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MOP — I HAVE NO TIME ANYMORE — Jake Dalton

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Mensagem por Érebo Sáb Fev 18, 2017 2:38 pm



I Have No Time Anymore!



O Tempo desconhece intervalos ou descanso, pois não se atém a isso. Estava mais preocupado em cumprir com seu dever, acostumado a não apenas andar para frente, mas para onde bem quisesse, ele não desejava qualquer um, apenas àquele que pudesse lidar com os perigos e, principalmente, com os sacrifícios.

O pai dos céus lhe deu um nome: Jake Dalton. Disse que seria um ótimo servo e que poderia ser-lhe útil. Na verdade, tratava-se apenas de uma maneira de manter seu filho longe daquele que parecia determinado a roubar seu coração e a admiração de sua rancorosa esposa. Não podia permitir que isso sucedesse, mesmo que por a vida de seu filho em risco fosse necessário.

o Tempo precisava de um discípulo naquela linha do tempo, em que pudesse confiar uma tarefa muito importante. Alguém havia roubado um item poderoso do tempo. Uma organização que desejava reconstruir as eras como a conhecemos.

Objetivos:

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Mensagem por Jake Dalton Sáb Fev 25, 2017 5:02 am


Son of Thunder



Havia acabado de deixar o Andy e me dirigia para meu chalé quando tudo parou, era uma sensação estranha, uma hora eu conseguia ouvir os gritos de campistas, o vento passando por meu rosto enquanto e balançando minhas roupas enquanto eu descia voando em direção aos chalés, mas na hora seguinte simplesmente nada mais acontecia, tudo havia ficado silencioso, nada se movia, o ar parou mesmo que eu continuasse voando.

- Olá? – eu aceno as mãos na frente do rosto do campista mais próximo assim que eu aterrissei, sua expressão não mudou nada, era como se ele fosse uma estátua feita praticamente inteira de carne, aparentemente ele estava andando em direção ao chalé de Ares quando isso ocorreu.

- Ele não pode te ouvir – uma voz grossa e rouca diz atrás de mim.

Viro-me assustado com o som repentino neste local silencioso, era um homem velho, seus cabelos grisalhos alinhadamente cortados curtos, seu semblante era sério, suas mãos enrugadas, mas o que me chama bem a atenção é uma expressão totalmente inesperada por mim em uma situação dessas, tédio. A presença do senhor era imponente, sinto um peso em meu peito, quase como se meu corpo tivesse vontade de se ajoelhar em reverencia, já estive na presença de deuses antes inclusive de um olimpiano, mas essa era ainda maior e mais ameaçadora.

- Não há necessidade de se curvar – diz ele, mesmo eu não tendo feito nenhum movimento sequer de que iria fazer isso, será ele pode ouvir meus pensamentos? – assim é melhor – ele diz batendo sua bengala no chão, em nenhum momento sua expressão sério-entediada deixa seu rosto – me acompanha em uma caminhada meu jovem?

Ele começa a andar sem esperar por uma resposta, dou uma corrida para alcançá-lo e começo a o acompanhar, só então percebo que estou conseguindo andar normalmente, precisava me lembrar de agradecer ao Danny depois. Para um senhor daquela idade ele andava rápido até demais, me obrigando algumas vezes a dar pequenas corridas para me manter ao seu lado.

- É... – digo eu meio receoso de dizer as próximas palavras – eu não tenho certeza de qual deus exatamente é você, mas então, eu não quero ofender, sei que deve ter alguma tarefa pra mim, mas o negócio é o seguinte – eu continuava sem-graça em continuar, paro um segundo, respiro fundo e continuo – eu acabei de voltar de uma missão que durou meses estando na Romênia, acabei de recuperar a minha perna, tenho agora um monstro de 2 metros pra cuidar, até agora não consegui voltar para meu chalé e se percebeu nem vestido apropriadamente estou – digo mostrando meu corpo, eu ainda estava apenas com a calça de Fenris que estava folgada em mim – então com todo respeito senhor, não pode escolher outro campista pra seja lá o que o senhor quer? Têm tantos outros mais bem preparados e aptos.

O deus para e se vira pra mim, faço o mesmo com certo receio de que ele estivesse com raiva e que rogasse uma maldição em mim, mas eu estava exausto, ainda não estava mentalmente nem fisicamente recuperado da luta contra os dragonetes, muito menos pronto pra sair novamente.

- Jake, antes de recusar algo de um deus ouça o que eles têm a dizer, ou pode sofrer punições severas – ele continuava impassível, a presença dele cresceu um pouco mais fazendo com que meu peito doesse um pouco.

- Me desculpe – digo curvando a cabeça.

- Eu sou Chronos, o deus do tempo – se apresentou ele voltando a andar naturalmente da mesma forma apressada de antes – e não escolhi você, seu pai lhe indicou.

Sinto um nervosismo repentino, eu estava perante um dos deuses mais antigos existentes, além de descobrir que meu pai realmente sabia de minha existência, não apenas isso como recomendava meus serviços para outros deuses, não sei dizer se isso é bom ou ruim, o lado positivo é que ele aparenta estar orgulhoso, o negativo é que agora tenho mais chances de morrer em missões.

- No que lhe posso ser útil, senhor? – eu ainda não estava realmente disposto a ajudar, mas temia o que poderia acontecer caso não o fizesse.

- Houve uma brecha no espaço-tempo há pouco tempo, preciso que vá até o tempo que a pessoa foi e a impeça de fazer seja lá o que for

Diversas questões apareceram em minha mente, mas a que mais me incomodava e que escapou antes que eu pudesse pensar que talvez não fosse uma boa idéia foi:

- E por que o senhor não vai? – me arrependo assim que falo, eu realmente estava cansado mentalmente e isso acabaria fazendo com que eu me matasse.

- Pois minha presença seria sentida por outros deuses e isso por si só já pode causar mudanças desnecessárias, preciso que tenha o mínimo de impacto possível, de resto cuidarei pra que tudo ocorra como o esperado.

Paro e penso um pouco sobre o que ele está me pedindo, parecia lógico tudo aquilo, afinal a presença dele realmente era forte, mas embora uma viagem no tempo me pareça excitante eu sei bem que tipo de surpresas as missões que os deuses oferecem aguardam.

- Está bem – falo suspirando, não adiantaria recusar, eu não tinha escolha – posso pelo menos descansar um pouco antes de partir em uma viagem para um tempo desconhecido?

Pela primeira vez ele sorri, foi uma coisa pequena e quase imperceptível, se ele fosse humano eu poderia até ter achado que isso tinha sido apenas um reflexo ou um tique facial, mas por ser um deus ele era livre deste tipo de coisa.

- Não há necessidade disso – ele fala soltando sua bengala, esta começa a se esticar e aumentar até ficar com quase dois metros de altura, ela não era mais uma bengala e sim um cajado, o que era madeira havia se tornado ouro e uma ampulheta adornava a ponta, volto a olhar para Chronos quando percebo que ele mudou de forma, ele agora parecia um homem de uns 35 anos, cabelos pretos e olhos inteiramente brancos.

Ele toca a ampulheta de seu cajado em mim e de repente meu corpo se enche de vigor, sinto como se eu tivesse acabado de acordar cheio de energia pra gastar, todo meu entorpecimento mental também havia passado. Olho para meu corpo e vejo que minhas roupas mudaram também, eu agora estou com uma calça jeans do meu tamanho, sua barra está dobrada mas a altura está exatamente onde deveria estar, uma camiseta branca e uma jaqueta de couro preta, passo as mãos no cabelo e sinto que eles estão perfeitamente penteados para trás e um topete se sobressai na parte da frente.

- Eu vou estar atrás do que exatamente? – pergunto animado, estar descansado fez com que eu visse toda a idéia de voltar no tempo com outros olhos.

-Richard Wyatt, um filho de Poseidon do milênio passado, eu ainda tenho que descobrir como ele está vivo e como fez a viagem, mas o seu objetivo é o de impedir que ele mude a história. Ele roubou um artefato do passado e não posso permitir isso, você será mandado exatamente para o momento em que ele chegou lá, vá para o Texas e o impeça de roubar o amuleto de Skyrdr, este artefato só deve ser descoberto três semanas atrás e não por ele.

- O que isso faz?

- Não vem ao caso – ele diz com um olhar duro – mas não posso permitir o tempo correr até você retornar, ou a mudança do tempo chegará aqui e essa linha temporal ficaria difícil demais de se concertar.

- Como te encontrarei quando terminar?

- Eu sou um deus, faça uma oferenda e uma oração que te ouvirei – ele diz como se fosse a coisa mais óbvia do mundo, o que até certo ponto é, mas ele falou que não estaria lá, no final eu só estava ficando confuso e deixei pra lá, não valia a pena ficar discutindo – não revele de onde veio e não me decepcione.

Chronos bate com seu cajado no chão mais uma vez e um círculo estranho brilha ao meu redor e então tudo muda, tomo um susto ao voltar a ouvir sons, eram os barulhos típicos de uma cidade, o vento volta a soprar e percebo o quanto ele fez falta, além de não ter percebido que enquanto o tempo estava parado eu não respirava.

Eu me encontrava em um beco, olhando pra cima vejo varais presos entre os prédios com roupas do século passado, caçambas de lixo estão espalhadas e alguns gatos me olham com curiosidade, acho que eles não estão acostumados com pessoas aparecendo do nada.

Saio do beco e vou andando pelas ruas, era totalmente diferente das cidades em que eu estive, os carros eram antigos, daqueles que só vemos em filmes realmente antigos, as pessoas eram bem mais simpáticas, conversando umas com as outras, não sei exatamente onde estou até olhar pra cima e ver o Empire State Building, me pergunto se os deuses já estão morando em Nova York ou se estão preparando as mudanças ainda.

Vejo que meus anéis, meu relógio e colar que eram meus equipamentos estão todos comigo, sorrio aliviado pelo deus não ter me mandado desprotegido para um mundo desconhecido, pego um jornal em uma banca de jornal e lá diz que estou em 5 de setembro de 1967.

O ambiente todo era alegre, a felicidade que emanava no ar contagiava, sigo meio sem rumo sorridente, respondendo aos “bom dia” que recebo a cada 3 passos que dou, quase que penso em ficar por aqui mesmo, era uma atmosfera mais leve, mas então lembro do porque estou aqui, ficar em outro tempo te tira um pouco o foco, mas não tinha tanto tempo assim pra perder.

Estava perto de chegar às torres gêmeas (que por sinal eram um pouco mais impressionantes do que eu imaginava) quando ouço uma explosão, vejo várias pessoas fugindo do local e como todo bom semideus eu vou contra a multidão para ver se podia ajudar de alguma forma. Ao chegar vejo que o que explodiu era um restaurante, cujo nome eu não consegui ver pelo letreiro estar pela metade pendurado e em chamas, isso descontando o fato de eu estar entrando no meio das chamas pra ver se alguém estava preso lá dentro ainda.

- Alguém por aqui? – grito quando entro com um pequeno tornado ao meu redor para impedir que eu me queimasse (me certifiquei dele ter o mínimo de oxigênio possível para evitar que o fogo se espalhasse ainda mais, vejo que pela quantidade baixa de oxigênio o fogo começa a se apagar, agradeço mentalmente ao meu pai pelos pulmões que podiam respirar em ar rarefeito.

A fumaça era densa me impedindo que eu visse o que havia a frente, mas pelo o que me parecia tudo estava vazia a não ser por alguns barulhos de luta mais ao fundo, algo estava acontecendo e eu sentia que tinha que ajudar. Vou me aproximando fazendo com que o vento que em rodeava impedisse que a fumaça me chegasse a meus pulmões ou olhos.

Ao chegar no que eu acredito que fosse a cozinha vejo um garoto lutando contra um leão alado que tinha cabeça de homem e uma cauda que se assemelhava a de um escorpião e atirava incessantemente espinhos em um garoto com uma armadura grega completa que pulava de um lado para o outro com uma adaga de prata nas mãos. Vejo que alguns dos espinhos vão acertar o garoto em cheio, por isso ordeno que os ventos que antes me protegiam vão e tirem os espinhos de seu curso, o garoto ainda estava muito ocupado se esquivando em sua alta velocidade (que era admirável por sinal) dos outros espinhos que vinham para notar a minha presença, pois embora fossem acertar ele, aqueles espinhos específicos eram nada comparada a quantidade de outros que o atacavam incessantemente. Vou correndo até ele em alta velocidade e me jogo sobre ele tirando-o do caminho dos incontáveis espinhos que estavam chegando.

