. Algumas penas azuis caíram em seus cabelos, mas o mais impressionante, foi que ali na grama estava uma carta semi aberta endereçada para um tal de Edgard.

O garoto rapidamente leu a carta que estava com algumas sentenças faltando, não dando importância para ela, até que leu o seguinte - Me salve! - Essas duas palavras era tudo o que Aron precisava  para seguir uma aventura solo. Na carta também estava escrito algo como "perto da colina" e "trio de arvores de flores brancas". O resto estava apagado pelo tempo e pelos bichos que passaram por ali.

objetivo:
regras:

Haymon Derrier
Hipnos
Hipnos
Deuses Menores
Mensagens :
743

Ir para o topo Ir para baixo

MOP - A Carta Perdida - Aron Tinuviel Empty Re: MOP - A Carta Perdida - Aron Tinuviel

Mensagem por Seraph Zehel ëa Vertrag Qua Out 19, 2016 7:07 pm

A Carta

Ocupado. Tudo que eu conseguia fazer ultimamente era me manter ocupado.

Eu estava começando adquirir uma espécie de toque, mantendo o chalé excessivamente limpo, organizado e alinhado. Bastava que uma cama ficasse um milímetro fora do lugar, para eu largar qualquer coisa que estivesse fazendo e reorganizar o fang-shui do chalé dourado. Logan ficara tão irritado com minha última crise de arrumação que invadira minha mente e me pora para dormir forçadamente. Não era legal quando ele fazia isso. Ficava tudo uma verdadeira bagunça quando ele me chacoalhava.

Eu não podia controlar, eu não conseguia ficar parado sem me lembrar dos eventos no mundo inferior. Max morrera três vezes na minha frente, além do mais, a última vez fora definitiva. Ele estava nos Campos Elísios, tendo o sono dos heróis por minha causa. Por causa das minhas fraquezas e medos. Ele estava longe...Muito longe de mim...Muito longe dos meus braços...

As pessoas que eu amava estavam sumindo do meu lado uma a uma. Cristie estava sempre ocupada com a caçada para me visitar, mesmo agora com toda essa confusão, ela pudera ser dispensada. Minha mãe...Teria sido bom tê-la naquele momento sôfregos. Ela sentaria ao piano e tocaria as canções culturais de Jerusalém e me faria imaginar toda a história de Israel, atravessando a história com sua influência, até que eu me encontrasse em prantos, vazio é totalmente curado de toda aquela dor, que se revolvia em meu peito.

Seria bom tê-la ali, naquela floresta, com seu vestido de alça esvoaçante, que lhe davam um ar de inocente, quase como se fosse uma das ninfas. Pera...Floresta?!

Não me lembro quando cheguei à floresta, ultimamente estava indo de um lugar para o outro sem perceber, meu corpo andando, mas minha mente fora de meus caminhos, voando pelas minhas dores, flagelos e fantasmas, que não deixavam de me atormentar um segundo se quer.

Eu ouvi um barulho estranho no seio do matagal, coisa que passaria despercebido se eu não estivesse tão tenso ultimamente, vendo coisas e ouvindo coisas o tempo todo,  como se o vento sussurrasse segredos em meus ouvidos, eram estranhos e desconexos. As vezes aconteciam, outras vezes nem pareciam ser reais, mas eu sempre dava atenção a eles, esperando que os olimpianos se apiedassem e me devolvessem meu irmão.

Quando cheguei próximo a fonte do som, um grupo de pássaros azuis voou na minha direção, me causando um quase ataque cardíaco, tal era o meu nervosismo. Meu cabelo ficou cheio das penas que os pássaros deixaram em sua fulga ensandecida. Ri de minha idiotice, eu devia estar ficando louco mesmo.

Estranho...Do que os pássaros estavam fugindo com tanta pressa?

Uma sombra saiu do meio da mata e pulou na minha direção.

Eu tive pouco tempo de entender do que se tratava, mas fui salvo graças aos meus instintos semidivinos, que me fizeram puxar a adaga do meu cinto e bloquear a galhada que por pouco não empala o meu peito.

A chifrada me lançou longe e eu tive pouco tempo para girar para a esquerda, antes do monstro fincar seus chifres no chão, ficando preso por eles, movendo suas patas fofas no ar, numa cena que seria cômica se, por pouco, não tivesse se tornado meu funeral.

Tomei distância da coisa, enquanto outra se movia a minha direita, mais calma talvez, já que não desferiu um ataque imediato. Invoquei meu arco e fiz a mira na primeira. A flecha fincou-se no olho do monstro antes que eu mesmo percebesse do que se tratava, enquanto eu corria mata a dentro pela minha vida, procurando me afastar deles.

Eram Dilldap’s. São lebres quatro vezes maiores que as normais, com uma galhada assassina de veado e...Asas! Droga! Tinha me esquecido das asas de falcão.

O Dilldap que ainda estava ileso e não tinha me atacado de pronto, não gostou muito da flecha que eu tinha lançado contra seu amigo e viera tirar satisfações. Descera num rasante cruel, que se eu não tenho a sensibilidade de parar, tinha empalado as minhas costas naquele emaranhado de chifres assassinos.

Para minha sorte, a mata era fechada, por isso quando ele desceu, seus chifres agarraram na árvore e eu nem pestanejei em lançar tantas flechas quanto pude em sua direção, cravando-as em seu bumbum fofo com rabo de algodão, até que ele virasse pó.

Voltei o trajeto que tinha feito, não queria ser pego em outro daqueles ataques surpresas, já que podia ser meu fim. Correndo feito um doido, eu procurei onde o Dilldap havia se prendido, mas ele não estava lá.

