Tristan vs Erack

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Snow Son

Já era a quinta esquina que eu virava, mas ele continuava na mesma direção que eu. Definitivamente aquilo não era coincidência.

Dei por conta de sua presença enquanto tomava um café. Ele entrará na loja quando entrei e saiu exatamente no momento em que sai, depois disso, entrei em mais duas lojas sendo seguido de uma distância segura do outro. Usei as superfícies reflexivas ao meu redor para acompanhar seus passos, dei voltas no quarteirão, mas ele não desgrudou, mantendo-me sempre no seu campo de visão.

Em dado momento, eu resolvi que era momento de enfrentá-lo. Podia ser qualquer um. Um agente da polícia, que conseguira me identificar nas câmeras de segurança, o que eu duvidava muito. Suzan não conhecia minha verdadeira identidade e eu apagara os arquivos das imagens de segurança da casa dela e liberara um vírus no servidor do provedor da empresa de segurança, que não era lá tão segura, na verdade.

Podia ser Seraph, ou até mesmo outro membro da Black Cape, ainda no meu rastro por causa da morte do meu pai. Podia, na verdade, nem mesmo ser humano, monstros disfarçavam-se bem em meio à multidão. Seja qual fosse o autor, estava na hora de encará-lo.

Virando num dos becos,  finalmente encarei minha sombra, um garoto de cabelos verdes ouvindo música alta em seus headphones que adornavam seu pescoço. O menino tinha um rosto melancólico, um corpo franzino e fracote. Entretanto, eu sabia que tudo podia ser possível, e eu já aguardava o pior.

— A que devo a honra? — Eu perguntei, meus gestos educados como sempre.

Minhas armas estavam, como sempre, ocultas e prontas para serem sacadas.

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Snow Son

Ok. Existem pessoas normais demais, exóticas como eu e estranhas como Tristain. O fato do menino estar com os fones de ouvidos era uma tremenda falta de educação, o que não fazia qualquer diferença para mim, mas ele desejava conversar, o que era bem difícil com toda aquela barulheira, mas o que fazer? Eu era um ladrão, um farsante e, por vontade do destino, um assassino. Acho que poderia me considerar uma pessoa perigosa, mas isso geralmente dependia da outra pessoa.

— Bom... — Comecei educadamente, prestando bastante atenção nos movimentos do garoto. — ....Isso geralmente depende um pouco de você... — Meu tom calmo e educado, quase cortês. — ...O que você considera uma pessoa perigosa, por exemplo? — Devolvi a pergunta. — ...O quanto você mesmo seria perigoso? — Um sorriso em meus lábios.

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Snow Son

Claro que ele me atacou. Ultimamente eu devia estar com um alvo desenhado nas costas escrito: "Cem pontos se acertar esse cara", mas graças a isso eu estava sempre preparado para um novo golpe, por isso, usando o garoto simplesmente resolveu que podia lançar a corrente na minha direção, eu não me surpreendi, usando meu perfeito equilíbrio para me esquivar para esquerda, sacando duas facas de arremesso que cortaram o ar na direção do garoto.

— Sério? — Eu soltei, um sorriso debochado em meu rosto. — Depois eu sou o perigoso...

A temperatura começou a baixar no local, a respiração começando a formar nuvens de vapo, conforme eu respirava. Tratei de tirar o sobretudo, exibindo a camiseta e as facas de arremesso, atadas aos coldres na minha perna. Minhas adagas estavam presas nas costas, mas eu preferia manter alguma distância do garoto.

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Snow Son

Vi uma rara habilidade. Nunca antes havia testemunhado alguém esbanjar tanta graça ao controlar uma corrente, eu tinha que admitir, o verdinho sabia o que estava fazendo. A névoa invocada parecia estar sendo dispersada pelo giro das correntes, e nem falemos do quão decepcionante foi a defesa contra as minhas facas.

Eu podia ampliar o desafio, eu ainda não sabia exatamente o que o garoto pretendia, mas suspeitava que aqueles ataques não passavam de um teste, que eu não estava particularmente interessado em passar, ao menos não por hora.

Me concentrei no frio, que já nos envolvia, e soprei como se fosse o próprio Bóreas, ventos frios castigaram o beco e a neve começou a cair, meu colocar do Norte ocultando-me e me fazendo desaparecer.

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Snow Son

Não imaginei que aquilo seria possível. Quando a neve nos rodeoou eu tive certeza estar em terreno seguro para mim, mas o filho de Thanatos era alguém totalmente diferente do que ja havia tido a oportunidade de enfrentar.

Minhas mãos estavam atada, mas ainda existia uma forma de escapar. Da mesma forma que o meu oponente não se sentia muito piedoso eu também não podia dizer que era. Manipulei o gelo que já nos cercava e fiz com que duas estacas de gelo flutuasse próximo ao pescoço do outro, enquanto a partir de minhas mãos toda a corrente era condensada.

- Afinal de contas, o que você realmente deseja! - Perguntei, meu rosto um esquife de gelo. Eu não estava muito feliz com a situação, mas não gostava nem um pouco de correr risco de vida.

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Snow Son

Afinal, qual era o propósito daquilo? Se ele quisesse me matar já teria feito, havia tido mais de uma oportunidade para isso. Meu gelo não parecia surtir muito efeito no garoto e od esespero estava começando a me deixar louco. Talvez pudesse tentar mais algum movimento, talvez ele estivesse brincando comigo, para, só então, dar o bote final, como um gato faz com o rato.

Fiz o impensado, correndo na direção do garoto. Tentaria derrubá-lo e ficar por cima dele, mesmo sem conseguir fazer muita coisa, já que minhas mãos estavam atadas, mas eu não ficaria simplesmente olhando o outro me humilhar tão facilmente. Eu tenho uma reputação a zelar.

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Snow Son

As correntes apertaram, enroscando-se feito jiboias famintas, preparando-se para triturar os ossos de sua presa até que pudesse engolí-la inteira, a presa reduzida a um saco de ossos triturados e músculos remodelados.

Por onde passava, a corrente lacerava e feria a carne, pressionando meus músculos, atrapalhando minha circulação até que meu corpo estivesse em seu estado de quase morte. O que seguiu-se foi o alívio de respirar novamente, quando o rapaz libertou-me do aperto de sua corrente assassina, anunciando que alguém havia pedido a libertação dos filhos de Khione.

— E vocês aceitaram? — Fora a pergunta que consegui formular, após os danos tão cruéis. — E se aceitaram, o que isso quer dizer, exatamente? — Minha mente estava tentando trabalhar em um plano de fulga, eu precisava sobreviver, aquele menino podia me matar a hora que bem entendesse.

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