- Você está bem? – pergunto olhando pro monstro que parece que só agora notou a minha presença também, pelo visto ambos estavam muito concentrados um no outro pra notar qualquer coisa que não fosse um ao outro.

- Quem raios é você? – pergunta o garoto em um tom que eu podia jurar que era raiva (?) eu realmente não entendia essas pessoas desse século.

- Sou o cara que te ajudou, agora que tal parar de reclamar e me dar uma mão pra matar esse ai? – digo meio estressado notando que o monstro parecia estar se recuperando da surpresa de ter aparecido mais um alvo pra ele e começar a se preparar pra voltar seu ataque.

- Pera, você consegue ver ele? – sinto pelo tom de voz dele que ele parecia mais animado, acho que ele imaginou que eu era um mortal qualquer – ótimo, se tiver uma arma ataca pela esquerda que eu vou pelo outro lado, se não tiver só tenta não ser morto – ele falou essa ultima parte em um desprezo claro, dou graça aos deuses por estar com meus equipamentos.

O monstro finalmente volta a atacar, tanto eu como ele pulamos cada um para um lado escapando do ataque do monstro, pelo menos ele escapou, quando olho pra minha perna vejo uma meia dúzia de espinhos cravados lá, sinto uma tonteada, mas não paro principalmente porque eu fui o alvo escolhido pelos próximos ataques do monstro e vejo que mais agulhas vinham em minha direção, quase não tenho chance de invocar Asími de meu relógio antes de virar um porco-espinho.

Sinto que os ataques pararam de acertar Asími, olho por cima do escudo e vejo que o outro semideus se aproximou do leão e tentava cortar-lhe as asas de morcego, este quase conseguiu, mas acabou por tomar uma rabada na barriga e voou na parede, invoco a espada que ganhei de herança de meu pai de um de meus anéis e pulo pra cima do monstro, este tenta me cortar com suas garras, mas dou um pulo no meio do ar indo ainda mais alto, fora do curso do ataque que estava destinado ao meu peito. Consigo cortar as suas costas e cair do outro lado, sua face humana me encara com raiva, mas no final o ataque nem havia sido realmente efetivo, serviu só pra irritá-lo. Minha espada está diferente, ela aparenta ser apenas uma espada comum, seu formato de raio havia desaparecido, Chronos deve estar por trás disso.

Pelo canto de olho vejo que o outro semideus estava se levantando ainda e ele parecia ainda atordoado com o golpe que havia levado e até que ele estivesse pronto pro segundo round eu precisaria manter o monstro ocupado.

- Ei, grandão – digo pra chamar a atenção da criatura – que tipo de doente seu pai era? E sua mãe era o escorpião ou o morcego?

Não sei dizer exatamente se ele havia entendido, mas seus ataques pareciam ter ficado mais ferozes e velozes, meu escudo e meus reflexos trabalhavam a todo o vapor para esquivar dos ataques, muitas vezes eu era acertado por um dos espinhos e ficava meio tonto, mas em pouco tempo tudo voltava ao normal, provavelmente tinha um entorpecente ou algo assim naquelas agulhas.

Ouço um urro e vejo que o meu parceiro havia não só levantado como fincado a sua adaga nas asas do monstro fazendo com que este caísse no chão com um baque forte. O garoto aterrissa com leveza no chão, quase como se fosse um gato, ele sorri de uma forma maliciosa familiar e na hora sei de quem ele é filho, um dos poucos deuses que conheci pessoalmente.

O monstro se levanta rodando e me acerta enquanto eu estava distraído encarando o semideus, escorrego na parede quando vejo que os outros dois voltam a se combater, o garoto é muito rápido e agora eu sei por quê. Por estar bem próximo à criatura o garoto impediu que este usasse seus espinhos, por isso o leão tentava acertá-lo com a cauda ou com as garras, mas era bloqueado pela arma do garoto ou simplesmente desviado por seu corpo ágil.

Volto meu escudo para sua forma de relógio e avanço pelas costas do monstro que se concentrava em acertar o outro semideus e usando ambas as mãos eu uso a espada pra cortar sua perna traseira, não tive a sorte de ela se desprender do corpo, mas o ataque havia sido profundo... Profundo o suficiente pra ter atingido um músculo e o cortado fora, ou talvez tenha sido um tendão, mas o resultado foi sido que ele não conseguiu mais manter o peso de seu corpo que era destinado a aquela pata, fazendo com que o monstro desmoronasse, principalmente por ele não ter visto essa chegando.

Ele tentou me acertar com seu rabo novamente, mas o outro avança e corta um talho em seu focinho, ficamos nessa brincadeira por certo tempo, que quando ele atacava um o outro revidava e vice e versa, ele a cada ataque a criatura ficava mais lenta cansada, até o momento em que ela simplesmente desistiu de lutar, suas tentativas de ataque pararam, mas sua respiração continuava vindo pesadamente , apenas esperava pelo golpe de misericórdia, não tinha a opção nem de levar algum com ele.

Faço um sinal para que o outro garoto pare de atacar, a criatura me olha furiosa e sem forças vejo claramente que se ela tivesse forças arrancaria minha garganta com aqueles dentes, mesmo eles sendo humanos.

- Volte para onde você não deveria ter saído – eu digo abaixando a espada em sua cabeça, ela voltou a se debater um pouco enquanto espumava pela boca, até que tudo cessa e ele para de se mover, seu olhar fica vago e seu peito leonino para de subir e descer, ele ainda me encara quando seu corpo começa a se desfazer em areia.

- Vamos, temos que sair daqui – disse o garoto colocando a mão em meu ombro, eu me assusto por não ter percebido que o monstro já havia sumido e eu estava perdido em pensamentos, o passado me distraia demais, deve ser algo em relação ao fluxo temporal ou algo assim.

Eu e o garoto saímos correndo pela porta dos fundos que por pouco não abre, ouço as sirenes dos policiais e dos bombeiros, não seria nem um pouco bom ser pego no local de uma explosão, nós tínhamos que sair dali. Felizmente o beco tinha uma saída que dava para a rua de trás e eu não ouvia sirenes daquele lado, saio em disparada naquela direção avisando o garoto para que me seguisse.

Em poucos segundos estávamos rindo andando por umas ruas que eu desconhecia, não conversamos desde que tínhamos saído da batalha, somos parceiros de crime e nem sabemos o nome um do outro.

- Obrigado lá atrás – digo me jogando no banco da praça que estávamos passando, eu estava bem cansado, aquela luta havia tirado bastante das minhas energias.

- Você está agradecendo? Se não fosse você eu estaria ferrado – ele disse rindo enquanto desabava ao meu lado.

- Só não roubar minha carteira que estamos bem.

- Não entendi – ele disse meio rindo meio confuso.

- Eu conheci pessoalmente seu pai e inclusive ganhei dele em uma partida de basquete, então, pense novamente – eu disse encarando os olhos do garoto, enquanto um sorriso muito parecido com o de meu namorado se abre em seus lábios, era obvio o parentesco deles.

- Prazer, Harry – ele diz estendendo a mão.

Eu olho por alguns segundos pra mão dele, poderia parecer que meu problema era apertar a mão dele, mas na realidade eu não sabia que nome dar, dependendo essa informação poderia criar um grande problema no futuro, por isso falo o primeiro nome que me vem na cabeça que não era o meu.

- Prazer, Erick – falo apertando a mão dele percebendo que falei o nome de meu pai.

- Legal, agora Erick, me fale, quem raios é você?

- Um semideus – digo dando de ombros, como se isso ainda não tivesse ficado claro – o que fazia por aqui?

- Estava almoçando quando o cozinheiro decidiu fazer o mesmo, infelizmente almoço de manticore é a nossa raça – ele diz olhando pra cima rindo um pouco como se tivesse lembrando de uma piada antiga – e você faz por aqui?

- Estava passando e ouvi a explosão – olho pra minha perna e vejo que ainda tem alguns espinhos presos lá, me abaixo e começo a tirá-los.

- Zeus do céu, mantícoras são altamente venenosas, você é filho de quem pra ainda estar vivo?

Por incrível que pareça eu não sei de nada de meu pai que explique o motivo para eu conseguir me livrar do veneno do monstro, dou de ombros e continuo retirando as agulhas.

- Meu pai não tem nada a ver com isso.

Ele me encara por algum tempo e parece ter chego a conclusão de que eu não soltaria as minhas informações facilmente, mas no final ele fica quieto, apenas se levanta e fala:

- Enfim, obrigado, nos vemos por ai.

- Espera – digo segurando em seu braço – tem como você me levar pra um lugar?

- Depende de onde quer ir, tenho coisas a fazer.

- Para o acampamento, tenho uma missão e acho que preciso de ajuda.

Os ombros do garoto caem um pouco e após um longo suspiro ele fala:

- Está bem, pretendia ir pra lá só no próximo verão, mas vamos, te devo isso depois de você salvar a minha vida.




O taxi das irmãs cinzentas nos deixa no pé da colina, embora eu consiga ver que claramente é o mesmo lugar as diferenças são imensas, a principal é a falta da Atena Paternos no futuro ela não só enfeitará a colina como se tornará a primeira linha de defesa do acampamento, isso é, desde que os 7 da profecia a resgataram de Roma, mas antes dela o que nos protegia era o pinheiro de Thalia, uma caçadora de Ártemis e minha irmã, o que me deixava uma questão:

- O que protege vocês? – pergunto pra Harry

Ele estava um pouco pra frente e olha pra trás com aquele típico olhar que me dizia “tu é muito estranho, cara”.

- Nós mesmos – ele fala revirando os olhos.

- Mas, vocês não têm nenhuma coisa que impeça os monstros de chegar até vocês?

- Se não me engano acho que a colina gera uma barreira que faz isso, mas geralmente eles não sobrevivem o suficiente pra chegar tão perto – ele fala com um sorriso travesso, aquele garoto parecia não conseguir fazer outra coisa se não sorrir – mas porque, de onde você veio tem muitos ataques de monstros?

- Até tem, mas temos uma estátua que nos protege.

- Hmm, interessante – ele diz voltando sua atenção ao caminho que faltava.

Quando terminamos a subida eu vejo o acampamento como um todo, em geral é a mesma coisa, apenas com bem menos chalés e pelo verão ter terminado a quantidade de campistas está bem diminuída também, a pintura da Casa Grande está um pouco diferente, pelo menos essas foram as diferenças que eu notei nas estruturas, nas pessoas, além do fato de eu não reconhecer ninguém, o estilo de roupa que todos usam é no mínimo peculiar, fico quieto, pois não acho que qualquer pergunta sobre moda não vai me ajudar na missão.

Harry segue cumprimentando alguns semideuses e sátiros enquanto me guia pra Casa Grande, o cheiro de chá que é quase que impregnado nas paredes é o mesmo, o filho de Hermes entra sem muita cerimônia e começa gritar por Quíron.

- Ele não está aqui – diz um sátiro que está estirado no chão da varanda mastigando calmamente uma latinha de coca-cola.

- Onde ele foi? – Harry pergunta saindo da construção principal do acampamento.

- Se não me engano ele está no seu chalé, os seus irmãos espalharam por todo o acampamento os livros dos filhos de Atena, teve uma briga feia que começou a se espalhar aos outros chalés e Quíron teve que interferir antes que isso piorasse – ele continua se dirigindo à Harry.

Eu solto uma risada, conseguiria muito bem imaginar o Andy envolvido no meio disso tudo. Fomos correndo para o círculo de chalés, eu iria andando, mas Harry parecia animado pra chegar lá rápido.

- Quíron – o garoto grita assim que consegue ver o centauro ao longe.

- Harry, decidiu passar mais alguns dias conosco? – o coordenador fala simpaticamente quando estamos a uma distância que dê pra manter uma conversa que não seja à base de gritos.

- Nem, só vim trazer esse garoto – Harry responde me apontando com a cabeça.

- Oh, um semideus novo? – ele diz oferecendo a mão para mim, fora o fato deste Quíron ter menos cabelos grisalhos que o que eu conheço, ele realmente não mudou nada, achei que as duas guerras que ele vai ter que passar neste meio tempo teria mudado ele bem mais do que ter dado apenas alguns cabelos brancos.

- Não tão novo – Harry fala enquanto eu aperto a mão que foi a mim oferecida.

- Como assim? – Quiron pergunta a nos dois com aquele olhar de que já viu de tudo.

- Ele já sabe defender muito bem, inclusive me ajudou com um manticore hoje mais cedo.

- Interessante – o centauro começa a olhar pra mim com um olhar diferente, como se estivesse me analisando.

Eu não havia falado nada pensando no que eu iria falar, tinha que tomar cuidado com minhas palavras ou poderia acabar me contradizendo, isso se eu não me entregasse de vez.