Fui jogado contra uma árvore, batendo com força em um dos galhos, que atravessara minha perna e quebrara com o meu peso, impedindo meu movimento. O Dilldap estava cego de um olho, mas sua galhada ainda funcionava bem. Eu não podia correr, mancando da perna, além de doer bastante. Estávamos num impasse, mas ele era um animal irracional e eu, um arqueiro bom o suficiente para continuar a disparar, mesmo com a dor que irradiava da minha perna.

Minhas flechas o pegaram em pleno salto, uma delas fincou no coração do monstro e ele se desfez em pó, me cobrindo de dourado, enquanto eu me arrastava pelo chão.

Quando finalmente acabei com aqueles dois, me dei conta de que nosso pequeno embate revolveu a terra do local, trazendo a tona alguma coisa branca, semi enterrada na terra escura da floresta. Curioso, eu me arrastei até ela e retirei com calma o pedaço de papel dobrado e desgastado pelo tempo.

Abri o que parecia ser uma carta com muita cautela, lendo sem maiores interesses o bilhete incompleto, apagado pelas intempéries, alem da letra garranchada, trêmula e desesperada, que indicava ou desmazelo ou pressa. A frase “Me Salve!” saltou aos meus olhos, conforme se assentava em meu peito que tratava-se de um pedido desesperado de ajuda.

Como eu havia dito, estava com uma necessidade ferrenha de me manter ocupado além do mais, salvar alguém devia me habilitar a entrar nos Elísios, me tornar um herói caso toda aquela história de tirar Max do paraíso não desse certo, ao menos poderia tentar me juntar a ele.

A carta estava endereçada a um tal de Edgard, que eu não fazia a menor idéia de quem era. Além disso, consegui ler mais duas sentenças: “Perto da Colina” e “Trio de Árvores de Flores Brancas”, fora isso não tinha assinatura, então o máximo que eu podia fazer era procurar por Edgard, a única pessoa mencionada na carta, claro, depois que tratasse minha perna.

***

— Sério? — Alex inquiriu quando viu o ferimento. — Não dava para ter mais cuidado não? — Brigou, enquanto tratava o ferimento.

Bom, eu devo admitir que, desde que Max morrera eu vinha visitando a enfermaria com muita freqüência. Eu caíra da parede de escalada e, por pouco, não ficara tetraplégico; tomara uma flechada no braço por ter entrado na área de tiro; e tivera um corte fundo por pura distração num dos treinos mais recentes que fiz com Lecaile.

Não era minha culpa. Em todos esses momentos, eu me lembrara de Max de alguma forma e quando percebi, já tinha me ferido, mas daquela vez fora um monstro. Ta, eu tinha que admitir que estava pensando em Max e fora parar na floresta, onde aqueles Dilldaps estavam caçando...É...fora mais um dos meus deslizes de distração. Aquilo tinha que cessar ou eu seria morto antes de conseguir resgatar Max.

As broncas de Alex me faziam lembrar de Max, que me faria algo muito parecido, me xingando feito um troglodita que era, enquanto tratava meus ferimentos. Seus atos sempre demonstrando mais carinho do que suas palavras.

— Ei! — O meu irmão curandeiro estalou os dedos na minha frente, trazendo-me de volta de meus devaneios. — Já está pronto! — Apontou para a minha perna, que estava novinha em folha. Alex era rápido.

— Edgard! — Falei meio que em transe e ele me olhou com uma de suas sobrancelhas levantadas. — Conhece algum Edgard? — Perguntei mais vívido. Me ocorrera que Alex tratava tanta gente há tanto tempo que possivelmente deva conhecê-lo.

— Edgard de que? — Ele me devolveu e eu disse não saber. — Filho de quem? — Meneei a cabeça indicando que também não sabia, deixando-o meio emburrado. — Aí fica difícil, Aron, tem um bocado de Edgard no acampamento, mas... — Pareceu lhe ocorrer algo e eu me empolguei. — Tem um que deu entrada ontem na enfermaria, talvez devesse começar por ele... — E indicou uma maca no fundo da tenda.

Saí da maca que usara até aquele momento, dando passagem para um novo paciente chegar. Alex tinha razão em ficar irritadiço comigo, tinha sempre muita gente para ser tratada no acampamento, não precisavam de um desastrado que ficasse o tempo todo se ferindo, ocupando leitos de pessoas que estavam realmente em mau estado.

Quando me aproximei da maca, percebi que o tal Edgard estava dormindo pesadamente, seu tronco estava enfaixado e só de olhar eu podia perceber que fora um estilhaço de alguma bomba que o deixara daquela forma. Havia uma marca de queimadura em seu rosto, provavelmente mágica, uma normal não teria essa mesma capacidade de deixar marcas após a recuperação. Era bonito, bonito até demais, com cabelos loiros, musculatura definida, mas tinha algumas marcas pelo corpo e orelhas pontiagudas. Um meio-elfo. Nunca imaginei que fosse ver um.

— No que foi que se meteu dessa vez? — Questionou Logan, aproximando-se, o rosto emburrado.

Apenas o olhei e deixei toda a história ser absorvida por ele. O bom de ser amigo do Logan, era que raramente precisava me delongar em conversas, bastava repassar tudo na minha mente que ele captaria a história toda.

— Mas isso não quer dizer que esse seja o Edgard! Na verdade, o próprio Edgard pode não saber do que se trata a carta. — Ele disse racional, mas minha expressão dizia que não sossegaria antes de descobrir a verdade por trás daquilo. Além do mais, seria um ótimo exercício de reabilitação depois de tudo que acontecera. — Ta bom, mas você vem comigo. — Ele cedeu e enlaçou minhas mãos, entrelaçando nossos dedos. Não entendi o motivo daquele tipo de contato, mas Logan fez o mesmo com Edgard.

