MVP - O Centauro do Mal.

Eu estava morto. Meu combate contra o minotauro mais lindo que eu já havia visto, acabou de terminar e no caminho para casa, ou melhor, seio da minha floresta, Quiron, o centauro treinador de semideuses estava bem diante de mim. E o melhor, ele me pedia um favor.

Eu compreende que centauros são aquém dos limites de um meio-sangue, mas eu, um novo deus, meio humano, tô cansado. Porem, como centauros também são espíritos da natureza, eu, como deus dos espíritos naturais, não posso negar um favor.

- Ok, e como eu chego em Tebas? - perguntei arrumando meus pingentes no pescoço, um de estrela e outro de ampulheta. Os botões em formato de peixes estavam presos nas alças do meu macacão e preso a minha cintura uma pequena maleta com um maço de rosas vermelhas e algumas sementes especiais. Em meu dedo, o anel do minotauro que eu acabara de conseguir - Posso ser um deus, mas ainda não sei me teletransportar como eu bem entender - reclamei distraído tocando a minha pele e arrumando a alça do meu macacão velho que insistia em cair. Arrumei minha pulseira anti-fogo e aguardei uma resposta do centauro.

Eu poderia ter voado no meu dragão, mas como a viagem é muito longa e Gigas é um drakon de terra, não sei se ele se daria bem sobrevoando o mar. Então a solução de Quíron foi a minha salvação.

A viagem não demorou muito. O hipogrifo era mais rápido do que uma bala e em poucas horas, tipo, poucas horas mesmo, eu já estava na Grécia. Eu poderia ver meu pai, mas não tenho tempo para isso e acho que meu pai está tão mais velho que não me reconheceria. O tempo parou de me envelhecer e deixou meu pai a mercê dele. Enfim, minha montaria era tagarela demais e gostosa demais de pegar. Mas como já estava sobrevoando o território onde Quiron indicou, pedi que o grifo descesse numa floresta emergente.

As ruínas do que era uma grande cidade estavam cobertas de musgo e por incrível que pareça, não havia turistas, apenas um centauro tonto fazendo barulho e destruindo o patrimônio da humanidade. Pedi para que o grifo se escondesse. Ele até tentou argumentar sobre ficar e me ajudar, mas insisti que ele calasse a boca e ficasse fora dos assuntos dos deuses. Claro que pedi com jeitinho aplicando minha influência sobre os animais.

Apalpei meus pingentes, arrumei minha alça e caminhei tranquilo até mais perto do centauro - Hey! - chamei - Porque você tá destruindo as coisas? - perguntei tranquilo. Eu não tinha nenhuma estratégia montada. Mas se o monstro me atacasse, eu provavelmente rolaria para o lado e tentaria agarrar a sua pele lateral para dar impulso e meter as minhas pernas em sua lombar. Sim, eu iria subir nele e doma-lo se tudo desse certo.

Eu nem tinha percebido os corpos jogados pelos lados. Havia sangue. Tripa. Mulheres. Corações. Eu já havia visto morte e destruição, mas nada nesse nível de morte. Em solo sagrado como a Grécia, pior ainda. Os deuses devem estar ofendidos com o que esse centauro negro está fazendo por aqui.

Meu coração estava em prantos, mas meu corpo dizia o contrário. Meus olhos continuavam calmos, mas sentiam o espírito da natureza e o lamento das flores. Era muita dor para se guardar num único peito, num singular suspiro.

- Eu vou te matar aqui no meio desse cemitério, e espero que os fantasmas atormentados dessas meninas lhe devorem a alma - Puxei meu pingente de estrela e minhas foices gêmeas apareceram brilhantes e poderosas. Desabotoei meu macacão e ele se tornou uma couraça de ouro. Meus outros equipamentos me dariam prova de fogo e coisas desse tipo, mas nada me daria mais força do que a natureza.

Respirei fundo e assim que soltei o ar dos meus pulmões, um campo de flores brancas gramou o local. Onde havia sangue, as alvas flores se tornaram rubras como a morte. Sentia meus músculos inflando e a energia natural tomando posse da minha alma. Fiz um corte em cada palma da minha mão e banhei o fio de minhas foices, deixando-as envenenadas. Essa é a vantagem de ter sangue tóxico.