- Quíron, preciso falar com você – digo arrumando a minha postura, mostrando que eu não estava com tempo a perder, dou uma olhada a todos os campistas que nos rodeavam, estava tão concentrado pensando no que eu deveria falar que nem percebi a grande quantidade de semideuses que estavam aqui, a maioria filhos de Hermes e Atena – a sós.

O coordenador olha pra mim de uma forma um pouco curiosa, mas acena com a cabeça e sinaliza para que eu o siga, os outros obviamente não fizeram o mesmo embora eu tenha visto uma expressão de contrariada no rosto de Harry, era lógico que ele queria participar da conversa.

- Estou em uma missão e preciso de ajuda – eu falo quando estamos a uma distância segura de ouvidos alheios.

- Uma missão? Pra quem? – o centauro pergunta olhando no fundo de meus olhos.

- Para meu acampamento – minto o encarando com a mesma intensidade que ele fazia, minha convivência com Andy mesmo que breve estava me ensinando algo.

Quíron olha de relance para o meu antebraço, todos nós do acampamento agora conhecemos sobre o Acampamento Júpiter, embora poucos tenham visitado lá, todos sabem sobre o básico de lá, como o fato de que todos têm tatuagens no braço onde estaria registrado seu pai e as letras SPQR, minha jaqueta esta cobrindo meu braço então ele não consegue ver se eu realmente estou falando a verdade, felizmente Chronos não havia enviado comigo meu colar de contas que mostra que eu sou um campista grego.

- Você não deveria estar aqui – ele fala sério – nunca deu certo quando nos juntamos.

- Eu sei, mas os deuses me mandaram pra cá, você sabe como a névoa é mais densa para ocultar-nos uns dos outros, eu ter conseguido chegar aqui já não é prova o suficiente? – eu blefo esperando que ele caísse na minha história.

- Está bem, do que você precisa? – ele diz após um longo momento de pausa.

- Uma equipe e uma forma segura de chegar até o Texas – falo rapidamente, não lembro de nada mais que eu precise.

- Certo, irão com vocês dois semideuses e os deixarei levar alguns pégasos, você é filho de quem? – ele pergunta mas com uma lógica suspeita.

- Pra quê precisa saber? – pergunto em um susto, essa era uma pergunta que eu deveria estar esperando, mas mesmo assim me pegou de surpresa.

- Para que eu envie uma equipe que supra as necessidades da missão, por exemplo, não seria muito eficiente enviar dois estrategistas que não se conhecem em uma missão juntos, teria muitas chances de ambos brigarem pela liderança, compreende? – ele usava aquele tom calmo e paciente que só ele sabia fazer.

Era óbvio que fazia sentido, eu até sabia isso, mas eu não posso falar de quem sou filho, neste ano que estamos Hades, Poseidon e meu pai já fizeram o tratado de não ter filhos e Thalia ainda não nasceu, então caso soubessem da minha existência eu mexeria com a historia de uma forma grande, afinal até a guerra os únicos filhos dos 3 grandes conhecidos foram Thalia, Percy e Jason, eu não poderia ser lembrado como o primeiro.

- Vênus – eu falo, por sorte eu consegui me segurar e não falar Afrodite, não podia usar um nome grego ou desconfiariam, são poucos os deuses que a aparência física com que eu me encaixo e Harry me viu lutar com uma espada, então filho de Apolo estava fora de questão.

- Afrodite – Quiron me corrige – enquanto estiver com gregos a chame de Afrodite, não posso permitir que eles saibam da existência do seu acampamento, agora venha, vou te apresentar para os seus companheiros – o coordenador parecia agitado e até certo ponto preocupado, afinal se os deuses decidiram que tinham que fazer uma missão com os dois acampamentos deveria ser algo grande.

A pequena multidão de campistas aumentou desde que saímos, a minha chegada não passou despercebida, tenho uma leve impressão de que Harry tem algo a ver com isso. Outra coisa que percebo aqui é a falta de animais mágicos, no futuro, diversos campistas aprenderam a domesticar criaturas, então é normal ver dragões, fênix e grifos voando pelos céus, neste eu só conseguia ver alguns pégasos pastando ao longe.

- Kyle e Declan – chamou o centauro em um brado, dois garotos se apressaram em ficar a frente da multidão – vocês dois acompanharão... – ele me olha com uma questão em seu olhar, então percebo que não havia me apresentado ao meio cavalo, estou tão acostumado a ele me conhecer.

- Erick – digo acenando para os outros, quase que me confundo e me apresento como Jake, preciso prestar mais atenção, felizmente eu não gaguejei ao falar meu nome.

- Erick, certo – ele repetiu enquanto voltava sua atenção para os outros dois – vocês acompanharão o Erick em uma missão até o Texas.

Ambos assentiram com a cabeça se virando para se prepararem pra sair, eles não demonstraram medo de sair do acampamento para ir em uma missão que nem lhes foi explicada o motivo, nem animação para ir em uma “aventura”, cheguei a conclusão de que estes deviam ser semideuses experientes, que sabiam se defender, mas também já lutaram o bastante pra saber que isso não é algo do que se alegrar.

- De quem vocês são filhos? – pergunto enquanto eles ainda conseguiam me ouvir.


- Eu sou filho de Apolo – disse o que tinha cabelos loiros, olhos castanhos, pele morena e uma voz angelical, eu poderia ter chego a aquela conclusão sozinho, mas precisava de certezas, não apenas suposições – e ele é filho de Ares - ele fala apontando pro garoto moreno que não havia parado de andar, sinto que ele estava me ignorando, típico filho de Ares, mal educado e se acha.

- Quíron, preciso de alguém que consiga lidar bem com animais e vegetações – não era literalmente verdade, mas pensando no que o coordenador havia falado antes, éramos três guerreiros, com exceção do filho de Apolo que dependendo poderia ser um curandeiro, mas eu não podia garantir isso, se aparecesse qualquer coisa que não fosse uma batalha iria fazer com que tenhamos uma grande dificuldade, eu havia falado que era filho de Afrodite então não poderia exigir alguém com facilidade de manipular as pessoas.

- Nossos filhos de Demeter experientes foram todos pra casa, os que estão aqui não estão preparados – disse o centauro de forma calma, como se isso fosse o fim da história, como eu pude claramente perceber, eles não davam tanto valor aos filhos dos que não eram olimpianos e eu não podia me fazer de diferente, eu estava ali pra chamar o menos de atenção possível.

- Quíron – alguém gritou no meio da multidão, era um garoto um pouco mais baixinho do que eu, cabelos cor de mel, olhos pretos e pele bronzeada, ele aparentava ter uns 14 anos – eu tenho as habilidades que ele precisa.

O centauro se vira e olha pro garoto que mantinha uma postura claramente forçada, percebo que ele treina, mas não o dão muitas oportunidades, me pergunto o porquê disso.

- É uma missão perigosa, Adam – Quíron fala com o mesmo tom com que alguém explica algo pra uma criança – você ainda não está pronto.

- Mas ele falou que precisa, e atualmente eu sou a melhor opção – ele me olha implorando com o olhar para que eu o ajudasse, quanto menos atenção eu quero chamar, mais eu atraio, eu estava meio perdido, por um lado eu posso estragar o disfarce e por outro eu posso acabar matando um garoto ou acabar morto por levar alguém inexperiente.

- Sim, eu preciso – digo decidindo não mexer com o tempo, eu não sabia que tipo de merda poderia acontecer caso eu fosse descoberto – se não for um problema – eu me viro pro centauro.

O centauro passa a mão nos cabelos em uma forma como quem que não está disposto a discutir.

- Está bem – ele acena para que um garoto grande e musculoso se aproximasse – Ralph, avise para o Declan de que ele não irá mais, não vai ser necessário dois curandeiros.

Espero ter feito a escolha certa, mas pelo visto o simpático filho de Apolo ficaria pra trás agora, eu teria que ficar com o inexperiente filho de sei lá quem e o ignorante filho de Ares.




Em pouco tempo estávamos eu, Kyle e Adam no estábulo, alguns filhos de Afrodite já haviam separado os melhores para nós, percebo que Quíron passou certa urgência para os campistas que estavam designados a me ajudar, sinto todos eles tensos e vejo uma clara agilidade não habitual em fazer as coisas. Dos pégasos eu pego um cinzento que me lembrou e muito ao Stormcloud, o pégaso que eu desabafava quando eu estava no futuro.

Em pouco tempo estávamos nos céus indo em direção ao Texas, finalmente eu estava nos céus de novo, muitas vezes nesse pequeno tempo em que estive no passado eu tive que me segurar pra não sair voando sozinho, era uma merda ter que ficar se escondendo o tempo todo.

- Você é filho de quem? – eu estava concentrado na minha prece para que meu pai nos desse uma viagem tranquila quando vejo que o cavalo de voando ao meu lado, ele lutava pra manter seu chapéu em sua cabeça.

- Afrodite – grito que ele me ouça através do vento – e você? Te vi no chalé 10, mas não parece filho de Hermes.

- Meu pai, Aristáios, não tem um chalé próprio – mesmo o vento estando forte eu consigo sentir o pesar dele por ter que dividir o chalé com tantos outros.

- Qual é a nossa missão? – o filho de Ares se aproxima questionando em um tom autoritário, ele realmente era bem irritante.

- Proteger um artefato – digo em um tom seco, odeio quando as pessoas acham que podem vir se achando pra cima de mim.

- De quem?

- Um filho de Poseidon, que nasceu no milênio passado.

Após mais algumas perguntas com muitas respostas sendo não sei eu decido que não quero mais ser questionado, por isso subo um pouco com meu pégaso mais alto do que o corpo humano possa aguentar, uso a minha aerocinese para que minha montaria tenha ar o suficiente pra respirar, precisava ficar um pouco sozinho.




Os cavalos precisavam descansar um pouco, eles estavam voando há horas e se não descêssemos eles morreriam assim que pousássemos. Desço até uma altura de onde sei que eles me ouvirão e grito:

- Vamos descer e descansar um pouco.

- Estamos tentando falar isso com você há meia hora, mas você não ouve nada e nossos cavalos não queriam subir – disse o filho de Ares mal-humorado.

- Os nossos cavalos estão precisando urgente descer – disse Adam em um tom bem mais brando, mas que tinha uma preocupação aparente, olho para as montarias e vejo que elas realmente estão em péssimas condições, é evidente a força que eles fazem para se manter no ar.

Guio meu cavalo para baixo esperando que eles me seguissem, o que eles fazem. Na descida eu tento entender o que aconteceu, até que percebo que eu fui o culpado, da mesma forma que eu levava oxigênio para minha montaria eu fiz com que ele sempre estivesse em uma corrente de ar a favor dele o que fazia com que ele tivesse que fazer bem menos esforço pra voar, me xingo mentalmente por não ter notado isso antes.

Chegando ao chão, todos desceram de seus cavalos, eu e Adam desabamos no chão assim que tocamos nossos pés em terra firme, mesmo com a sela, montar os pégasos durante todo esse tempo havia acabado com as nossas pernas, Kyle parecia acostumado com essa dor, me pergunto em quantas missões ele já havia saído e quantas era necessário para se acostumar.

Os cavalos também tombaram, pelo menos dois deles, o meu conseguiu deitar normalmente, mas os outros dois estavam estirados no chão e respirando pesadamente, é bem claro que as condições deles é precária.

- Eles não vão conseguir terminar a viagem, eles estão exaustos e vivos por pouco, se eu não fizer algo eles morrerão – o garoto fala pegando algumas plantas no chão, eu poderia jurar que aquelas ervas não estavam ali alguns segundos atrás.

O meu próprio cavalo não estava muito bem, pra mim a sensação era ótima e eu poderia voar pra sempre, mas pelo visto, mesmo tendo asas essa não era a mesma situação. Olhando pro meu pégaso precário lembro de meu amigo Stormcloud, no acampamento no futuro.

Sinto uma mão agarrar o meu ombro e me erguer, não entendo o que está acontecendo até algo me bater na bochecha e eu cair sentando segurando meu rosto em total surpresa. Kyle me encarava sério enquanto massageava os dedos que acabaram de ter um encontro bem violento com minha cara.

- What the hell? – pergunto indignado.

- Eu quero respostas… e agora – ele parece irritado – o que esse tal amuleto faz? De onde você veio? Quem ordenou essa missão e porque ela é tão importante que estamos sacrificando nossos melhores pégasos?

Eram muitas perguntas e grande parte eu não posso responder.

- Acredite – digo depois de testar meu maxilar e concluir que ele ainda funcionava – se eu fosse uma ameaça, Quíron não teria os mandado pra cá comigo.