Não estávamos mais na enfermaria.

***

O local talvez tivesse sido bonito algum dia, mas não mais. Havia sinais de queimadas por toda a parte, as árvores chamuscadas e negras, os campos calcinados e o onde deveria ser um grande rio, que cortava o jardim, agora corria um filete de água. Não parecia correr tão veloz como deveria. O ar me fazia tossir e cheirava a enxofre. Estávamos no jardim da alma de Edgard.

— Ta bem ruim! — Exclamou Logan, tossindo.

Ele dirigiu-se ao córrego, enquanto eu o observava.

— Ainda está fresca, mas é questão de tempo... — Ele disse e eu levantei uma de minhas sobrancelhas. —... Se a água estiver seca ou contaminada, as chances de o jardim voltar a florescer são quase nulas. — Ele me ensinou, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

— Isso acontece muito? — Perguntei e Logan franziu os lábios. Sim, acontecia com freqüência.

No meio de toda aquela cena de devastação, ainda restava uma esperança. Uma flor de amor-perfeito roxa, como a que existia em meu próprio jardim, ainda estava vívida e perfumada, ao seu redor ainda existia uma faixa verde, como se fosse poupada de toda aquela destruição. Um homem chorava inconsolado ao seu lado. Aquela cena me lembrou a mim mesmo.

— Porque não estou surpreso? — Logan rolou os olhos, suspirando pesadamente, e o homem nos notou.

Ele fez uma expressão de indignação, depois de raiva e sacou sua espada, avançando contra nós, sem o menor motivo. Fui tomado de certo ímpeto e me lembrei dos treinamentos que vinha tendo com Logan. Me concentrei na espada e ela se transformou em um buquê de flores, o que o deixou confuso.

— Calma Edgard, somos servos da deusa da alma. — Disse, como se tivesse um distintivo em minha mão.

— Somos? — Logan levantou uma das sobrancelhas para mim, mas eu ignorei.

— Viemos apenas fazer uma pergunta. — Eu disse e materializei a carta, como eu me lembrava dela. — Reconhece essa letra? — Eu entreguei a  carta para ele, que pegou em seus dedos, assombrando-se.

— Calisto! — E eu percebi que o ar ficou menos rarefeito. — Ela ta viva? — E o córrego pareceu correr mais rápido. — Mas...Presa? Vocês sabem onde? — O homem agarrou a gola da minha camisa e eu vi dor em seus olhos.

Na verdade, eu estava olhando para mim mesmo. Um fio de esperança. Era sempre isso que bastava para que eu ficasse com aquele mesmo olhar, aguardando que alguém fosse me dizer que haveria um modo de retornar o tempo e trazer Max de volta. Aparentemente ele acreditava que ela estava morta. Logan fez com a cabeça para que eu não contasse nada, mas eu não podia esconder a verdade de Edgard, eu não gostaria que fizessem isso comigo.

— Mas a carta parece que já tem tempo. — Ele falou, após eu contar toda a história, e eu concordei.

— Pode me dizer quando foi a última vez? — Eu questionei, tentando traçar uma linha do tempo.

— Um mês! — Ele pegou a carta e a abraçou entre o colo, guardando como se fosse a própria amada. — Nós estávamos prontos para deixar o acampamento e viver sós no mundo... Ela queria viajar, conhecer outros lugares, mesmo conhecendo os riscos. Eu fiz de tudo para me tornar o mais forte que pude para que pudesse protegê-la, mas ela saiu em missão sem mim. Apenas um sobreviveu...

Edgard me contara que Calisto era uma filha de Hermes habilidosa e Logan complementou com alguns detalhes sobre o garoto que sobrevivera, já que estava auxiliando na enfermaria naquele dia, Carlos Ortega, filho de Eros.

Segundo Carlos, ele, Calisto e Zack, um dos filhos de Ares que fazia parte da missão, foram encurralados por um elemental de fogo em um posto de gasolina, infelizmente as coisas não acabaram bem e o elemental explodiu o posto. Quando Carlos acordou ele estava no hospital de São Francisco e os outros dois foram dados como mortos.

— Obrigado Edgard. — Eu disse com um sorriso. — Faremos o possível para encontrá-la! — Prometi, e vi as lágrimas de alegria e esperança nos olhos do meio-elfo.

O ar pareceu limpar-se um pouco e a faixa verde que estava próximo à flor, parecia ter se alastrado, além do córrego parecer correr mais rápido. Então não precisava-se de muito para trazer a felicidade para alguém.

Logan olhava feio para mim, mas não tinha mais volta. Eu tinha decidido fazer aquilo.

***

— Você sabe que aquele Edgard também é um filho de Eros, né?

— Claro, claro...O que?? — Eu parei no meio do caminho, a boca aberta pela revelação.

— A alma dele, tem muito mais amor do que a maioria, um filho de Eros com uma elfa, na verdade, seria mais preciso dizer que era uma meia-elfa. — Esclareceu Logan.

Nós estávamos nos dirigindo para a colina procurar por pistas, quando ele disse isso.

— Aron, você deu esperança a ele. — Ele disse, como se fosse algo ruim. — Imagine se agora achamos a caveira da tal garota, ou pior, descobrimos que não passou de um engano. — Ele disse e eu demorei para associar a dor dele com sua ascendência divina.

Bom, o garoto devia estar se partindo em dois. Filhos de Eros só amam uma pessoa por vez e esse tipo de sentimento pode se transformar em uma dor irracional, por isso que o jardim dele estava tão queimado, havia muito amor em seu peito. Precisávamos resolver aquela questão e dar paz ao pobre meio elfo, antes que tudo se tornasse em um drama ainda pior. Pelo que Logan me descrevera da cena que eu vira, a alma dele estava muito próxima de ser corrompida ou coisa pior.

