MNM – Familiar – Liodas Proudmoore

Quando o conselheiro do chalé XX não estava treinando ou fora do acampamento para cumprir missões perigosas oferecidas por rainhas ou noivas de preto, ele poderia ser encontrado estudando sobre os mais variados assuntos mágicos. Nesse dia, ele havia escolhido um livro sobre esfolar animais mitológicos para fins ritualísticos.

“‘Capítulo 24, equinos mágicos’?”, antes que pudesse continuar a leitura para remover a dúvida sobre quantos tipos de cavalos possuíam poderes relacionados a magia, o semideus acabou caindo no sono. Ele já sabia que isso acabaria acontecendo uma hora ou outra, visto que havia gastado muita energia naquela semana e não reservou um momento para descansar adequadamente.

Não demorou para Liodas começar a sonhar, algo comum para semideuses. Ele se encontrava no meio do mar, dentro de um pequeno barco de madeira. Por algum motivo, os deuses apreciavam o oceano sem serem Poseidon ou os genéricos.

— Santa Vaca! — exclamou o feiticeiro ao ser despertado por uma risada. Não era algo maléfico como a risada da noiva de preto, embora fosse assustadora pelo simples fato de vir de alguém atrás dele quando dormia. — Vocês nunca podem esperar. — Os bons modos de Liodas haviam se perdido na maternidade. Seu coração ainda estava disparado quando absorveu a informação visual, notando que seus irmãos permaneciam dormindo enquanto uma pequena garota o encarava com seu sorriso natural.

Ainda atordoado após ser acordado de um sonho por uma deusa — diferente das anteriores —, Liodas apanhou o papel que a garota ofereceu. Durante as intruções da sua nova missão, o semideus se esforçou para ler o que estava em suas mãos. Sua dislexia não o afetava quando lia sobre feitiços e coisas do gênero, mas um simples bilhete escrito a mão se demonstrou um grande desafio.

— Um alicórnio, certo… O que é isso? — Quando conseguiu entender o conteúdo do papel, ele voltou a olhar para a deusa, ou onde antes ela se encontrava. A garota já havia deixado o chalé e, junto dela, a sensação confortável de se estar num lar como aquele. Subitamente, Proudmoore sentiu vontade de também sair dali e realizar o pedido divino. — Um banho, antes de tudo.

Depois de sua nada rápida higiene pessoal, o albino se vestiu com roupas para o frio e, entre elas, colocou sua Junketsu na forma de blazer. Em sua cabeça deixou seu chapéu de bruxo que era um fedora para os mortais. Para auxiliá-lo em combate físico, caso fosse necessário, pegou sua tesoura gigante que estava dentro de uma maleta ainda maior. Já no caso de precisar usar magias poderosas, ou voar, deixou sua Chave da Estrela no pescoço. E, por fim, seu anel heroiano sempre em seu dedo médio esquerdo.

“Acho que está bom”, concluiu ao ver a quantidade de objetos que estava levando para uma viagem à Nova Zelândia. Apesar de que a primeira classe não se importasse muito com muitas bagagens de seus passageiros, e sim o seu dinheiro. Após a insanidade de seu pai, Liodas acabou herdando quantidades absurdas de dinheiro mortal. Se ele quisesse, poderia ir para a Nova Zelândia todo fim de semana e levar quantas malas quisesse e ainda restaria dinheiro para jantar caviar. “Uma comida bem superestimada”.

Com suas malas contendo roupas e armas, o semideus deixou o chalé e seguiu em direção à Casa Grande. Se encontrasse um dos diretores, preferencialmente o centauro pelo seu bom humor, Liodas solicitaria o serviço do gigante de muitos olhos. De acordo com o mito, ele era um servo de Hera e, portanto, deveria estar sempre disponível para auxiliar os devotos da Rainha do Olimpo.

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Poderes utilizados:

Defeitos e Qualidades:

Não havia júbilo para Liodas em uma viagem de avião. Diferente da primeira vez, faltava-lhe entusiasmo por estar trafegando pelo território celeste, domínio do Rei do Olimpo. A ausência de deleite também ocorria com sua mais nova missão. Ele se sentia como um servo dos deuses que somente assente com qualquer ordem dos imortais, seja grandiosa ou não.

“Resgatar um alicate… Alicórnio!”, refletia enquanto assistia o mundo do alto atrás de uma janela de avião. A possibilidade de ser uma punição por comandar de maneira cruel os seus irmãos no chalé XX fez parecer compreensível, em sua cabeça, que seria o escolhido por uma deusa para encontrar e recuperar um animal mágico. “Nem acredito em karma”. O albino bufou, borrando a imagem da cidade no vidro.

Durante o voo, era noite na Nova Zelândia. As estrelas permitiam o semideus se localizar em qualquer nação do mundo, um dos ensinamentos de sua matrona. Todavia, ao deixar o veículo aéreo, o Sol começava a emergir no horizonte. A luz das demais estrelas foi superada pelo ego de Apolo.

— Saudade de Las Vegas — comentou o albino perceber que estava num lugar quase oposto ao país dos cassinos. Quiçá isso facilitasse encontrar um circo, visto que não deveriam haver tantos em um lugar como esse.

Levando suas malas, uma de rodinhas contendo roupas para se trocar e uma outra ainda maior nas costas com sua tesoura, o rapaz mudou sua aparência para algo que se encaixasse bem com da população. Ele não tinha muita certeza de que camiseta laranja com “Acampamento Meio-Sangue” quase escondido por um blazer branco estivesse na moda da Nova Zelândia, por isso preferiu não se arriscar e então se passar por alguém normal do país. E, para evitar um pouco da atenção que recebia, também mudou a cor de seus cabelos brancos para pretos.

— Com licença — disse o pseudo moreno à primeira pessoa que conseguisse se aproximar. — Saberia me dizer onde fica o circo que tanto falam? Vim de longe por causa dele e perdi o mapa que fizeram para mim. — Usando sua falsidade digna de um escolhido de Hera, Liodas deixou uma risada triste parecer que escapava de seus lábios. Ele queria fazer com que a pessoa acreditasse em sua situação. — Acho que nem com o mapa me ajudaria, sou terrível em me localizar. — Com essa informação falsa, ele desejava conseguir uma explicação muito clara de onde poderia encontrar o circo em que o alicórnio estava, pois, caso não dissesse que era ruim em encontrar lugares, poderia receber apenas o nome de uma rua e um ponto de referência difícil de encontrar. Ele queria toda informação possível para não parar no lugar errado. — Então? — Para provar que estava muito envergonhado com isso, apesar de não estar, o semideus deixou estampado em sua face que faltava muito pouco para ele começar a chorar.

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