- Quíron confia em todos, chegando a beirar o limiar da tolice – o olhar do garoto é duro e admito que assustador – agora responda as perguntas.

Sempre imaginei os filhos de Ares como soldados imbecis que atacavam qualquer coisa ao qual fossem mandados, mas pelo visto este pensava, eu não o culpava por suas ações, eu realmente era um pouco suspeito, apareci do nada, dou poucas informações e exijo demais.

- Vamos lá – faço uma pausa pensando um pouco no que eu iria falar a seguir – Kyle né? Então, a coisa é a seguinte, eu não sou o seu inimigo, mas eu tenho muitas informações que eu não posso revelar, lembra quando você não conhecia sobre sua origem divina e os monstros te ignoravam por você os ignorar também? – eu espero mais um pouco, afinal eu não posso falar coisas erradas, mas ainda acho que vá precisar do garoto, não podia simplesmente dispensá-lo – aqui é a mesma coisa, eu não posso te contar o que quer saber, só peço que confie em mim, eu mesmo não sei o que o artefato faz, apenas o nome.

O garoto me encara com uma cara de quem não acredita em uma palavra que eu falo, mas ele percebe que isso é o máximo que eu vou revelar.

- Você é meio durão pra um filho de Afrodite – ele diz me oferecendo a mão.

Fiquei tentado a simplesmente ignorá-lo e me levantar sozinho, mas eu já estava saindo do meu papel de filho de Afrodite demais, a linha temporal estava em perigo. Seguro na língua um comentário sobre ele ter certeza de que é um filho de Ares, ele pensava demais e não seria o primeiro filho de Atena no chalé 5 que eu teria visto, se bem que seria o primeiro da história, pelo amor de Zeus, essas linhas temporais me dão uma dor de cabeça enorme.

Adam, que inteligentemente ficou apenas vendo todo o conflito se aproxima limpando suas mãos em seus jeans surrados.

- Um dos cavalos não agüentou, estamos só com dois e nenhum deles está em condições de continuar, talvez depois de uma noite de sono eles estejam melhores – só quando ele falou isso que eu noto que já estamos no pôr-do-sol.

- Droga! Não temos tempo, pra perder, se os deixarmos eles voltarão para o acampamento quando estiverem melhor não é? – o filho de Aristaios assente com a cabeça freneticamente – então os deixaremos e vamos seguir em frente, não é justo com eles os forçar mais do que isso – me viro para Kyle – me desculpe pelas coisas terem que ser do jeito que estão sendo.

O garoto apenas revira os olhos e muda de assunto.

- Como vamos seguir? – ele continua, realmente ele era bem focado em suas missões – quando pousamos estávamos seguindo para aquela direção – ele diz apontando, eu nem tinha notado isso, esse garoto pensava bem mais do que eu imaginei que um filho de Ares fosse capaz, tenho que rever meus conceitos.

Eu pego a mochila com alguns mantimentos que o acampamento havia me fornecido e começo a seguir na direção que o garoto tinha apontado, espero só que ele estivesse certo e não só querendo se mostrar, mas toda a sua postura era a de alguém sério, ele apenas apóia a sua própria mochila nas costas e me segue, e por ultimo veio correndo Adam.




Depois de 20 minutos seguindo a rodovia que havíamos encontrado vemos uma placa que falava que estávamos entrando em Evansville, para mim isso não dizia nada, mas Adam de repente ficou super animado.

- Não acredito, graças aos deuses – ele parecia que tinha encontrado um bilhete premiado da loteria – me sigam pessoal, tenho uma idéia de como faremos pra continuar, pelo menos por uma parte.

O garoto nem esperou uma resposta e saiu correndo na frente não deixando para nós outra escolha que não segui-lo. Era difícil ter que resistir a tentação e me manter no chão, a cada momento eu tinha vontade de sair voando, a minha sensação era a de que eu estava sendo obrigado a ficar sem piscar os olhos por muito tempo, mas a alegria do garoto era contagiante, então minha irritação de não poder voar logo foi substituída por uma animação grande, até o filho de Ares estava sorrindo.

Estávamos os três ofegantes quando finalmente chegamos no nosso destino, um rio. Sinto uma certa frustração por todo aquele escândalo do garoto ser só por causa de um fucking rio.

O garoto mexe em sua bolsa e pega um pequeno quadrado marrom, por estar escuro não consigo dizer qual o material do objeto, nem o que ele é exatamente, Adam o parte na metade e depois novamente, ficando com apenas um quarto dele nas mãos enquanto guardava o resto.

- Ei, alguém ai pra me atender – o garoto grita pro rio, eu estava com a leve impressão de que ele estava perdendo a sanidade, até que em pouco tempo uma mulher que tinha o corpo inteiro feito de água aparece com uma cara entediada;

- O que você quer? – ela pergunta de forma direta e sem demonstrar nenhum interesse.

- Boa noite – Adam mantinha um sorriso gigantesco no rosto enquanto eu e Kyle apenas observávamos – meu nome é Adam Dalton, filho de Aristaios e...

De repente algo se remexe dentro de mim, eu não podia acreditar que o sobrenome dele é Dalton, de repente o nome dele me pareceu muito familiar, algumas engrenagens começam a girar em minha cabeça e eu só encaro o garoto com a boca aberta, mas eu não pretendia interrompe-lo.

- Não me interessa quem você é – a mulher o interrompeu rapidamente – só me fale o que quer pra eu recusar logo.

- Eu quero nogociar – o garoto fala ainda sorrindo, como se a mulher estivesse sendo um doce de pessoa com ele – quero que me arrume uma forma segura de chegar no Mississipi.

- Não – ela se vira e volta a andar em direção ao rio.

- Achei que por ser uma potâmide você iria querer isso – o garoto estende a mão mostrando o pequeno quadrado.

O espírito se vira e encara a mão do garoto e seu rosto vai se abrindo em um sorriso, ela se aproxima totalmente carinhosa e simpática.

- Mas é lógico que posso te dar uma viagem segura – ela estende a mão – desde que me pague adiantado.

- Você não acha que iremos nadando não é? – Adam pergunta escondendo o objeto em suas costas – arrume nossa carona primeiro e te darei quando estivermos indo, dólares de areia não podem ser dados assim sem garantia.

O sorriso do garoto era simpático, mas seus olhos eram inteligentes, sinto um alívio por ele ter vindo embora ainda tenha uma coisa me incomodando em relação a ele, sobre o nome mais especificamente.

- Fine – ela fala com mal humor, ela acena com a mão e três seres do tamanho de cavalos aparecem, eram hipocampos.

- Se chegarmos em segurança te dou mais um – Adam fala arrancando mais um sorriso do espírito dos rios.

Nos aproximamos e subimos nos cavalos aquáticos, mas antes de subir no dele o filho de Aristaios entrega o dólar de areia pra Náiade que se desfaz em água assim que o recebe. Os cavalos saem deslizando suave e rapidamente pela água. Adam parecia orgulhoso de si mesmo, seu sorriso parecia ainda maior (se é que isso é possível) por ter conseguido mostrar do que era capaz.

Embora fosse mais suave montar nos cavalos aquáticos do que os aéreos, por não ter trancos contínuos devido o bater das asas, eu ainda preferia os pégasos, andar pelos reinos de meu tio não era muito agradável (e nem muito seguro).

- Onde conseguiu esse tal dólar de areia? Parece ser valioso – eu digo curioso depois de bastante tempo, o garoto me parece mais interessante agora, queria saber o máximo que desse sobre ele.

- Eu ganhei em uma aposta com um sátiro, ele não é um dos mais honestos então não consigo dizer a procedência dele, mas eu tenho 99% de certeza de que não era dele – ele me da uma piscadela, mas interrompe a minha próxima pergunta, ele estava com um olhar determinado no rosto, percebo então que estávamos chegando no final do rio Ohio e estávamos prestes a passar para o Mississipi, a Náiade está sentada à beira da água esperando a nossa chegada.

- Prontinho – ela diz sorridente – sãos e salvos na fronteira para o Mississipi, agora só falta o resto da minha parte, cadê o outro dólar?

- Te entregarei a minha parte do combinado – disse o garoto retirando de sua mochila o lenço onde estava enrolado seu dólar – mas ficaremos com os hipocampos.

Tudo ocorreu muito rápido, Adam retira o quadrado idêntico ao primeiro que ele havia entregado, mantendo o maior consigo, vejo os olhos da potâmide brilhar quando vê as mãos do garoto e noto o que vai acontecer um milésimo de segundo antes de realmente ocorrer, tento gritar mas minha voz sai tarde demais, uma enxurrada de água cobre o garoto antes de qualquer coisa que eu ou Kyle pudéssemos ter feito, nós dois nos armamos preparando para o ataque quando a água se volta para o lago, revelando apenas o garoto de 14 anos ensopado e com os olhos arregalados de surpresa e um pouco de medo.

- Não precisam se mostrar hostis, ele apenas pediu algo que não estava no combinado e eu peguei um bônus por isso – o espírito da natureza fala como se estivesse falando com crianças enquanto balança o pano com os pedaços de dólares de areia.

- Me devolve, isso é meu – o garoto grita, sua voz sai mais esganiçada que o normal e sua aparência de ratinho molhado não ajudava em muita coisa no quesito intimidação.

- Não jovem servo de Pã, esses são seus – ela disse apontando pros hipocampos, após isso ela se desfaz em água e o rio fica silencioso.

Adam dá um grito de frustração e se segura pra não dar um soco no que estivesse mais próximo que era o cavalo aquático, volto minha espada para meu anel e vejo o filho de Ares embainhar sua espada também.

- Calma, nós vamos conseguir continuar – tento acalmar o garoto que estava se xingando como se tudo tivesse sido culpa dele - eu sei que era valioso o negócio, mas pelo menos estamos bem.

- Você não entendeu – ele grita comigo, algumas gotas de água escorrem de seus olhos e essas eu não acho que sejam do rio – agora não temos uma passagem segura pelo Mississipi, agora por minha culpa nós teremos que passar por um dos rios mais perigosos sem proteção.

- Do que você ta falando garoto? – só quando Kyle fala que eu percebo que ele estava quieto este tempo todo, mesmo tendo conversado um pouco (e sido ameaçado uma vez) por ele, eu ainda não estava acostumado com a voz dele, eu geralmente conversava um pouco com o outro, mas essa viagem estava sendo relativamente quieta – eu estou esperando a ação desde que saímos do acampamento, estou quase achando que não estão precisando de mim por aqui, finalmente terei uma chance de mexer o esqueleto um pouco e proteger vocês dois.

Eu olho pro garoto com desconfiança, embora o que ele fala meio que possa se encaixar com sua personalidade, em alguma parte de mim eu sinto que ele não esta sendo totalmente honesto e que o que ele realmente quer é confortar o garoto. Adam assente ainda meio tristonho, mas faz com que seu hipocampo ande em direção ao novo rio sendo seguido por mim e Kyle.

Conforme continuávamos nosso caminho eu notava que embora inexperiente em missões, eu não me arrependia nem um pouco de ter trazido o garoto, seu sorriso era confortante e ele realmente era útil, fora que eu tinha que tirar uma dúvida que havia brotado em minha cabeça desde a conversa dele com a Náiade.

- Você é da onde? – pergunto aproximando do garoto com meu cavalo, eu ainda tinha curiosidades sobre ele.

- Dallas – o garoto fala sorrindo um pouco, seu comportamento revela que ele não vai pra casa faz um bom tempo.

- Que legal, estamos indo pra tão perto da sua casa, vai querer dar uma escapada?

- Não tenho uma casa – ele fala com seu tom triste – fugi de lá quando fui pro acampamento, meu padrasto não gosta muito de mim.

- Mas agora você tem força, você consegue se defender dele caso ele tente algo – digo deduzindo que o cara batia nele.

- Não é assim, ele cuida bem de minha mãe, ama ela, o Peter só tem ciúmes por ela aturar todas as coisas que eu fazia, não eram culpa minha, mas todas as evidencias apontavam que sim, ele se revoltava, mas minha mãe sempre manteu a minha origem divina um segredo dele – ele me contava a sua história apoiado no hipocampo, quase que o abraçando, era óbvio que aquela conversa não era confortável pra ele, mas parecia que ele queria desabafar, pois não parava – então um dia eu os ouvi brigando, Peter estava falando que iria embora, então peguei minhas coisas e fugi pro acampamento que minha mãe tinha me falado alguns anos antes.

- Você foi do Texas pra Nova York sozinho? – pergunto surpreso, geralmente a viagem pra lá era perigosa as hell.