— O que exatamente significa coisa pior? — Eu questionei.

— Ainda não está pronto para isso, mas eu vou te ensinar, quando tivermos uma oportunidade. — Ele falou, deixando toda a situação mais macabra do que deveria ser. Ou não.

Chegamos a colina atentos às tais flores brancas, mas não consegui achar nada que fosse parecido com aquilo. Logan me olhou preocupado, mas eu não desistiria tão facilmente.

Fiquei olhando atentamente para o chão. Não estava, na verdade, procurando algo, só me pareceu que era certo olhar para o chão, como se alguma coisa sussurrasse em meus ouvidos. Percebi que Logan estava me olhando com intensidade, como se esperando minha ação após ouvir as minha loucuras. Tentei disfarçar, mas não consegui. Eu tinha que olhar para o chão.

Haviam muitas pegadas na colina. Era um local comum no acampamento, todos iam e vinham dela, principalmente quando enviados em missões, mas uma delas me chamou atenção. Ela não seguia o mesmo roteiro das demais, mas abria um caminho à esquerda, indo para dentro de um matagal fechado. Eu não precisava realmente seguir, mas aquela voz que vem me perseguindo praticamente me empurrou até ele.

Havia uma mola próxima às pegadas e eu a mostrei para Logan que deu de ombros. Eu a jogaria fora, mas, foi um bom passatempo enquanto adentrava a mata. Eu ficava esticando e comprimindo ela compulsivamente, aquele barulhinho irritante de coisa enferrujada.

No meio do caminho encontrei, preso em um galho, um pequeno tecido estampado, era rosa com corações roxos, o que me pareceu extremamente ridículo, mas pensei ser da pessoa que estava por trás de todo aquele mistério. Talvez pudéssemos farejá-la com um dos hellhounds do acampamento depois. Guardei apenas por isso, mas Logan estava começando a me chamar de

Logan ficara irritado e reclamara umas cinco vezes durante os vinte minutos que ficamos andando por aquela mata, falando para que esquecêssemos tudo aquilo e voltássemos até a enfermaria e explicássemos tudo a Edgard, mas eu sempre refutava dizendo que não havia os absolutamente nada para explicar, pois não havíamos nem investigado a fundo a questão. A conversa fora basicamente essa troca de farpas, até que eu tropecei em uma raiz e cai de cara no chão.

Aquilo doeu, mas notei que tinha um aro de metal amarelo, desses se usa para colocar um molho de chaves. O apanhei por pura distração, ao menos para não dizer que minhas quedas tinham sido em vão.

— Aron, sai dai! — Logan disse, urgência em sua voz.

Eu respondi por puro reflexo, saltando para o lado do empático com pressa, meus instintos semidivinos procurando o perigo, que eu já esperava estar próximo da gente. Olhei de um lado para o outro mas não vi nada, além de três carvalhos sem folhas, com flores brancas dobrando-se, como se em seu centro estivesse o próprio deus Pan.

—Fica atrás de mim. — Ele disse, puxando meu braço e tomando a dianteira. — Isso só pode ser brincadeira...

Eu sinceramente não entendi do que ele estava falando. Parecia totalmente comum, além de ser a pista que estávamos procurando o tal “Trio de Árvores com Flores Brancas”.

— O que foi? — Eu perguntei.

Uma estranha luz envolveu a mão de Logan. Eu imaginei que fosse a luminocinese, mas não era nem perto disso. Não era como a que eu mesmo podia controlar, era algo mágico, eu era um pupilo das artes mágicas e podia entender a capacidade de alguns feitiços como aquele. Era um feitiço de luz.

A luz se expandiu até o ponto que mostrou o que parecia ser uma rachadura num espelho, ou no vidro, mas era no tecido de realidade, como se estivesse quebrando uma barreira. Era uma barreira dimensional.

— O que é isso? — Eu questionei.

— Uma fenda dimensional que leva a um mundo próprio. — Ele disse, sua forma tremeluzindo, como se a qualquer momento fosse sugado. — Nunca imaginei que isso poderia ser realizado dessa forma. — Ele ponderou, interessado na fórmula mágica.

— Então é só entrar lá e verificar, certo? — Eu perguntei, ainda impressionado pela capacidade mágica de Logan.

— Não exatamente, aqui, tá vendo? — Não, não estava, mas balancei a cabeça, ele estava bem distraído com a análise do feitiço. — Uma das regras é sobre o limite de pessoas que podem entrar nesse mundo. Foi reduzido a três e duas das vagas fora, preenchidas...

Não demorei a perceber o que aquilo queria dizer. Por sorte, ele estava distraído com a fórmula dimensional, o que me deu tempo de correr e entrar na fenda, antes que o empático percebesse o que eu estava fazendo. Ele fez menção de gritar, mas eu não consegui ouví-lo. Já tinha entrado pela rasgo temporal, sentindo meu corpo se desfazer em mil pedaços e se juntar do outro lado.

Certa vez, joguei um jogo chamado Dragon Age. Sempre escolhia magos. Nunca gostei muito de pegar uma espada e sair cortando tudo que era pessoa que eu visse. O fato interessante, é que os magos tinham acesso ao Imaterial. Bom...Aquilo era bem parecido com o imaterial do jogo.

Eu estava caído no chão de uma caverna escura, ainda tentando me centrar em minha própria consciência, que aprecia ter sido desfragmentada errada, com partes faltando e com muita dor para ser contabilizada.