Minha estratégia era se utilizar na natureza para ampliar meus atributos. Com a agilidade alta, eu avançaria contra meu alvo girando minha foice prateada. Se desse certo e eu tivesse a precisão correta, eu lançaria minha foice como gancho em volta da base de encaixe do martelo do centauro diabólico. Se travasse bem preso, num solavanco de meus músculos (sou muito forte!), eu tentaria, se possível, desarmar o monstro carniceiro. Dessa forma, eu teria tempo de já girar minha foice dourada brilhante como o sol e encaixar um contra golpe no timing certo para realizar um corte em qualquer lugar do meu oponente. Meus treinos com foice e a musculação que fiz durante toda a minha vida, deveriam dar resultados.

O centauro havia se defendido do meu ataque da forma mais bruta e cruel que eu havia visto. Eu fiquei atônito e por causa disso o monstro conseguiu me derrubar e se colocar em cima de mim com facilidade e ainda por cima ameaçou colecionar o meu coração cheio de Ikhor.

Respirei fundo e refleti sobre tudo o que o monstro havia me dito e não tive outra opção. Usarei o meu sangue pra combater sangue. Flori o ambiente, senti seu poder não sai debaixo do meu oponente. Por outro lado, toquei a pele de suas fortes pernas e convoquei várias colonias de fungos para consumir a vida do monstro aos pouquinhos. Eu espero que ele não se mova, pois eu estaria controlando seu sangue e o paralisando para que não se movesse.

- Obrigado por revelar o teu segredo... - falei com um sorriso mordaz no rosto e olhos que expressavam loucura. Cospi sangue por causa da minha habilidade e rompi a minha pele por todos os lados para chover sobre meu alvo uma chuva de agulhas escarlate de meu próprio sangue. E ele sendo o veneno mais mortal da face da terra e do olimpo, com toda certeza matarei todo o estoque de corações que ele tem, um a um.

Intoxicado, talvez, esse veneno dobraria de poder, consumindo rapidamente o que o monstro chama de vida, até que não lhe sobre nada dele e nada de mim.

Meu inimigo já estava morto. Mas mesmo assim ameaçava tirar a vida de mim. Não pude deixar de sorrir, mas não um sorriso malicioso, mas um sorriso de bondade e esperança. Ele era um espírito da natureza e, apesar de mau em sua essência, ele fazia parte do ecossistema.

- Tudo vai acabar logo...- ameacei cantarolando.

Dobrei o sangue dele para que abrisse os dedos do meu pescoço e me deixasse respirar melhor. Minha técnica sobre o sangue não só paralisa, mas me permite controlar seus músculos irrigados por ele. Ergui meu corpo com gentileza, passando minha mão delicadamente pelos músculos fortes do meu oponente. Claramente estava sofrendo e ia sofrer ainda mais, pois na minha presença todo veneno fica mais letal do que já é.

Dedilhei pelo seu rosto e lhe beijei a bochecha devagar, provando de sua pele suada. Lhe fiz um carinho nos cabelos negros e com a mão livre apalpei seu peito na altura do coração. Fitei seus olhos quase mortos e sorri tranquilo, sereno, transmitindo paz - Quando renascer, espero bondade em seu coração - sugeri às parcas.

Fechei o punho e num único soco quebrei o esterno do centauro, atravessando o punho dentro dele e arrancando de dentro de sua caixa torácica o que ele arrancava dos outros, o coração. Ainda batendo, o esmaguei sem frescura. O sangue escorreu pela minha mão como suco de fruta.

Boa narrativa e contruçao, adorei a historia e a forma como foi descrita sobre o minotauro.

+1 Nivel
+100xp
+1 item: Fragmento epiritual -Centaurico Form.- Permite o usuario invocar a espirito natural de um Centauro se tranformando num. Podendo ser usado apenas 3 vezes.
150 dracmas.
Item Especial: Apito de Grypho: Um apito especial que permite chamar o Anciao Grypholeon para qualquer tipo de favor ou boleia. Limite de Uso 3/3