- Não, eu quase morri pra uns monstros que hoje eu nem me lembro quais eram, mas alguns animais e insetos me salvaram, eu os segui e eles me levaram pra casa de um sátiro que me ajudou – ele da uma risadinha – ele tinha se vestido as pressas e estava tão surpreso com minha chegada quanto eu com suas patas de bode a mostra, ficamos gritando e fazendo perguntas pro outro até que nos entendemos – ele suspira – nos tornamos grandes amigos e ele que me treina desde então, essa missão é pra eu mostrar pra ele que valeu a pena o esforço dele.

Eu sorrio, a história dele era incrível, ele havia se arriscado só pra ver sua mãe bem, conheço poucos que fariam isso.

- Mas não acha que está na hora de visitar sua mãe? – pergunto um pouco hesitante.

- Não, quando eu sai foi de vez, não vou voltar mais pra lá, ela vai ser mais feliz sem mim, fiz uma promessa pra mim mesmo de não voltar, ela imploraria pra eu ficar e eu iria querer obedecê-la – era quase palpável a sua dor, ele sentia falta de sua mãe, mas era a escolha dele – e você é da onde? – ele pergunta em sua vontade de mudar de assunto.

- Londres – respondo, fazia tempo que não falava de meu pais natal.

- Sério? Sempre tive vontade de ir pra lá – os olhos dele brilham – eu até iria, mas sou pequeno e sempre me falaram que a Europa é perigosa pros semideuses.

- Ela é, mas você tem chances, você vai ser forte pra se defender, eu era de lá e sou de Afrodite – eu sei que na verdade eu estava mentindo, mas eu tinha que fazer ele ir pra lá, eu sabia que meu avô Adam tinha vindo dos Estados Unidos, mas nunca imaginei que pudesse encontrá-lo de verdade, ele havia morrido antes que eu tivesse consciência de o conhecer, mas eu já tinha ouvido parte das histórias da minha família de como ele conheceu a vovó Elisa em um passeio ao Big Bang – Adam, quando tiver seu passaporte e for de maior, vá pra Inglaterra, quem sabes nos encontremos por lá.

- Obrigado Erick, todos falam que eu não conseguiria – ele sorri daquela forma reconfortante – obrigado por confiar em mim.

- Pro que precisar – digo e me afasto um pouco, tinha que processar um pouco todas aquelas informações.




Estava tirando uma soneca nas costas do hipocampo quando sou acordado por uma movimentação na água, vejo que os outros dois também estavam capotados, embora sem lutas o dia havia sido cansativo (e eu havia lutado), mas todos estavam olhando para o lado procurando a fonte de tal movimentação.

Não noto como acontece, mas a água explode embaixo de nós, todos voamos e caímos rolando em terra seca, olho pros hipocampos todos estão se debatendo como loucos, pareciam peixes fora d’água (sim, trocadilho sacana). Penso em ajudá-los quando sou acertado por algo pelo lado, eu fiquei mais preocupado com os hipocampos do que com o que havia saído da água, depois de ter rolado de novo pelo chão eu me levanto com o lado de meu corpo doendo e vejo um monstro de 7 cabeças de uns 6 metros de altura nos encarando, suspeito que ela seja ainda maior por baixo do rio.

- Qual o nome desse? – pergunto pros outros dois.

- É a hidra, não corte as cabeças – Kyle fala antes que eu avance e faça exatamente isso, eu já havia ouvido as histórias da hidra, só não tinha fogo pra queimar aquelas cabeças quando cortasse uma.

As cabeças avançaram, eu mal tenho tempo de pular pro lado antes de ser acertado por uma, mas então vem uma segunda e me acerta. Ela era mais rápida do que eu tinha imaginado. Invoco minha espada e a uso ela verticalmente pra me defender, a cabeça passa pelo fio da arma e se divide pelos dois lados sem me ferir.

Dou um pulo pra trás me afastando, Adam estava sendo pressionado por uma das cabeças que envolvia o corpo dele, uma expressão de dor passa pelo rosto dele, Kyle estava se virando bem, ele dançava entre as cabeças sem ser acertado, mas evitava usar sua espada, dois dos hipocampos estavam ensangüentados por terem sido atacados, não estávamos bem.

A cabeça que havia se cortado com minha espada estava se regenerando, cada uma das metades começava a se tornar uma inteira, seu sangue caia no chão e a grama ao redor morria, era exatamente o que precisávamos, sangue venenoso.

As cabeças voltaram a me atacar, agora eram 4, eu estava com muita dificuldade por não poder voar, uma veio em minha direção e eu pulo, outra vem me pegar em meio ao ar, eu me impulsiono nos ares o suficiente pra alcançar a cabeça que me atacou antes e dela eu pego um impulso pra me afastar do outro ataque, caio em um rolamento por baixo da cabeça numero dois, uma terceira vem de cima pra baixo, me jogo com tudo pro lado saindo do curso do ataque, mas a primeira e a quarta vem juntas, consigo me desviar de uma mas a outra me joga pra longe mas não sem antes ter me arranhado com seus dentes.

Uma dor excruciante corre pelo meu corpo, era como se meus órgãos quisessem pular pra fora de meu corpo, ouço o grito de dor de Adam e o de raiva de Kyle, minha visão está turva pela dor mas eu ainda estou consciente, meu corpo dói muito, mas sinto que ele está melhorando, sou acertado novamente pela cabeça, mas dessa vez ela me atinge como se fosse um taco de beisebol enorme.

A dor aos poucos é mais externa do que interna, o veneno parece estar perdendo seu efeito, a dor que continua é a das batidas (que não são fracas). Olhando para os outros dois vejo que meu avô está quase desmaiado pelo aperto da morte do monstro de 8 cabeças, uma das cabeças está se aproximando aos poucos como se quisesse abocanhá-lo, Kyle está caído e uma das cabeças está batendo nele repetidas vezes de cima para baixo como se quisesse fixá-lo no chão, o garoto tinha perdido a paciência pelo visto pois eu podia ver diversas cabeças no chão e alguns pescoços no qual cresciam duas cabeças em cada.

Perco a paciência, era claro que eu não poderia me revelar como do futuro, mas eu precisava da totalidade de meus poderes ou eles morreriam, principalmente o meu avô, ele não podia morrer, eu não permitiria.

Sinto a eletricidade correndo por meu corpo e equipamento, era hora de acabar com esse monstro, sinto o clima e faço com que ele se modifique, posso sentir o dia enegrecendo e a água começar a descer dos céus, isso em questão de segundos, minha espada já não estava em minhas mãos, Chrysós se mostrava graciosa e imponentemente, pronta pra matar enquanto em meu outro braço Asími também está a postos.

Eu eletrocuto meu escudo e voando alinho a cabeça que está batendo em Kyle e a que está segurando Adam, assim que fico em posição eu lanço o escudo com força, uso a minha aerocinese para criar uma corrente de ar pra guiar e fazer com que ele fosse mais rápido, acabou que a velocidade dele foi muito além do que eu esperei, mal consegui ver, mas eu sentia, a eletricidade em meu escudo me permitia saber exatamente onde ele estava, Asími passa pelas cabeças como se elas nem estivessem ali, umas duas que não estavam nos planos acabaram por serem cortadas também.

Uso um pulso magnético combinado com a eletrocinese pra controlar meu escudo, faço ele voltar e cortar a cabeça que tentou comer Adam, ela tinha errado só porque ele não estava mais lá por eu ter cortado a cabeça que o segurava. O escudo ia cortando todas as cabeças que tentava acertar um dos dois.

A chuva caia pesadamente e eu me desviava das diversas cabeças que decidiram em fazer de alvo, eram muitas, eu não conseguia nem contar mais, mas a minha velocidade e agilidade nos ares não era páreo pra elas, eu usava o dano flamejante de minha lança pra cauterizar os cortes das cabeças, como dizia nas lendas as cabeças não nasciam nesses cortes, mas como meu escudo continuava a cortar elas continuavam a vir, infelizmente os outros dois não estavam em condições de se defenderem por si mesmos e eu precisava protege-los.

Uso meus poderes magnéticos e de controle elétrico para fazer meu escudo voltar pro meu braço e sinto o clima de novo, faço com que todas as nuvens sumam e com que o sol raie forte, uso a aerocinese e com uma forte lufada de vento afasto meus companheiros de viagem da luta. Vejo os diversos tocos de pescoços, muitos que foram arrancados pelo meu escudo e outro tanto que eu tinha queimado, avanço contra ele por fogo ser a sua fraqueza, acredito que este sol escaldante tenha algum efeito prejudicial nele. Avanço novamente cortando suas cabeças com minha lança em modo flamejante, ignoro os diversos ataques que eu recebo, meus amigos contavam comigo.

Corto a ultima cabeça e desabo no chão, eu estava esgotado, aos poucos eu sentia meu corpo se recuperar (desde que eu havia voltado no tempo eu me recuperava com uma velocidade impressionante), mas mesmo isso não era o suficiente, minha cabeça doía demais e eu mal agüentava mais me manter em pé, eu precisava descansar, mesmo que eu não quisesse fazer isso agora, só volto meus equipamentos para suas formas cotidianas antes de tudo se apagar




The Lightning is Dangerous



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MOP — I HAVE NO TIME ANYMORE — Jake Dalton Empty Re: MOP — I HAVE NO TIME ANYMORE — Jake Dalton

Mensagem por Jake Dalton Sáb Fev 25, 2017 5:04 am


Son of Thunder



Abro meus olhos e minha visão está embaçada, minha cabeça parece estar rodando, tento levantar e ouço uma movimentação ao meu lado e uma mão me empurra de volta para seja lá o que eu esteja deitado.

- Calma lá – era a voz de Adam, aos poucos minha visão começa a voltar ao normal – você gastou muita energia, tem que se recuperar um pouco.

Minha cabeça parece estar parando de rodar e meus pensamentos voltam a ficar claros, lembro das coisas que aconteceram e olho em volta, finalmente com os olhos conseguindo se focar perfeitamente nas coisas, Adam está ao meu lado fazendo uma mistura com aparência nada agradável em um copo que eu não tenho a mínima idéia de onde veio. Kyle está mais afastado sem camisa, com o tronco enfaixado e encarando o horizonte.

- Temos que continuar – falo sentindo dor nas costelas.

- Sim, temos, daqui a pouco quando você se recuperar, não adianta nada seguirmos em frente com você sem condições nem de andar direito – o garoto fala como um médico falaria para seu paciente rebelde, ele me entrega o copo em um claro sinal de que é para eu tomar – Eu e Kyle estamos curiosos, o que aconteceu?

Era óbvio que eles queriam explicações, pelo menos eles não haviam visto o que tinha acontecido, seria bem mais complicado ter explicado o porque de eu voar do que inventar uma mentira sobre o que ocorreu.

- Eu também não sei – foi o que eu falei – fiz uma prece pra minha mãe e desmaiei logo em seguida, não cheguei a ver o que aconteceu em seguida.

Ele não parecia ter acreditado, era uma desculpa bem ruim na verdade, mas eu não tinha tempo nem condições físicas de criar algo melhor naquele momento, aquilo era o que ele teria e eu manteria essa historia até o fim.

Me sento ignorando as tentativas de Adam de fazer eu permanecer no chão, ele parecia bem, embora ele mesmo tenha algumas bandagens que mostravam que ele também não saíra ileso da batalha. Um pedaço de ambrósia cai em meu colo.

- Coma isso – Kyle fala, eu nem tinha notado que ele havia percebido que eu acordei. Não penso duas vezes e como a comida divina com gosto.

- Alguém tem alguma idéia de como podemos chegar ao Texas? – faço a pergunta aos dois, eu estava preocupado de que este tempo em que fiquei desacordado possa ter sido tempo o suficiente para o Wyatt ter chego ao amuleto de Skyrdr, mas eu não desistiria sem ter certeza.

- Não sei, talvez pudéssemos tentar algum veiculo mortal? – o filho de Ares sugere dando de ombros – não acho que tenha outros meios, tentamos de tudo.

- Tenho uma idéia – Adam fala alegre, não sei se fico feliz com isso, da ultima vez quase morremos para um bicho que no final tinha acho que umas cinqüenta cabeças. Ele fica em silêncio por um tempo com os olhos fechados, não entendo o que ele está fazendo exatamente, mas ele parece estar concentrado.

Nada acontece, ele aparenta um pouco de frustração, depois de uns segundos ele apenas deixa seus ombros caírem e fala tristonho:

- Acho que vamos por meios mortais mesmo.

Me levanto normalmente, o que arranca alguns olhares curiosos do filho de Aristáios.

- Não está sentindo dor? – ele pergunta desconfiado.