Usando finalmente consegui focar meus olhos, dei de cara com uma caveira, o que me fez soltar um gritinho nada másculo, me afastando de imediato, o que me fez bater com a cabeça na rocha negra que constituía o local. Era úmida e com cheio de bolor.

Olhei para onde supostamente deveria ter sido a entrada, mas não havia nada lá. Não tinha volta. Que ótimo!

A caveira tinha um corpo esquelético que a acompanhava,  que parecia estar armado para uma verdadeira guerra. Espadas, machados, soqueiras, facas e um arco. Claro que, apesar de um monte de armas do outro tipo, ele só precisava de um arco. Bom...Não sei se exatamente tudo aquilo adiantou, já que estava morto, mas peguei o arco nas mãos. Estava encordado, era multicolor, como a asa de uma lavadeira, meio transparente e com urnas dispostas numa língua que eu jamais entenderia. Era lindo.

Puxei a corda e uma flecha apareceu. Ótimo. Porque não tinha nenhuma aljava com flechas ali e de todas as armas que estava disponíveis a única que eu sabia manejar era o arco. Devia ter prestado mais atenção nas aulas do Lecaille, mas agora já era tarde para pensar naquilo.

Além disso, a caveira tinha um pequena escultura que era um disco solar. Uma ideia engraçada surgiu na minha cabeça e eu o recolhi. Junto com as outras coisas, provavelmente eu faria um item muito bobo, uma lembrança de minha aventura.

Havia uma luz que vinha do outro lado da caverna, então resolvi prosseguir pelo túnel, até sair dele.

O túnel acabava em um vale, cercado por uma cadeia de montanhas, que abrigava uma vegetação fechada. Atrás dela, um grande templo de pedra subia pelos céus, com suas milhares de lances de escada e eu soube imediatamente que aquele era o local para onde eu deveria ir. Porque tinha que ser tão alto? O dia que eu terminasse de subir aquelas escadas eu estaria como o esqueleto que me recebera. Que inferno!

Desci pelo descampado cheio de rochas, saltando de uma pela outra até chegar à beira da mata.

No chão, havia uma boneca diminuta, dessas que usamos para fazer maquete. Achei que seria legal usá-la no pequeno projeto nada artístico que estava começando a se projetar na minha cabeça. Sinceramente, eu podia ser bobo às vezes, mesmo com toda a tensão dos últimos tempos. E eu tinha que ter algo pra fazer depois que tudo aquilo acabasse, ao menos gastaria um pouco do meu tempo depois que resolvesse aquele mistério.

Havia uma coisa me incomodando. Se haviam três vagas e só haviam sobrado uma...Quem eram os outros dois ocupantes? Quem mais estaria naquele universo paralelo. Talvez uma delas fosse Calisto, que nos mandara um pedido de socorro, se esse era o caso, o outro deveria ser seu carcereiro.

A mata era muito fechada e eu tive que usar minha faca para desbravar o matagal cheio de espinhos, que dificultava minha entrada no local, arranhando minha pele, sangrando minha carne. Uma pessoa tinha que estar muito louca para tentar passar por ali. Nos últimos dias eu devia me encaixar nessa definição.

Em dado momento, a mata cedeu e abriu-se em um descampado, criado por troncos grossos que emaranhavam-se entre si, criando um muro de madeira intransponível. Eu mordi os lábios e fiquei andando de um lado para o outro, tentando achar uma brecha, uma pequena brecha que pudesse me fazer passar, mas ela não existia. Os troncos estavam fazendo uma cerca perfeita. Droga!

Voltei-me para o loca, procurando alguma outra coisa que me desse um apoio para poder pular os troncos, talvez tentar ir por cima, ao invés de por baixo. Foi quando notei o carvalho no meio do descampado. Eu jurava que não estava lá antes, mas estava agora,

Talvez eu tivesse vendo coisas, ou minha concentração em tentar achar um caminho estivesse me iludindo. Não sei. Não dava para confiar muito em minha mente ultimamente.

Quando me aproximei dele, vi uma borboleta azul revolvendo-se na teia de uma aranha, que já descia para conferir o que sua armadilha havia pego. Eu odiava aranha. Tinha um pavor absoluto delas, e o fato dela estar descendo perigosamente para matar a pobre borboleta indefesa, me deu um certo ódio dela.
Aquilo me lembrava muito dos jogos Olimpianos, em que nós, semideuses, borboletas ingênuas e indefesas, acabávamos por sermos presos nas tramas insensatas e asquerosas de nossos parentes divinos, colocando nossa vida em risco, enquanto nossos parentes mortais eram devorados por monstros cruéis e assustadores, tragados pelas aranhas que espreitavam nossas vidas a cada esquina que virávamos. Max fora apenas mais um das borboletas devoradas.

Cortei a teia, libertando a borboleta, que voou ao meu redor e posou no meu ombro. Cravei a faca na minúscula aranha com uma expressão amarga no rosto. Percebi que ela não tinha nenhuma culpa pelo que me acontecera, mas acabei descontando nela minha frustração, como os deuses faziam conosco. No que toda aquela confusão estava me tornando? Eu não era esse tipo de pessoa!

— Não, você é! — Disse uma voz grave atrás de mim.

Virei-me com o arco já tensionando, uma flecha mirando o coração do homem musculoso. Os cabelos eram lisos, castanhos e cortados curtos de uma forma estilosa. Os lábios eram vermelhos e carnudos, como se ele tivesse comido muitos morangos, a pele era sedosa, o corpo era bronzeado, mas o que mais era bonito nele? Seus olhos. Amendoados, brilhantes e cheios de esperança. Lá estava Max, como no último dia que o vi.