- Um pouco, mas nada que não dê pra suportar.

E isso era verdade, a dor aos poucos passava como se meu corpo se recusasse a ficar machucado por muito mais tempo, de uma forma nunca experimentada por mim, mesmo a ambrósia não deveria ter feito um efeito tão eficiente a curto prazo, acho que voltar no tempo faz bem para o corpo. E falando em corpo eu percebo que também estou com o tronco nu, coberto apenas por algumas faixas apertadas, as quais eu sinto que estão besuntadas em algo gelado ao contato com a pele, a sensação era ótima.

Olho ao meu lado e vejo minha camiseta dobrada sob algo preto e estranho, seguro a coisa nas mãos e a textura era bem estranha, ao pegar o couro esquisito alguns pequenos objetos rolam, dois anéis, um colar e um anel, eu os reconheço logo como os meus equipamentos, ao lado dele também repousa um pequeno frasco de vidro que contém um líquido verde e viscoso.

- O que são essas coisas? – pergunto apontando para o couro e o frasco.

- As regalias do monstro, como você foi o responsável por estarmos vivos e a morte do monstro, Kyle e eu entramos em um consenso de que elas lhe pertencem.

Levanto as sobrancelhas e encaro as coisas por um ponto de vista diferente, o couro longo e um pouco pesado, talvez desse pra fazer algumas coisas interessantes com ele no futuro, olhando pro frasco eu reconheço que aquilo que está dentro é o sangue da criatura, o qual eu tinha visto em ação matando a vegetação que tinha contato. Invoco a minha espada e derramo o sangue contido no vidro na lâmina de ouro imperial, vejo o material absorver o líquido e voltar a sua cor original, eu tinha o pressentimento de que essa arma tinha se tornado bem mais mortal do que o normal. Coloco meus equipamentos de volta em seus devidos lugares, visto a camiseta e guardo o couro em minha mochila, a colocando nas costas em seguida.

- Vamos, temos um longo caminho pela frente - eu me sentia novo em folha novamente, era hora de voltarmos à nossa viagem em direção ao Texas, tínhamos perdido muito tempo aqui, tínhamos que continuar em movimento.

Os dois não pareciam nas melhores das condições, mas não tinha tempo pra esperar eles se recuperarem por completo. Eles perceberam isso no meu olhar e se levantam desanimados, mas começam a arrumar as suas coisas.




Estávamos andando a há uns 20 minutos quando uma carroça passa ao nosso lado e para, o homem que a conduzia nos encara com uma carranca meio entediada.

- Pra onde estão indo crianças? – ele pergunta após um bocejo.

- Cidade – eu disse logo, não queria perder tempo com ele, da ultima vez que tinha entrado em uma dessas ela tinha sido virada por monstros e não sei se queria que o homem se machucasse porque não queríamos andar.
- Texas, pode nos dar uma carona? – Quem falava era Adam, eu já tinha percebido que meu avô era bem tagarela, mas agora estava começando a achar que ele estava enlouquecendo, como assim um desconhecido com uma carroça poderia nos ajudar pra ir do Tennessee até o Texas, descontando o fato de que ainda não sabíamos a cidade.

- Geralmente, quando as pessoas pedem algo pra mim elas oferecem algo em troca – ele parecia um desses homens urbanos em fiz de tarde, quando eles olham pro nada, sentados em cadeiras de balanço. Mas mesmo assim os traços dele eram impecáveis, como se ele fosse um desses atores que tem que fazer um papel de alguém feio, mas não tem culpa de ser dotado de beleza incomparável, com certeza um deus.

Adam começa a remexer sua mochila a procura de algo que ele pudesse usar para barganhar com o carroceiro.

- Desista – ele fala finalmente se aproximando um pouco mais com seu corpo – você não tem nada que eu queira, mas ele tem – pra minha surpresa o deus apontava pra mim, Adam pareceu ofendido com isso.

Minha mão vai automaticamente para meu anel que em sua forma letal se transforma em minha lança, eu não estava nem um pouco disposto a entregá-lo, lendo a minha expressão corporal ele logo fala:

- Eu não quero essas suas armas, isso eu consigo a hora que quiser – o olhar dele é o de que eu era um maluco – eu quero o sangue da hidra – ele fala esticando as mãos – ele tem propriedades bem específicas e é bem raro.

Paro e penso por um segundo, mas então percebo que este era um preço junto, além do fato de que estávamos com pressa e uma carona com um deus seria a maneira mais rápida e relativamente segura que teríamos, pego o vidrinho que estava pela metade e o entrego para o carroceiro.

- Todos a bordo – diz sorrindo enquanto olhava o líquido contra a luz.

- Valeu pai, achei que não apareceria – diz Adam pulando pra dentro da carroça, ele estava super animado – prazer em te conhecer.

Aristáios da de ombros como se não fosse nada demais se encontrar com um de seus filhos, eu tive a impressão de que ele só estava aqui pelo sangue e nada mais, os deuses eram péssimos exemplos quando a questão é amor aos filhos, aliás, eles eram péssimos exemplos e ponto final.

- O Texas é muito grande, pra onde querem ir? – perguntou o deus, agora que eu notei que diversas abelhas o rodeavam.

- Temos que encontrar o amuleto de Skyrdr.

O deus olha pra mim, como se estivesse me vendo realmente só agora, ele se aproxima e sua carranca se alivia, mais um pouco e aquilo em seu rosto se tornaria um sorriso.

- Olha, olha o que temos por aqui, vejo alguns traços de divindade em você.

- Ele é um semideus, lógico que você está vendo isso – eu sempre tomava um susto quando Kyle falava, eu esquecia de sua presença frequentemente.

- Exato – o deus responde voltando a sua atenção para os cavalos de sua carruagem, mas não antes de demorar seu olhar em Adam, como se ele tivesse ficado mais interessante do nada – Eu conheço bem a minha linhagem, cada um tem um cheiro característico que passa por seus genes.

Os outros dois se olham confusos, como se tivessem dormido em uma parte da conversa e estivessem procurando entender o que perderam, era óbvio que eles não entenderiam, eles não tinham todas as peças do quebra cabeça pra ver a imagem por completo.

- Então vamos, acho que não temos tempo a perder, temos? – ele pergunta olhando, pra mim, aquele deus era no mínimo peculiar e parecia fascinado por mim, talvez por ter percebido algo novo.

A quantidade de abelhas naquela carroça parecia aumentar a cada minuto, algumas pousavam em minha pele me causando aflição, me preparo pra matar uma quando recebo um olhar duro e silencioso da divindade.

Os cavalos de repente se transformaram todos em ovelhas, sua lã começa a se moldar na forma de asas que começam a bater rapidamente, sinto um tranco quando decolamos em direção aos céus, sorrio por voltarmos aos céus, em minha opinião não existe melhor jeito de viajar.

- Descansem – Aristaios fala se concentrando em guiar sua carruagem – o amuleto é bem guardado e sinto grandes desafios pra vocês três, peguem um pouco do mel que tem nas caixas as quais estão sentados, era ajudar.

Olho pra baixo e só então noto que estávamos sentados em caixas, me pergunto se tinha isso aqui antes, abro ele e vejo diversos tubos de ensaio com mel dentro, me pergunto o porque deles estarem armazenados daquela forma, mas tinha a impressão que a pergunta pareceria idiota, então apenas peguei o tubo e virei garganta a dentro. Era bem menos doce e viscoso do que eu havia imaginado, era quase como se ele tivesse sido diluído em água.

Assim que termino de tomar me bate um cansaço e fico sonolento, fico preocupado com a possibilidade do deus ter nos enganado,  por mais que não me fizesse muito sentido ele precisar nos dopar pra nos levar pra qualquer lugar, mas meus pensamentos começaram a ficam cada vez mais embaçados e então eu perco a consciência.

Quando acordo estamos pousando, vejo que Kyle e Adam estão na mesma situação que eu, o filho de Ares assim que assimila o que aconteceu desembainha a sua espada e aponta pra nuca do deus.

- O que você fez conosco? Por quanto tempo apagamos?

- Vocês ficaram fora por 15 minutos no máximo – ele fala com naturalidade, não parece nem um pouco incomodado com a arma que ameaçava o decaptar – se notarem, perceberão que suas forças estão revigoradas e de nada por isso, chegamos por falar nisso.

Eu e os outros campistas nos entreolhamos desconfiados, mas realmente eu sentia que dormi todas as horas de sono que me eram necessárias pra ficar bem. Coloco dois dedos na parte chata da espada de Kyle abaixando a arma do rapaz para longe do pescoço do deus, não seria necessário ameaçá-lo, ele parecia estar do nosso lado.

A carruagem aterrissa dando um tranco forte na carruagem, estávamos em um grande campo amplo e vazio, não havia nada a vista não importava em qual direção olhasse. Me perguntava se não tínhamos chegado no lugar errado.

- Vão – Aristaios parecia um pouco alarmado – estou sentindo a presença de alguém lá dentro. Não confiem em tudo o que seus olhos lhe mostram e você – ele fala, após descermos da carroça ele aponta pra mim (pra variar um pouco) e continua – saiba que você tem mais poder do que imagina, seu patrono lhe protege - após isso suas ovelhas voltaram a bater as asas e sumiram pelo céu.

Não entendo a ultima parte que ele falou, eu não tenho um patrono, mas entendo que tem alguém já dentro de seja lá onde, mas pra mim só significava que alguém estava próximo do amuleto.

Vejo Adam mexendo em sua mochila de novo, me pergunto quantas coisas úteis ele tinha lá, parecia que aquela mochila não tinha fundo, pois a cada necessidade o garoto mexe lá dentro e tira algo. Desta vez é um pequeno pote no qual se encontram algumas abelhas, ele abre e deixa que elas saiam voando, cada uma vai pra uma direção acredito que procurando pela entrada, meu avô era inteligente.

- Por aqui – ele fala e sai correndo em uma direção após uns 2 minutos, ele para diante de um parte do chão que por incrível que pareça se parecia igual a todo o resto. Estou prestes a reclamar de que não tínhamos tempo pra esse tipo de coisa, mas minha visão começa a se clarear e percebo que na verdade tem uma escada indo pro subterrâneo, odeio o subterrâneo, mas não tinha escolha, eu tinha uma missão a fazer.




A escada era enorme, depois de uns 2 minutos de descida incessante ela continuava, porém agora em espiral, depois do que me pareceu meia hora de descida o caminho finalmente se nivela. Meus pés doem enquanto seguimos pelo corredor escuro, cada um de nós está com sua arma em mãos para que ela iluminasse nem que fosse um pouco.

- Do que é feita a sua espada? – Adam fala um pouco alto me assustando, desde que começamos a descida o silencio reinava sobre nós e ele quebrar isso havia me pego de surpresa, sua voz ainda ecoava pelo túnel quando eu respondo.

- Ouro imperial, um material bem raro – meu tom é bem baixo, mas pelo completo silencio ao redor parecia que eu estava gritando.

- Legal – o garoto sussurra, era óbvio que ele só queria conversar sobre algo, até eu já estava me mordendo de tédio neste escuro silencioso, quase parecia que estávamos mortos caminhando para o submundo, eu não saberia dizer, não estive lá pelo menos ainda.

O corredor se abre em uma grande caverna natural, ela é iluminada por cristais brilhantes que estavam incrustados na rocha, o teto parecia estar a no mínimo 50 metros acima, viam-se três passagens além da que havíamos passado, consigo ouvir ao longe o barulho de água corrente, o que não me parece bom já que o inimigo é um filho de Poseidon.

- Vamos nos separar – Kyle fala, eu amaria essa idéia, se não fosse o fato de que eu ficaria sozinho, poucos sabiam, mas isso é uma coisa que me apavora.

- Não – digo repentinamente tirando olhares curiosos dos outros dois.

-Por que não? – O filho de Ares me lança um olhar desconfiado.

- Temos desafios por aqui de acordo com Aristaios, mas se for uma batalha não me parece que Adam esteja pronto – lanço um olhar de desculpas pra ele – desculpe, mas é a verdade, você está sendo muito útil, mas não quero te deixar sozinho em uma luta.

O mais jovem me olha sem saber se aceita isso como um elogio ou como uma ofensa pro lado pessoal, Kyle apenas assente com a cabeça concordando com o meu ponto.

- Está certo, vocês dois escolham um caminho juntos, eu vou por esse aqui – ele disse desaparecendo pelo corredor mais a esquerda.

- Tem alguma escolha – pergunto hesitante pra meu avô, não queria que ele ficasse chateado com o comentário, na verdade o problema não era nem ele e sim eu. Ele apenas balança a cabeça de um lado para o outro enquanto encarava o chão, solto um suspiro longo e continuo – então vamos pelo meio, me parece o caminho mais óbvio.