— Isso é exatamente o que você é, Aron! — Ele disse e eu fiquei confuso. Claro que abaixei o arco. — Egoísta! Fraco! Covarde! — Foi se aproximando, enquanto cada palavra dita por ele ia afundando uma faca em meu coração. — Primeiro, não conseguira salvar sua mãe, depois, vivia uma luxuosa vida, enquanto sua irmã quase morria para te proteger por dois longos anos. — Comecei a tremer, as palavras dele se assentando em minha mente, me mostrando o quanto eu fora covarde todos aqueles anos. — E... — Suas mãos envolveram meu pescoço. — ...Me permitiu tomar o copo de Ikhor... — Começou a apertar meu pescoço. — ...Me deixou ser devorado pelos Hellhouns... — Os olhos dele demonstravam o ódio em seus olhos. —...E, por fim, não conseguiu impedir que Cérbero me matasse. — Eu não conseguia mais respirar.


Eu me debatia debilmente, ciente de que ele estava correto. Fora minha fraqueza e covardia que o haviam matado. Eu era o maior culpado por aquilo. Não fora Apolo, Hades ou Makaria. Fora eu.

Vozes acusatórias, que sussurravam meus pecados em meus ouvidos, começaram a me envolver, como se fosse uma nuvem negra, lotada de frustração e dor. Eu era a criatura mais medíocre que já existira, uma ameba que deveria esse obliterada.

Parei de resistir, os meus pulmões doendo no meu peito, cheio de gás carbônico e sem oxigênio. Eu morreria, pela mão daquele que eu mais amava. Era justo. Eu causara sua morte. As lágrimas já saiam pesadas de minha vista, enquanto o máximo que podia fazer era tocar o rosto bonito com ternura.

A borboleta pousou em meu ouvido e eu me senti bem com isso, quase como se ela me desse uma injeção de ânimo e algumas coisas me vieram à cabeça.

Max jamais falaria daquela forma. Ele me amava, assim como eu a ele. Ele não me culpava por tudo que acontecera, ele desejava que eu seguisse em frente e superasse tudo. Minha mãe me amou até seu último suspiro. Minha irmã ficara feliz em ter aqueles dois anos comigo. A única pessoa presa ao passado sempre fora eu.

A imagem tremeluziu, a verdadeira forma da criatura revelando-se. Tinha olhos luminosos, pele enrugada e cinzenta, quase como se fosse um cadáver velho. Os cabelos escorridos eram negros e iam até a cintura, seu vestido era rodo e estava todo rasgado
Talvez tivesse sido bonita em algum momento, mas os gritos de horror que saiam de sua boca, a expressão constantemente gravado no desespero, a haviam corrompido muito.. Voltei a lutar, mas meu tempo estava acabando. Peguei a faca no meu sinto e apunhalei na cintura, libertando um grito de dor, junto com o de horror.

Ela se afastou de mim cambaleante, enquanto eu tossia compulsivamente, tentando recuperar o oxigênio que me faltara. Era quase como respirar fogo, minha garganta e pulmão queimando como se eu tivesse bebido do flagetonte.

Ela pôs a mão na ferida e gritou para mim, sem emitir nenhuma palavra além do profundo som que entrou pelos meus ouvidos e arrepiou minha alma. Cada nota de desespero que ela adicionava ao seu tom me faziam ruir a consciência. Mesmo ainda tendo que lidar com a difícil respiração, os gritos eram mais urgentes. Eu levei minhas mãos aos ouvidos em total reflexo, tentando a todo custo conter meu instinto de me encolher em posição fetal. Lágrimas de medo e tristeza saiam dos meus olhos com fartura. Parecia que ela estava invadindo a minha alma e causando tanto medo que estava prestes a congelar minha alma.

Fora com muita força de vontade e desespero que eu consegui firmar o arco e disparar a primeira flecha. Passou muito longe dela, mas eu não liguei. Aquilo era horrível demais para eu simplesmente continuar ouvindo. Armei a segunda, que a acertou no braço. A terceira no peito. A quarta acerto no pescoço. Foi só aí que consegui algum dano realmente significativo.

A ferida na garganta sangrara e a impedira de gritar como antes, saindo algo mais engasgado do que anteriormente. O efeito de seus gritos de horror diminuíram e então eu pode finalmente atirar sem ter minha mira afetada. Cravando-a com tantas flechas que já tinha virado pó dourado muito antes de eu finalmente perceber que a tinha mataro.

Era uma Banshee. Que tipo de pessoa perturbada usaria uma fada corrompida para guardar seu mundo?

Fiquei deitado no chão tentando recuperar meu fôlego e esquentar minha alma. A borboleta não me abandonou um momento se quer, pousando hora ou outra próxima a mim, só para levantar vôo e rodear a campina.

— Obrigado! — Disse, a voz rouca.

Só depois entendi que salvar a borboleta era uma armadilha para quem entrasse naquela dimensão, ativando a banshee, que viria recepcioná-lo com o desespero que gela a alma. Maldito perturbado sem alma.

Quando finalmente me recuperei, a borboleta me rodeou e seguiu em frente, pela muralha de troncos, que pareceu dobrar-se a sua vontade e abrir um caminho. Eu achei aquilo estranho, mas resolvi seguí-la. Considerando o resto da minha vida, aquilo devia parecer até normal.

O caminho fora tranquilo, nada muito significativo além do túnel de troncos que se dobravam abrindo caminho para a borboleta azulada, feliz por retribuir a ajuda que lhe dei antes. Em dado ponto, o túnel abriu-se em um morro ao pé do templo.

— Insistente, você heim?! — Exclamou o garoto, que descia pela escadaria.