Seguimos correndo naquela direção, tudo parecia como antes, apenas um corredor sem fim, mas isso só durou alguns metros, logo ela se abre em uma pequena câmara, ela tinha os mesmos cristais florescentes que a abertura anterior, mas o teto estava a 5 metros de altura, o diâmetro do lugar era de 30 metros, tinha apenas um caminho possível além do que viemos, um túnel que sua abertura se encontrava do outro lado da caverna, o problema era o gigantesco leão que nos encarava bem no centro. A pele da besta era dourada e seus olhos totalmente negros. Ele da um rugido que faz com que as minhas pernas bambeiem um pouco.

- Se eu estiver certo esse é o leão de Nemeia, deve ser uma das proteções do amuleto – grita Adam que havia se encolhido no canto apenas observando o que eu faria, acho que minhas palavras o afetaram mais do que eu imaginei – cuidado, porque a pele dele é invulnerável.

Invoco a minha espada que agora era envenenada e avanço pra cima do monstro, este não faz nada pra evitar o ataque e minha espada acerta sua pele com um som de tilintar, mas não faz um arranhão sequer, quase como se a pele fosse de um metal superior.

- Qual a parte de pele invulnerável você não entendeu? Ou não confia no meu conhecimento também?

Agora era oficial, ele está chateado comigo, mas eu não tive tempo de deduzir nada além disso antes do leão me acertar com suas garras, elas passaram por minha pele como se essa não fosse nada, se tivesse pego em cheio eu estaria cotoco agora, felizmente nem o osso pegou, mas meus músculos estavam dilacerados, acho que meus movimentos da mãos esquerda estariam bem limitados por enquanto.

Ele tenta atacar o meu braço novamente, mas agora com a outra garra, invoco Asími bem a tempo de protegê-lo, eu não consigo usar o escudo de forma eficiente por não conseguir fechar o punho, mas as garras fazem um barulho horrível ao arranharem o escudo, olho preocupado e vejo que as garras conseguiram penetrar por ele mesmo que este me tenha sido garantido de que era indestrutível.

A minha tentativa de o eletrocutar com o escudo tinha sido bem sucedida, fazendo assim com que ele saísse de cima de mim, ele ruge mais uma vez e pula novamente pra perto de mim, mas eu uso minhas pernas, braço bom e um pouco de vôo pra sair do caminho, caio rolando ao lado de Adam, que me olhava não permitindo que eu usasse os meus poderes.

Tento fazer meu escudo voltar para a sua forma de relógio para poder me movimentar melhor, mas o leão pelo visto deve ter danificado alguns dos mecanismos, pois apenas metade dele se retraiu e voltou ao normal e repetia o movimento repetidas vezes, ele geralmente muda de forma sem problemas, mas este pequeno defeito fazia com que meu braço se chacoalhasse de forma brusca, me arrancando um grito de dor, tento fazer com que meu escudo fique na forma de combate mesmo, mas ele estagnou no erro fazendo com que eu não consiga pensar em outra coisa além da dor que estava sentindo.

Não consigo me concentrar direito nem pra poder usar meus poderes, com a espada eu corto as correias e saio do caminho bem a tempo de sair da linha de ataque do monstro que parecia irritado. O escudo ficou pulando no chão por causa de seus movimentos atraindo a atenção do monstro, me dando alguns segundos para respirar.

Meu braço estava muito dolorido e meu sangue escorria por ele pingando por entre meus dedos, era absurda a quantidade de sangue que eu tinha derramado, estava com medo de morrer de hemorragia, mas mesmo assim, eu não poderia recuar, minha missão era mais importante, eu tinha que proteger o tempo, esse era o meu dever.

Então minha ficha cai e finalmente eu entendo as palavras de Aristaios, eu tenho mais poder do que imagino, eu sei quem é meu patrono, afinal, foi quem me mandou pra cá, com quem eu tenho o compromisso de terminar essa missão, Chronos, ele era meu senhor, eu terminaria aquela missão por ele.

Me lavanto segurando em meu braço e o leão volta a olhar pra mim ignorando o escudo maluco que continuava em suas contrações, minhas roupas mudaram, não estou mais com uma jaqueta de couro, agora sobre minhas roupas tem uma capa cinzenta, ela cobre todo o meu corpo e é bem leve, quase como se ela não estivesse ali.

Um pingente com uma runa aparece em minhas mãos e começa a brilhar, o leão apenas me encara como se pensasse se era uma boa idéia continuar seu ataque, o pingente começa a esquentar um pouco e sinto uma energia preencher o meu corpo, o ferimento em meu braço se fecha e toda a minha energia volta.

O monstro se abaixa e entra no que é uma clara posição de combate, preparo a minha espada pra me defender, sei que ela não será de muita ajuda contra aquelas garras que acabaram de destruir o meu escudo. Mas antes meu equipamento do que meu corpo. O leão pula parece que ele vem em direção ao meu pescoço.

Evitando o contato com a garra, eu uso a minha espada por baixo da pata dele, levantando-a e jogando o meu corpo para baixo do dele. Sou baixinho, por isso consigo me encaixar no espaço entre suas patas dianteiras e as traseiras, vôo para baixo saindo daquele local não seguro e usando meus braços dou um impulso pra me levantar.

Dou um pulo e chuto a cara do leão, este não sente muito e corta o ar com suas garras, quase levando meu pé junto. Consegui equilibrar um pouco a batalha, mas ainda não me sinto pronto pra vencer, não tenho a mesma força de meu irmão para matar essa criatura.

O leão avança novamente, se equilibrando em duas pernas, me viro pra passar entre suas patas e não ser atingido, mas o monstro aproveita que minha atenção está todo nas garras e fecha a sua mandíbula em volta de minha clavícula, é incrível como eu sempre acabo com um membro ferrado nesse tipo de luta. A criatura cai por cima de mim, ela é pesada e não me permite levantar. Penso em usar a Chrysós, mas a proximidade dele é muito grande pra eu conseguir acertá-lo com uma lança.

De repente algo rápido bate na cabeça do leão que vira o pescoço com a força do impacto, eu e ele nos viramos pra ver de onde veio tal golpe e vemos Adam em pé com um olhar que era uma mistura de raiva, medo e determinação, ele segurava um cajado em suas mãos e estava se preparando para usar novamente. O monstro se move preparando-se pra pular em cima do garoto, este movimento embora pequeno me deu o espaço necessário pra poder me mexer e colocar os meus pés na barriga do animal. Assim que ele pula eu empurro ele pra cima com as pernas, fazendo com que ele dê uma cambalhota no ar então ao invés dele cair com as garras e dentes no meu avô ele bateu com as costas nele.

O leão rola e se vira pra mim, dou um giro com o corpo como em um movimento de hip-hop auxiliado pela minha habilidade de vôo e acerto um chute no rosto do animal, eu continuo rodando e antes que ele se recupere do primeiro eu dou mais um, e girando como se estivesse dançando eu vou acertando meu pé no rosto do monstro o confundindo-o e dando tempo para que Adam saísse de perto.

Paro de fazer meus movimentos antes que eu tenha meu pé engolido pela fera e então noto que meu ombro já está bem novamente, Chronos havia me dado incríveis habilidade. Tenho uma idéia que pode dar certo pra vencer a besta. Espero o monstro vir pra cima de mim novamente e quando ele está a 3 metros de mim eu mudo de arma para a lança e a uso pra enfiá-la goela abaixo (de uma forma bem literal) no leão.

A minha teoria estava correta, embora a pele exterior do bicho fosse impenetrável a sua parte interior era vulnerável, ele estava empalado com quase 1 metro dentro de seu corpo, uso o mecanismo de aumento que minha arma possui e vejo ela crescer ainda mais dentro do corpo, encaro os olhos negros do leão dourado enquanto ele se transforma em areia da mesma cor.

No local onde até dois segundos antes tinha uma fera agora tinha um casaco de time de futebol americano, era vermelho com detalhes em dourado e branco. O visto depois de guardar a capa na mochila e sinto que embora não seja visível o casaco tem um capuz, eu o coloco sobre a cabeça e todo o casaco se transforma em uma pele de leão, onde a cabeça dele cobre a minha deixando o meu rosto a vista pela boca do monstro, o corpo do monstro embora fosse grande a sua pele em mim era do tamanho exato pra cobrir todas as minhas costas sendo que a parte da frente ficava toda descoberta.

- Se não se incomodar, prefiro não ver esse leão tão cedo – Adam fala agora em pé ao meu lado.

Retiro o capuz fazendo o ele voltar a sua forma de casaco, ao qual protegeria meu peito, mas deixaria minhas pernas totalmente desprotegidas, pelo o que eu notei do monstro agora eu estava protegido de ataques cortantes e perfurantes, tendo ainda que tomar cuidado com ataques esmagadores.

- Vamos, temos que continuar – digo para meu avô.

Me aproximo de meu escudo que ainda tentava se fechar sem sucesso e o toco com minhas mãos, vejo começar a retornar, como se eu estivesse assistindo um filme estivesse rebobinando-o, então ele volta ao normal, seu brilho é como um colírio aos meus olhos, ele está como se fosse novo, até polido estava.

- Quem é você? – ele pergunta com um olhar ameaçador, mesmo tendo apenas 14 anos.

- Sou o seu amigo, mas agora estamos ficando sem tempo, vamos, não sabemos quanto mais vai demorar pro Wyatt encontrar o amuleto e nem o que ele faz.

Me viro e saio correndo pelo próximo corredor, embora a contra gosto o garoto me segue, sinto que ele está desconfiado de mim, mas não temos como cuidar disso agora, precisávamos chegar no final deste lugar e proteger o amuleto.




Caos, foi o que encontramos na próxima câmara, o corredor tinha dado em outra câmara, ela era tão grande quanto a primeira, mas estava cheia de esqueletos, imagino que pode muito bem ser um exercito revivido por algum tipo de magia ou poder. Entre nós e os esqueletos vejo Kyle lutando contra uma grande horda. O filho de Ares realmente é muito habilidoso, mas está claro que ele está cansado, me pergunto que tipo de desafio ele enfrentou no caminho em que seguiu. Eu e Adam nos aproximamos e começamos a exterminar esqueletos.

- Não – grita o lutador nato – ele já passou por aqui, está lá na frente, vão que eu cuido deles.

Olho pro final da câmara e vejo a única outra passagem que leva adiante, este lugar realmente foi feito pra manter os curiosos longe.

- Adam, fique aqui e ajude ele – eu falo pro garoto que lutava ferozmente com o cajado – desculpe ter duvidado de você, mas eu confio em você pra manter ele bem, okay?

O garoto olha pra mim com um olhar de determinado, vejo o quanto ele cresceu neste meio tempo em que ficamos juntos, ele parecia até ter crescido um pouco, ou talvez fosse apenas a sua postura e presença que agora marcava mais a memória dos outros.

- Pode deixar Erick, obrigado pela confiança, não te decepcionarei – ele responde e começa a abrir caminho até o filho de Ares, talvez se eles se mantessem juntos um cobrisse a guarda do outro.

Não tenho tempo mais para perder, muito menos pra ficar abrindo caminho entre esqueletos, por isso eu vôo, passo por cima de todo aquele exercito e não olho pra trás pra ver a cara que os outros dois fizeram ao ver aquilo, tenho a esperança de que eles estejam ocupados demais lutando pra ter notado.




A ultima câmara era relativamente pequena, um pouco menos do que a segunda, talvez uns 20 ou 25 metros de diâmetro, tudo era iluminado por cristais que lançavam uma luz azul sobre tudo, apenas o centro da caverna tinha terra e entre este pedaço e as paredes tinha 5 metros de queda, lá embaixo eu consigo ouvir barulhos de água corrente, do lado oposto ao qual entrei, uma ponte leva a um pedestal que agora está vazio, um homem de uns 30 anos está apoiado nele segurando com um colar que o pingente é do tamanho de uma moeda, ele está rindo.

- Então é você que foi mandado para me impedir? – ele me encarava, embora a sua feição fosse de deleite eu conseguia ver que seus olhos me analisavam pra descobrir qual o nível de ameaça eu representava.

- Vamos evitar confusão Richard, apenas deixe este amuleto aí e ninguém se machuca – eu estava cansado de lutar, queria só poder voltar pra casa, eu mal havia chego, nem tinha aproveitado a presença de Andy direito e fui empurrado pra essa missão, só queria que tudo acabasse.

- Tenho uma idéia melhor, porque você não me deixa ficar com o amuleto em paz e ficamos todos bem, afinal eu mereci, achei a entrada e passei por todos os testes, seria injusto você querer tirar isso de mim.