Era lindo! Não era apenas um lindo normal! Era um lindo sobrenatural! Cabelos negros, olhos azuis, corpo perfeito, postura perfeita e enfim...O cara era simplesmente perfeito. Não havia nada que pudesse melhorar no garoto, com exceção, talvez, de seus olhos loucos. Eles pareciam bem estranhos para mim.

— Quem é você? — Questionei, o arco já apontado para ele.

— Vejo que pegou o arco do Zack... — Ele deu de ombros, a expressão impassível, sem o menor medo do meu disparo. — ...Carlos Ortega, filho de Eros! — Ele disse e um arco apareceu em sua mão.

Era o sobrevivente da missão que havia retornado para o acampamento, dizendo que todos estavam mortos. Meus olhos foram direto para o arco em minhas mãos. Ele tinha dito o arco do Zack? Zack o filho de Ares?

— Porque? — Foi o que saiu da minha boca. A dúvida máxima, mesmo que eu já suspeitasse da resposta.

— Porque Calisto preferiu aquele demônio! — Cuspiu. — Como uma criatura como aquela pode se intitular meu irmão? Já viu as orelhas dele? Aquilo não é humano! Isso é errado! Eu merecia Calisto. Ela devia ter ficado comigo! — Gritou, gesticulando perigosamente com as mãos, o ódio, ciúme estampado em sua face. — Bom...agora ela está comigo, e você? — Indicou, tensionando o arco. — Bom...Um segundo esqueleto não vai fazer mal ao meu templo.

Não tive tempo de pensar muito. Meus instintos ergueram uma muralha de pedra no exato momento em que ele soltou a corda, a flecha quase atravessando a barreira, a ponta de metal despontando perigosamente pela parede, milímetros da minha face. Ele era um arqueiro. Um arqueiro muito melhor que eu. Provavelmente melhor que Max. Eu não tinha a menor chance.

Invoquei uma tempestade de areia que tomou toda a base do templo. Era minha melhor aposta. Não podia dar uma mora clara para ele, ainda que eu mesmo não tivesse uma suficientemente boa para acertá-lo.

As flechas começaram a chover na parede até que ela finalmente ruiu, foi quando comecei a correr errante na nuvem de poeira, enquanto via mais flechas descendo do alto. Elas estavam passando próximas, apesar de não me ver. Carlos era um monstro.

Uma delas acertou minha panturrilha e eu gritei de dor, erguendo uma parede bem a tempo de conter a saraivada de flecha que se seguiu. Todos os disparos anteriores foram apenas para me localizar. Carlos era muito mais do que um arqueiro qualquer.

— Nossa, que garoto mais esperto... — Ele disse e eu localizei bem de onde estava vindo a voz dele.

A parede começou a ser bombardeada por flechas cada vez mais vigorosas. Ele ia me matar se conseguisse acertar uma boa flecha. Eu estava com meu movimento bem limitado, minha perna doía igual um catiço. Eu só tinha uma opção.

Ergui um muro bem à frente da posição que eu havia ouvido antes, que era onde imaginava que Carlos estava. Correndo o máximo que pude, considerando minha perna manca, suprimindo os gemidos de dor, no meio da nuvem de poeira, até alcançar o muro que ruía com as furiosas flechas do filho de Eros.

Quando a parede ruiu, lá estava eu, atrás dela um alvo a queima roupa. Ele mirou uma flecha e acertou minha barriga, que queimou ao contato da flecha, como se cera tivesse sido derramado junto, causando uma dor excruciante, mas eu não correrá até ali apenas para tomar uma flechada. Um lazer cegante saiu da minha mão, quente e instável. Dividiu-se em cinco feixes, acertando os os olhos, os ombros e as coxas, levando-o ao chão.

Cai ao lado dele.

— Seu idiota! Você estragou tudo! Eu vou te matar! — Disse, debatendo-se débil,ente ao meu lado. Eu acertara seus tendões, o que impediria que ele se movesse.



Carlos nunca saíram do acampamento, ele os levou por aquele caminho, provavelmente com alguma desculpa esfarrapada de que era o caminho certo, criara o mundo, matara Zack. Havia uma chance muito grande de Calisto estar no topo do templo. Presa em outro mundo. Longe de seu amado, assim como Max estava.

Peguei a faca do meu cinto e, com muita dificuldade, comecei a esfaquear, desesperadamente, Carlos. Ele era egoísta, covarde e um assassino. Era culpado por separar um casal que amava por motivos torções e irracionais. Era um monstro que devia morrer. Ele gritava conforme eu o apunhalava, mas eu pouco ouvia, descontando minha frustração nele.

“Sim você ê!” A voz de Max ecoou pela minha mente. A borboleta pousou na minha mão, que estava pronta para descer no golpe final, finalmente matando Carlos. Não, eu não era um assassino.

— Eu não serei como você!— Eu disse e soltei a faca, me arrastando escada acima, deixando para trás o filho louco de Eros.

A subida já teria sendo demorada sem que eu estivesse gravemente ferido. Do jeito que estava? Tive que parar três vezes, antes de finalmente alcançar o topo. A borboleta azul me impelia a continuar, mesmo quando o cansaço e as dores já tinham tomado minha mente há muito mais tempo.

Quando cheguei no topo, vi colunas de mármores dispostas enfileiradas de cada lado do palco, com uma garota acorrentada no centro. As correntes eram feitas de trevas e ela parecia magra, fraca e sem muita força. Ela se assustou quando me viu subindo todo ensanguentado.

— Já dei um jeito nele! — Eu disse para tranquiliza-la, o que não deve ter sido muito heroico, já que eu estava coberto de sangue.