Por mais que o que ele fale faz sentido eu não posso permitir que ele faça isso.

- Não, você quebrou o tempo, não tem o direito sobre nada que conseguir aqui, você não pertence a este lugar.

- Nem você, Érebo tem razão, vocês são todos uns hipócritas, acham que estão acima das próprias leis, condenando qualquer um que ouse os desafiar ou mesmo questionar – o semideus mais velho tinha um brilho louco no olhar – eu não vou pedir mais uma vez, me deixe em paz.

Eu me canso de ouvir tanta merda e avanço, vou voando e pretendo cortá-lo com a espada mas o desgraçado da um passo para o lado caindo no penhasco, mergulho atrás dele, vejo a água se movendo e lanças feitas de água começam a vir em minha direção. Eu faço algumas manobras para me desviar, vejo que quando elas estão próximas elas se esfriam e se tornam de gelo.

Pra ser sincero eu estava cansado de todos querendo me matar, eu já aceitei que os monstros querem nos comer, mas agora até semideuses queriam meu couro, só então eu lembrei de meu casaco, coloco o capuz e ele entra em sua forma de leão, os projéteis congelados batiam inutilmente na pele que cobria o meu corpo, alguns vinham pela frente mas minha Asími recém recuperada os desviava não permitindo que eles acertassem o meu corpo.

- Esse leão não me assusta, eu já enfrentei coisas piores garoto – ele faz com que a água se aqueça e uma nuvem de vapor cobre todo lugar impedindo a minha visão.

Sinto uma enxurrada me acertar pelo lado e sou lançado contra a parede, estou encharcado e a água contida em minha roupa começa a congelar me deixando com frio e impedindo o meus movimentos, pelo visto ele era experiente em batalhas.

Faço um pouco de eletricidade estalar entre meus dedos e jogo para baixo, tenho que fazer com que atinja a água, se ele estiver em contato com ela será eletrocutado. Ouço uma risada vinda lá de baixo.

- Você acha que com apenas isso pode me vencer? – ele grita de volta – você é patético.

O gelo em minha roupa esfria tanto que começa a queimar, meu corpo treme e marcas começam a aparecer em meu corpo, algo me diz que se tivesse alguma outra fonte de luz que não azul eu veria que essas marcas são vermelhas ou mesmo roxas.

Mergulho mais um pouco, preciso conseguir ver ele pra tentar fazer alguma coisa com ele, mas a água sobe toda em mim, uma bolha enorme me cobre impedindo que eu respire, me desespero um pouco, mas então eu me lembro do elemento da natureza que eu controlo, faço com que um pouco de ar se infiltre na bolha, ela oferece resistência, mas por um milagre eu consigo fazer com que oxigênio chegue a minhas narinas.

Quando eu consigo dar uma boa inspirada meu cérebro funciona melhor, menos preocupado com a situação imediata de “estou morrendo” e mais preocupado com “o que fazer pra evitar morrer”. Mantenho a brecha que criei na bolha pra infiltrar mais ar, até que eu começo a fazer com que uma grande quantidade se instale e comece a girar rapidamente, um tornado começa a se formar, mas então a água que me rodeava se congela e começa a cair e estando em sua forma sólida eu não tenho força suficiente pra mantê-la no ar, eu caio e sinto quando bato na água, a bolha congelada começa a afundar fisicamente isso não deveria acontecer, mas algo me diz que Wyatt tem algo a ver com isso.

Se eu não sair daqui sei que o oxigênio deste mini tornado irá acabar me sufocando. Eu estava em extrema desvantagem, o céu estava distante e a água que estava perto, eu precisava de um plano e urgente.

Não sei se ajudará, mas uso meu pulso magnético para atrair tudo o que fosse metálico pra mim, desde armas a amuletos, ouço algumas coisas batendo no gelo ao meu redor, provavelmente funcionou, não tenho muito o que fazer então faço a coisa imprudente que me parece mais sensata, encho os pulmões com o máximo de ar que consigo e lanço todo o resto do vento que tinha dentro da bolha pela falha que eu tinha mantido aberta, isso faz com que a bolha se mova e colida com uma das paredes (ou chão vai saber), o gelo racha e eu aproveito isso e dou um soco elétrico e finalmente estou livre.

Me sinto um pouco desorientado, não tenho certeza de onde é cima e onde é baixo até me orientar pela direção do céu, sinto o ar, ele está a 10 metros de mim, começo a nadar mas sinto que a água me puxa ainda mais pra baixo. Pela pressão embaixo d’água estar alta o meu oxigênio está sendo gasto muito rapidamente fazendo com que eu não tenha muito mais tempo, se eu não saísse de daqui eu morreria.

Me concentro e começo a fazer meus próximos movimentos, faço o ar lá em cima começar a girar criando o maior tornado que eu consigo, precisava perfurar a água e fazer com que o ar chegue até mim. Retiro as correias de Asími e colocando ela o mais pra cima que consigo a estagno no tempo, subo nela e pego a maior quantidade de eletricidade que consigo e a mando para todos os lados, eu precisava que ele se eletrocutasse o suficiente pra perder a concentração, nem que seja por um segundo. Assim que solto toda a energia elétrica eu pulo o mais forte que consigo, vejo que consigo subir, e que o tornado conseguiu perfurar a água, em segundos eu me encontro com o ar.

Antes que eu saia totalmente da água uma mão aquática se forma ao redor do meu calcanhar, ele ainda não me deixaria em paz e realmente ele era muito forte e inteligente. Felizmente agora eu conseguia respirar, mesmo que isso não ajudasse o meu pé que estava recebendo queimaduras de gelo.

Começo a entrar em desespero, nada do que eu fazia parecia ser eficaz contra ele, tudo acabava por retornar pra mim só que ainda mais forte, eu não conseguia determinar nem onde ele estava agora.

Faço com que a Chrysós se invoque em minha mão e a enfio na água, usando a minha infusão elétrica, o ataque elemental natural de minha arma e a minha eletrocinese, eu mando o máximo de raio que posso na água, é efetivo, pelo menos o suficiente para que eu solte a minha perna e voe pra longe da água.

- Está gostando da nossa brincadeira? – pergunta Wyatt após uma risada digna de vilões de filmes – porque eu estou amando.

Mais lanças de gelo vem em minha direção, uso minha pele de leão para me defender, mas agora como não estava com Asími toda a minha parte frontal estava desprotegida, embora eu fizesse meu máximo pra desviar, muitas flechas rasgaram minha pele na parte do peito e no rosto.

Uma onda de forma e antes que ela me atinja o filho de Poseidon a congela e era isso o que eu esperava, crio um desvio dimensional a minha frente, desviando todo o golpe elemental para a água, tenho certeza de que se ele esperasse por isso ele conseguiria escapar, mas por ter sido pego de surpresa a onda o levou e o acertou na parede, crio uma descarga elétrica e jogo nele.

Ouço o grito de dor dele, parece que finalmente eu consegui encurralá-lo, uso o meu controle do ar para impedir que ele caísse na água, o mando pra cima, pro círculo seco no qual nos conhecemos. Ele tenta se levantar, todo o seu corpo treme com a quantidade de choques que tomou, pelo olhar de fúria dele percebo que ainda não desistiu de lutar.

Ele grita e sinto a terra tremer, alguns pedaços de pedra saem do chão tentando me acertar, mas mesmo cansado eu consigo escapar, embora por pouco dos projéteis. Mas não foram os projeteis que me preocuparam e sim o abalo, pelo som de pedra arrastando em pedra e os pedregulhos que caiam do teto fica óbvia a intenção dele, desmoronar tudo.

Uso o meu pulso magnético novamente e puxo tudo que estava na água pra minha mão, além do que eu procurava que era Asími e o amuleto, vieram um tridente e mais algumas coisas que me pareciam inúteis, pego apenas a bolsinha que aparentava ter dracmas, abaixo o capuz da jaqueta e saio correndo, mas não antes de dar um cor profundo nas costas de Wyatt usando a minha espada que estava embebida em sangue de hidra, só pra garantir de que ele não viva depois de querer matar o meu avô, mesmo que indiretamente, e ele sofreria bastante antes de ir se encontrar com o meu tio.

Como eu não tenho coragem de realmente matar ele, eu levo o amuleto de Skyrdr comigo, como eu não sabia o que ele fazia não seria seguro deixar ele perto de um filho de Poseidon maluco e psicopata a beira da morte.

Todos os esqueletos estavam caídos desmontados e Kyle e Adam estavam encostados na parede ofegantes e muito machucados.

- Vocês estão bem?

- Estamos, tínhamos perdido o ritmo e eles estavam nos massacrando quando do nada todos caíram – Adam me informa.

- Vamos, tudo vai desmoronar – falo fazendo um gesto com as mãos para dar um tom de urgência.

Eles se levantam lentamente e saem correndo cambaleando, era obvio que não conseguiríamos sair a tempo, tudo cairia em cima de nós, mas então uma idéia brota. Eu paro e começo a remexer na minha mochila, os outros dois olham cansados pra mim com a pergunta de “porque paramos?” estampada em suas faces. Retiro o couro de hidra coloco fogo nela e começo a fazer uma prece baixinho.

- Chronos, meu senhor, por favor, apareça, consegui o amuleto.

O couro se desfás no que parece ser partículas de areia, elas se juntam, tomando aos poucos a forma de um idoso, o mesmo que eu encontrei no acampamento. Diversas pedras do tamanho de picapes começavam a cair do teto.

- Muito bem semideus, sua missão está cumprida – ele fala em uma tranqüilidade como se estivéssemos em um encontro casual.

- Pode nos tirar daqui? – pergunto alarmado.

O velho pega sua bengala e bate no chão e todo o cenário muda, nós quatro estávamos me uma cidade, não tenho a menor idéia de qual, embora desconfie que seja alguma do Texas.

- Os três foram bem – o deus fala de forma formal – agora está na hora de irmos – Chronos fala virado pra mim.

O velho bate no chão com a bengala novamente e nós dois estamos de volta ao acampamento meio sangue, mas não ao de 1967, mas o atual, com criaturas e semideuses voando pra tudo quanto é lado, todos ainda estão congelados da mesma forma que quando eu sai.

- Nem pude me despedir direito – reclamo meio desapontado, eu queria ter falado tchau para meu avô e ter reforçado a idéia dele de ir para a Inglaterra.

- Não se preocupe, eles não se lembram muito de você, eu fiz questão disso, mas algumas impressões que você criou permaneceram neles, seu pai se chama Erick por sua causa, grande parte das coisas o tempo arrumou por si só.

- Pera, então se eu tivesse me apresentado como Jake meu pai teria o meu nome?

- Possível.

- Maneiro – eu falo sorrindo.

- Precisarei de você no futuro, fique com a capa - Diz ele esticando a mão, onde esta pendurado o amuleto de Skyrdr, não sei em que momento ele pegou – agora você é um de meus guardiões.

O tempo volta ao normal e todos agem como se nada tivesse acontecido (que pra eles é fácil já que nada aconteceu mesmo) Chronos sumiu e eu não estava mais ferido ou com as roupas que estava, estava apenas com a calça de Fenris, um casaco de time de futebol americano do time Detroit Lions e em minhas costas a mochila que guardava a minha capa de devoto.

Vou voando pro chalé, jogo a mochila e a jaqueta no meu baú, visto uma roupa e vou atrás de Fenris, assim que o encontro dou um beijo nele.

- Estava com tanta saudade – digo me deleitando com seu olhar confuso, gostava de ver ele assim, ele sempre agia como se soubesse o de tudo, tirar o controle dele as vezes era divertido.

Itens Levados:

Qualidades:

Defeitos:

Pós Missão:

Passivas Zeus:

Ativas Zeus:

Passivas Chronos:

Ativas Chronos:




The Lightning is Dangerous



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Mensagem por Érebo Sáb Fev 25, 2017 6:17 pm

Avaliação
Atualizado por: Érebo
AMEI!!! Foi uma narrativa intensa, os objetivos  foram bem aproveitados e a história de Adam me agrad tanto que decidi fazê-lo um NPC de treino para vocês.

♦ 4 Níveis
♦ 700 de XP
♦ 500 Dracmas
♦ 5 Pontos com Espada
♦ 4 Pontos com Lança
♦ 9 Pontos com Escudo
♦ 10 Pontos com Livro e Magia
♦ Aceito entre os Guardiões do Tempo.
♦ Jaqueta Detroit Lions: Uma jaqueta com imunidade a projéteis como flechas e balas, pode ser usada na sua real forma causando assim medo em inimigos com pouco intelecto.
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