Usei meu controle sobre a luz para quebrar as correntes e Calisto me explicou que quando percebeu ser sequestrada, ela escreveu o bilhete em um papel e mandou para fora do mundo de Carlos, mas como não houve resposta, só lhe restou ceder aos caprichos do filho de Eros. Disse que Edgard estava esperando-a do lado de fora.

Calisto me mostrou a saída que Carlos sempre usava para sair da dimensão e voltar ao acampamento. Ficava atrás do templo. Aquela confusão tinha acabado. Eu tinha conseguido salvar alguém, finalmente.

***

— É sério? — Alex disse ao ver meu estado. — Você tinha mesmo que arrumar um buraco na barriga e outro na perna? — Ele começou a fazer seu trabalho, enquanto reclamava das consequências da minha aventura.

Logan estava nos esperando na saída do mundo secreto. Ele me xingou um bocado por minha atitude impensada, mas ficará bem orgulhoso quando eu saí de lá com Calisto. Tinha-se passado três dias no lado de fora e Edgard estava esperando sua amada com apreensão sair daquele lugar.

Quando saímos, o portal fora desfeito e Logan não conseguiu entrar, segundo ele, o mundo fora desfeito. Não acharam Carlos. Talvez tivesse morto, ou talvez não.

Alex terminara os curativos e me dera alguma ervas, pedindo que eu passasse três semanas na enfermaria. Não eram ferimentos que pudesse ser curados com tanta facilidade.

Tive tempo de fazer um penduricalho esquisito, usando os itens encontrados. O tecido tornou-se o vestido da boneca, que ficara presa ao bóton de madeira em formato de sol, que eu descobrira ser um presente de Calisto para Zack, um presente pelo garoto ser seu amigo e confidente mais importante. Usei a mola para prender-se a argola e depois passei um barbante que a prendeu no meu arco. Uma lembrança de meu primeiro ato de heroísmo.

Dormi pouco depois, feliz que tudo tinha terminado bem. Ao menos uma vez eu não fora totalmente fraco.

***

Eu estava no meu jardim da alma, a flor de amor-perfeito roxa com uma nova vida, brilhando com intensidade, um campo verde maior do que antes se alastrando. O clima parecia ter aquecido e o lago já não estava congelado, eu conseguia ouvir a água correndo livre do fio anterior.

Um grupo de borboletas se agrupou ao redor da flor e transformou-se. Psiquê apresentou-se em sua forma de fada.

Tinha cabelos castanhos longos, presos em uma trança decorada com flores e laços de ouro, um vestido branco de alças que contornavam suas curvas sem lhe parecer vulgar. Sua feição era linda e seus olhos eram muito expressivos, mudando de coloração conforme os sentimentos de seus servos. Não bastasse isso, ainda tinha asas das borboletas monarcas, douradas e Belas, quase hipnotizantes.

— Fez muito bem, Aron! — Ela disse, a voz sedosa é agradável, quase como se me fizesse voar.

— Obrigado! — Eu disse feliz e todo o meu jardim floresceu, deixando o gelo para traz, os espinhos que envolviam as árvores desaparecendo. O simples fato dela pisar naquele lugar o havia florescido.

— Sua alma é linda... — Ela disse, olhando ao redor com um sorriso belo e eu apenas concordei com um aceno de cabeça, não conseguindo tirar meus olhos dela.

Eu me adiantei e me ajoelhei aos pés da deusa,  simplesmente porque ela me fazia bem, talvez finalmente eu tivesse alguma ajuda em relação a Max.

— Tudo a seu tempo, meu pequeno sol... — Ela disse amorosa. — ...Se seu amor for forte o suficiente para resistir a essas provações, quem sabe, um milagre aconteça. — Ela sorriu, com esperança e eu pensei em sua própria história. — Agora...Que tal oficializarmos o tal fato de você ser um “Servo da deusa da alma”? — Ela sorriu, me lembrando que eu usara seu nome com Edgard. Eu fiquei imediatamente vermelho.

— Me desculpe... — Eu engoli em seco, mas fiz uma reverência. — Eu, Aron Tinuviel, filho de Apolo, peço que me aceite como seu empático e juro ajudar as almas a florescerem e se tornarem lindos jardins para que o mundo seja melhor.

Ela sorriu com carinho e desfez-se em um monte de borboletas que me rodearam, como se estivesse recebendo o abraço de milhares de pessoas, como se estivesse agora conectado a muitas almas. Como se eu fosse todos e não apenas um.

”Observações”:


”Poderes Passivos”:

”Poderes Ativos”:

”Feitiços:
LFG@





”Edgard”:

”Carlos Ortega — NPC Terrorista”:
Seraph Zehel ëa Vertrag
Seraph Zehel ëa Vertrag
Filhos de Tique
Mensagens :
90

Ir para o topo Ir para baixo

MOP - A Carta Perdida - Aron Tinuviel Empty Re: MOP - A Carta Perdida - Aron Tinuviel

Mensagem por Hipnos Sex Out 21, 2016 8:17 pm


AVALIAÇÃO

Boa missão

♦ 3 Nv
♦ 395 XP
♦ 2 ponto em Arco
♦ 1 ponto em Faca
♦ 1 ponto em Magia                   
♦ Penduricalho: um item remendado para lembrar Aron de suas aventuras.
♦Criação do NPC Edgard e Carlos.

- 85MP
 

Hipnos
Hipnos
Deuses Menores
Mensagens :
743

Ir para o topo Ir para baixo

MOP - A Carta Perdida - Aron Tinuviel Empty Re: MOP - A Carta Perdida - Aron Tinuviel

Mensagem por Conteúdo patrocinado

Conteúdo patrocinado

Ir para o topo Ir para baixo

Ver o tópico anterior Ver o tópico seguinte Ir para o topo

- Tópicos semelhantes

 
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos