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MOP - Retiro - Pseustes

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Mensagem por Hipnos Ter Fev 28, 2017 5:55 pm

Retiro
Conhecendo-se
Pseustes pedira permissão aos deuses para poder sair em retiro espiritual, afim de se encontrar e se conhecer além daquilo que ele aparenta ou tem domínio sobre. Com essa decisão, o garoto-deus deixara o Campus, apenas com seus itens base e a roupa do corpo, rumo ao desconhecido....

Haymon Derrier


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Mensagem por Pseustes Qua Out 18, 2017 5:10 pm




Introspecção



Os dias no acampamento estavam cada vez mais maçantes e longe de minhas preferências como diversão que vale a pena ser feita. As brigas com os escolhidos de Hera foram pouco a pouco sendo comentadas até que chegassem aos ouvidos do coordenador que veio falar comigo em sua voz paternal irritável para órfãos. O máximo que consegui para livrar-me dele foi dizer promessas que não podem ser validadas por ninguém, o que me dá o livre arbítrio de não cumpri-las por serem vagas demais, e um tempo de descanso daqueles seres repugnantes que vivem no campo.
Três dias depois de nossa conversa fastidiosa um sátiro apareceu no chalé de Hermes a minha procura segurando um envelope branco com letras cursivas do excelentíssimo senhor diretor. Lá dizia baboseiras como estamos de olho em você, melhore seu comportamento, sua existência depende de mim e um terá cinco dias de folga para mudar sua persona.
Achei aquelas últimas palavras ridículas e desnecessárias para alguém como eu, odeio que me comparem aos mortais somente porque dependemos deles para umas poucas coisas. Diferentemente deles, nós, novos deuses, podemos interferir quase que completamente direto nas vidas dos humanos, algo que invejam até a morte. Como não queria esperar nem mais um microssegundo para estar longe daquelas pragas sai o mais rápido que pude daquele lugar sufocante, não sem antes colocar um pouco de medo nas crias de Hermes e os indefinidos. As únicas coisas que foram minha jaqueta, minhas adagas e a faca de bronze que ganhei ao chegar, nada mais seria necessário.
Aportei na cidade de Beirute, costa do Líbano, para chegar ao meu destino de recesso. Viajei pelo mar porque Posidon era, aparentemente, o único dos "maiorais" olimpianos que tinha menos asco de mim; o único que não havia nenhum motivo para odiar-me que ele saiba ou eu lembre.
Minha viagem de barco fora rápida e em menos de um dia atravessei o Oceano Atlântico, uma empresa marginal de seres aquáticos para transportes de urgência secreta pelo mar foi meu trunfo. Como a descobri? Isso não convém para ser dito. Dessa cidade segui para o continente africano querendo pensar em tudo que vinha acontecendo com minha existência nesses éons. Cansei de fingir apoiar o Olimpo quando na verdade eu preferia vê-los destruídos por tudo que me fazem passar.
O crepúsculo derramava-se em vermelho-sangue e laranja-fogo no horizonte de cores intensas sem alguma emoção que não fosse sedução desinteressada de quem admirasse. Porém, sou excluído do rol de afetados por causa de meu humor, prefiro ver alguém sofrer a ter compaixão deles. Tropecei numa pedra e caí no chão sentindo uma dormência percorrer minha perna e espalhar pelo meu corpo inteiro, alguns segundos passaram até que pudesse levantar novamente.
Quando consegui ficar de pé olhei para todos os lados à procura de alguma pista que pudesse explicar a causa de minha queda e paralisia temporária. Nada encontrei que indicasse meu estado além de uma pedra azul brilhando de forma esquisita. Peguei o objeto mineral raro e observei em minhas mãos todos os ângulos possíveis testando suas propriedades físicas, uma mera lápis.
Pouco tempo depois já não restava mais opções em minha mente quando houve um pequeno tremor no solo que despertou meu sentidos aguçados. Imediatamente fui transportado para um jardim esmorecido onde uma pessoa estava assentada em um banco de ossos roídos ligados por uma gosma verde neon.
-Atravessar a porta requer que você tenha os três objetos. -disse com voz rouca. Parei onde estava procurando a porta que não havia escutando atentamente as palavras da divindade. Somente uma poderia transportar outra daquela forma, entretanto, eu não a conhecia. -Cada um representa algo que o forasteiro quer, mas não pode obter. Teria que ganhar algo que nem quer que faça parte de si para conseguir o anseio.
Esquadrinhei o possível deus inquirindo mais respostas, querendo saber o que me aguardava no futuro. Minha humilde presunção indicava um baita problema a caminho! Sem mais delongas dramáticas ele terminou lançando um pedaço de madeira ocre para mim que peguei no ar.
-Tome a chave de freixo, vá em busca da árvore do deserto e conheça a si mesmo.
Após isso, todo o local distinto derreteu como cera em lugar muito quente. Percebi que meu próprio corpo também escorria como água e acordei em pé na entrada de uma cidade da Arábia.

Depois de muito procurar pela cidade e sua circunvalação nada de encontrar a dita árvore do deserto ou alguma pista que pudesse me levar a minha dica secreta.
Estava andando por entre aquelas ruas de labirinto da Arábia, procurando o tal camelo de vidro ao perceber um garoto tentando esvaziar o bolso de minha jaqueta, logo eu que sou o vigarista-mor destas épocas. Pensava em como tornaria minha mente num emaranhado de rotas para invasores quando segurei a mão nem tanto furtiva dele. Sentia seu medo juvenil permear no sangue fazendo o corpo soluçar silenciosamente com a pressão situacional.
O deleite era tão grande que minha boca formigou com a lembrança do néctar divino, a bebida dos deuses era una das poucas coisas que externavam esse sentimento revigorante em meu ser. Ele tentou soltar e se distanciar do aperto, todavia, não gritaria sabendo que seria pior para si mesmo as punições severas naquele país de costumes tradicionais e intolerantes.
Observei-o da cabeça aos pés e torci o nariz diante da repulsa que senti ao perceber que ele era um descendente direto de Hera, de alguma forma ele tinha as graças dela. Pensei em dar fim aquela mísera vida mortal enquanto o arrastava até o primeiro beco depois da esquina movimentada. Aprendi algo com Dolos que qualquer um dos deuses consegue desenvolver: sentir a presença de alguma divindade em humanos, especificamente sua ascendência.
"Se quiser pegar algo de alguém terá que ser melhor em seus furtos, semideus."
Ele me encarou surpreso com a abordagem séria e de súbito começou a tremer temerário com o que viesse a seguir. Meus planos para ele afetavam diretamente a vaca que o protegia, planejava torná-lo um seguidor meu.
"V..v..você é um dos monstros?" perguntou com receio em sua voz de criança.
"Não, sou aquele a quem você será eternamente grato."
Nas seguintes horas transformei aquele ladrãozinho inocente em um ludibriador de primeira categoria com certificação de Pseustes. De certa forma identificava-me com aquele humano órfão de pais rejeitado pela sociedade onde vivia às margens.
O sol estava alto quando nos abrigamos embaixo de uma sombra e ele começou a derramar lágrimas poucos minutos depois que terminei de falar algumas últimas técnicas de furto para Amir (nome que descobri posteriormente). Interroguei-o a respeito do motivo, estranhamente não tinha falado do modo áspero e cheio do sarcástico de sempre tentando entender sua tristeza. Sem muito mais cerimônias sentei recostado na parede do beco enquanto ouvia a narração infeliz do garoto cabisbaixo.
Relutantemente, meras gotículas de água turvaram minha visão e logo as limpei para que não vissem minha comoção sincera demonstrando simpatia. Através daquele mortal frágil pude ver que nem todos eles são voltados para o próprio umbigo, uns deles tem sua vida mais parecida com a nossa, os deuses, e que talvez poderia permitir sua aproximação algumas vezes somente para se confessarem a alguém que é tão rejeitado quanto.
Todavia, nada desses pensamentos significaria mudança imediata ou abandono completo de minha enraizada dúvida dos seres humanos e de qualquer outrem.
"Quero que fique com isto como sinal de minha devoção, receba como minha primeira oferta. "
Amir puxou algo da túnica e entregou um pingente de árvore e suas raízes dentro de um losango feitos de vidro bege amarrado a um cordão fino de couro curtido marrom. Não demorei para aceitar e logo guardei em meu bolso. Ele saiu correndo rumo às ruas estreitas e ao olhar para trás vi o sorriso medonho que o garoto deu e era o de um verdadeiro ladrãozinho que dificilmente seria pego.
Senti satisfação em ver as pessoas dando conta de que foram roubadas e não sabiam quem foi. Antes que fosse embora lhe disse sobre o Acampamento Meio-Sangue e que estaria esperando ele caso decidisse ajudar em meus planos. Segui meu caminho agora com a árvore do deserto para encontrar com o ex-padrasto do garoto.

De frente para a construção de blocos metálicos e porta dupla de carvalho encarei a estrutura que protegia o homem que destruiu a vida de meu novo protegido, promessas são perigosas se não forem bem utilizadas. De certa forma sentia uma ligeira empatia pelo garoto que como eu teve que aprender a se virar na vida de tantas maneiras possíveis. Bati a aldrava de bronze e esperei ser atendido.
"Que deseja?">/font> Perguntou um dos porteiros que protegiam a entrada.
"Falar com Abdul Salazar, o mercenário."
"Da parte de quem?" Continuou o guarda com o inquérito.
"Podes dizer que vim fazer uma proposta."
Após um longo tempo quase plantado e regado ali os portões foram finalmente abertos e minha entrada permitida para que eu resolvesse esse assunto pendente. Não deixaria barato o que ele fez a Amir, não depois que tomei as dores do garoto. Podia não ser tão bondoso quanto Albafica ou compreensivo quanto Khallos, nem tão atencioso quanto tantos outros, mas resolvi pelo menos uma vez ajudar alguém e foi logo uma simples vingança que se tornou pessoal após umas palavras com ele.
"Quem será o devedor que não está na lista?" Iniciou o mercenário seu monólogo rústico e despreparado para divindades. "Camones? Hilaja? Zumbambi?"
"Vim aqui para resolver assuntos de meu chefe." Menti para o homem iniciando um de meus talentos natos, o de atuar. "Ele deseja aliar-se aos seus negócios e planeja investir uma alta quantia em teu empreendimento na troca de que forneça fim aos inimigos em comum."
Vi os olhos gananciosos dele brilharem com o discursso, mas apreensivo em aceitar sem parecer desesperado. Abdul estava com seu pequeno império em decadência desde que se iniciaram as guerras nos territórios vizinhos do país e como qualquer um temia a ameaça de que seu poder fosse suprimido.
"Quais garantias poderá dar de não ser um espião?"
"Terá uma confirmação da riqueza de meu senhor trazendo um dos itens mais raros de todo oriente, sangue de ifrit."
Terminada nossa conversa cheia de olhares desconfiados fui onde saberia que seria encontrado, minha aura sobrehumana atrai muitas coisas estranhas.

Aqui assentado em cima da casa feita com barro e palha, fechei os olhos e pensei nos significados que a vida oferece para cada objeto, cada ser vivente na face da terra. Reconhecia haver alguém acima de mim e que não poderia explicar como sua influência ou abrangência de seu poder me afeta diariamente. Ainda de olhos fechados respirei fundo e expirei bem devagar sentindo o vento soprar seu abraço quente em minha pele fria.
Nesses momentos esqueço de tudo ao redor e concentro meus pensamentos naquele que está sempre pronto a ouvir meu chamar, deixo as chamas que habitam no fundo da alma espalharem-se pelo meu corpo para que me sinta "normal", com o direito de estar vivo. Mas não é algo que eu conte para outros.
No entanto, a temperatura estava subindo drasticamente em poucos segundos para a madrugada de uma cidade próxima ao deserto onde seu clima continental passa de mormaço a gelo do dia para a noite. Ao além, meus olhos logo de longe avistaram uma criatura de feições humanas recoberto de fogo como se sua própria pele fosse uma armadura flamejante. Sabia que ela viria até mim, pois aqui nesse local sou eu o intruso em seu território. EU sou o grego em terra árabe. No portão da cidade uma mulher entrou gritando "Ifrit!! Ifrit!! Ifrit!!" e preparei meus equipamentos para a chegada do meu oponente, uma besta do fogo.
Apesar de ser um deus grego procurava conhecer os concorrentes de grandes antagonistas. Derrotar um demônio árabe não seria fácil, se você usar regras ao invés de querer jogo sujo. Sou uma personalidade multifacetada, desconsiderando colocar as cartas às limpas. Lembrei das palavras de um poeta dizendo que para passar pelo portão precisava da essência do fogo em mim: incendeie-se, mas sei que já tenho, então só estava mesmo ajudando um salafrário para passar a perna nele.
Deslizei para fora das mangas minhas adagas Treack e Treat preparando-me para a batalha ao passo que o ser de fogo começou a correr em minha direção. Corri destemido e saltei diminuindo a longa distância que havia entre nós pousando praticamente em cima de seu peito e jogando-o a alguns metros para trás. Ele rugiu como um cão infernal e as chamas intensificaram-se violentamente criando um círculo de fogo no raio de um quilômetro como uma arena imaterial. Fui ao seu encontro desferido golpes com as lâminas e, desviando de alguns golpes, acertei-lhes aleatoriamente da mesma forma que era atingido por algumas estaladas do chicote inteiramente de fogo que ele havia criado para dificultar minha aproximação.
Nesse vai e vem de cortes, chicotadas, saltos, fogo e sombras, nós ficamos até o crepúsculo do amanhecer lutando um contra o outro com a morte como decisão final. Naquela dança da guerra lembrava das palavras tristes e quase inaudíveis sobre a história do garoto, rejeitado pelo padrasto como eu após ser descoberto que não era o verdadeiro pai. Eu não deveria ser afetado por seus sentimentos, haviam muitas vidas renegadas pelo que deviam chamar de família, entretanto, passar esse tempo todo muito próximo deles afeta profundamente os deuse de maneira inimaginável, principalmente os novos que surgem no meio dessas grandes mudanças. Ele era seu pai benevolente até dfescobrir que seu filho era um meio-sangue der outro, era o meu padrastro.
Ele deu um soco no meu rosto e jogou-me contra a parede de uma das casas próximas e perdi a paciência letal que guardava para grandes crimes. Uma explosão de fúria tomou conta de mim ao ser jogado contra a parede daquela forma e deixei que toda aquela raiva permeasse pelo sangue dourado correndo nas veias e evaporando através da pele. Vi meu suor se transformar em fogo e fazer o árabe ser pego desprevenido com a surpresa. Sem mais pensar deixei-me levar pelo desejo de sangue ao permitir minha sadicidade ser mostrada a quem não conhecia realmente Pseustes.
O meu corpo acelerou-se com a adrenalina divina e alguma coisa a mais impulsionava meus movimentos. Talvez fosse meu patrono secreto dando um bônus nas minhas ações, eu também queria terminar logo para matar o reles mortal Abdul Salazar. Em piscar de olhos estava na frente dele e com uma força que não tinha normalmente cortei sua cabeça na maior felicidade que geralmente era fingida para quem me olhasse.
Desabei no chão ao ver que só restava um tubo de vidro no chão poeirento.
Ofegava de cansaço após a vitória contra o Effrait, esperando alguma recompensa dos deuses pelo meu ato altruísta. Duvidava muito que aqueles soberbos fossem dar alguma coisa a quem realmente merecia além de um frasquinho com um líquido alaranjado com veios de escuridão, pela primeira vez torcia que fosse algo que fosse útil para um deus das traquinagens. Nesse caso, líquido dos Asfódelos.
Levantei do meu lugar sacodindo o torpor do corpo e andei pelas ruas semi vazias daquela cidade esquecida, passou da hora de voltar meus passos até o vigarista. Ele não precisava saber o porquê de que seria morto, só uma mínima desavença bastaria.

De volta àquela edificação de metal e pedras não esperei para ser anunciado forçando minha entrada ao abrirem o portão férreo. Alguns soldados apenas com espadas ou lanças quiseram em impedir, mas eu estava com a adrenalina mítica percorrendo o corpo. Eu não queria brincar com eles dessa vez e usei da minha velocidade acima da deles socando seus rostos, traqueias, clavículas e o que mais foram aparecendo na frente.
Parado no meio do salão onde Abdul estava depois de ter arrombado a última porta respirei fundo sem refletir muito nas desvantagens do que faria a seguir, às vezes doía ter de me transformar em outro ser ainda maior do que eu. Para arrombar esse portão sem trancas era melhor um monstro grande e muito resistente que dilacerasse eles rapidamente ao atravessar o bloqueio. Concentrei meus pensamentos em um dragão e a pele formigou na sensação de mudança para uma carapaça de escamas mais duras que o aço.
No entanto, nada do corpo estirar para os cinco metros de altura da besta com ossos perfurando a carne para estenderem-se asas das omoplatas. Caí de joelhos no chão apoiado nas mãos com o esforço que fizera, senti a magia interrompida e minha energia sendo barrada de minha essência divina. Se eu fosse lutar desta vez não poderia recorrer à fontes que dispensassem esforço físico.
"É isso que se ganha por não obedecer a mim, seu bastardo. Essa pedrinha aqui fundida de esmeralda e grafite é capaz de bloquear a mágica de quem eu quiser." Ele disse mostrando um anel encantado de prata, o metal dos renegados e traidores, com uma pedra de cor cinza-esverdeada. "Veja sua aparência deplorável, não duvido que ela seja um mero reflexo de sua mente incapaz."
Um trapaceiro vencendo a trapaça não seria o modelo a ser indicado para o público geral, apesar de todos os motivos eu tinha uma reputação a zelar perante a sociedade mitológica. Se ele pensava que alguém sairia daqui vivo depois dessa humilhação que me fez ser o protagonista estava mais do que enganado, porém eu sou o deus dos vigaristas e sei a melhor forma de combater a ganância. De pé e sorriso no rosto parabenizei-o com palmas sarcásticas adquirindo a compostura de alguém que não fora afetado pelo truque ardiloso e pus-me a "negociar" com o salafrário do Salazar. Ele queria poder sobre quem conseguisse e era nesse ponto que ganharia minha passagem de ida.
"Se queres um servo deverá conquistar o direito. Proponho um desafio a vós, em troca da sua vitória dou-lhe meus serviços e o de meus próprios servos."
Eu não tinha nenhum colaborador nesses termos, mas ele não precisava saber disso ou que era contra conquista de direitos pelo modo difícil ao preferir os jeitinhos mais fáceis.
"E se você ganhar?"
"Estou livre de sua escravidão e te deixarei viver." Por pouco tempo, mas não precisava saber disso também.
"Então escolherei o desafio. Matias." Ele chamou um de seus defensores para perto e o soldado com um sorriso tolo começou a tamborilar os dedos no cabo da espada semi curva pendurada à cintura fazendo uma saudação de punho fechado com a outra mão livre.
"Esse é o melhor espadachim que tenho em todo o meu território e faz parte de minha guarda pessoal. Quero um duelo de espadas."
A expressão facial que custei a evitar para manter o rosto indiferente fora esta: MOP - Retiro - Pseustes 3320542105. Sou ótimo com lâminas de vários tipos que estejam resumidas a pequeno e médio portes como facas, facões, adagas, cutelos, estiletes, sais, e tantas outras nessa linha de raciocínio. Qualquer outra arma que não seja desse tipo pode ser considerado um desastre em minhas mãos. No entanto, não daria o braço a torcer para ele ou qualquer outro que desafiasse.
"Está bem."
Eles me ofereceram uma espada de cabo revestido em couro e a lâmina parecendo uma foice. Recusei. Preferia minhas adagas, mas como era lâminas mais longas usei um dos truques que Dolos ensinara, como era um dos mais bobos que havia aprendido deu para enganar as forças por trás do anel dele, não era magia só uma 'ilusão' equivalente das próprias adagas unidas para formar uma espada pouco maior que meu braço. O homem do jardim que me dera a chave ajudou para liberar o sobrenatural, senti o objeto esfarelar no bolso depois de usado.
"Como conseguiu fazer isso?", exigiu o anfitrião.
"Não é magia", menti. "É só propriedades naturais da arma. Vamos logo com essa luta."
Matias desembainhou sua espada e veio segurando-a com as duas mãos na lateral do corpo como se tivesse treinado a vida toda para tal, o que a julgar me parecia verídico diante dos fatos. Da mesma forma despreocupada girava minha espada até o meu oponente sem tanta experiência em ver batalhas quanto eu. Assim iniciou nosso pequeno embate naquela sala do palacete de Abdul.
Ele começou sua corridinha e me questionei o por quê? de sempre correrem antes de cada batalha, talvez seja porque precisem converter a adrenalina e espalhar pelo copo para receberem aquele gás.
Posicionei os pés tranquilamente um atrás do outro com espaçamento de um metro entre eles e o tronco ereto com os braços levemente curvos acima da cabeça ao estilo esgrimista. Com o movimento de laçada ao girar o corpo acertei-lhe a espada para defender o golpe adversário parecendo que eu era razoavelmente bom como oponente páreo quando, na verdade, imitava uma das cenas que vira a algum tempo atrás no fim do século XVIII, sou apenas um pseustico ator brilhante.
Em dado momento perdi o equilíbrio e por muito pouco, não fossem os meus reflexos gatunos, estaria escalpelado no alto da fronte sinalizando a perda do cabelo como um farol indicando o caminho aos navegantes do mar. Várias foram as situações que ficaram evidentes meu insucesso e minha inabilidade com a arma, mas sobrevivi o suficiente, e sem ferimentos, para acertar a perna dele e derrubá-lo no chão. Matias era muito certinho para apunhalar-me pelas costas e desonrar seus juramentos de cavaleiro.
"Venci." disse, por fim, a Abdul Salazar quando derrotei seu servo. "Agora quero que jure pelo Estige que morrerá pelas mãos dele por poupar sua vida."
"Isso é um ultraje! Jamais farei isto."
"Então, está bem."
Fiz a festa regada de sangue, velocidade e adagas ao mutilar os guardas que estavam na sala espaçosa para que fossem empilhados e queimados a beira da inconsciência. Deixei o líder deles por último para que aproveitasse as cenas seguintes de seus comandados sofrendo. Guardei as lâminas após limpá-las nas cortinas próximas do pequeno trono que ele estava assentado antes e puxei a faca escondida sob a calça para um trabalho mais minucioso.
"Isto é para aprender que não se deve negar os desejos do deus dos ilusionistas."
Acabei com a vida dele ao deslizar a faca pela sua jugular fina. Antes que eu saísse da sala que agora decorada em vermelho-rubro e pedaços de corpos uma pequena criatura achegou-se para perto do cadáver de Salazar. De feições caninas diria que era um coiote ou algo parecido porque depois que peguei um bilhete na mesa de canto e atravessar a porta ouvi os sons de pele sendo arrancada. Deixei que ele se alimentasse, pois até mesmo esses abutres sem asas precisam de alimento e nada mais justo do que carne de quem não me escuta.
Ao sair do palacete egocêntrico daquele canalha estava satisfeito com os serviços prestados, uma troca por assim dizer. Dei o frasco e roubei-lhe a vida, e depois o frasco. Desconfiava de todos que se achegassem a mim e com Abdul Salazar não fora diferente, fiz um pacto comigo mesmo de jamais confiar em ninguém além de mim. Sentia o tubo de vidro quase não pesar em meu bolso esquerdo enquanto andava pelo saguão do hotel mais alto de Dubai; o convite em cima da mesa de Salazar chamou minha atenção e quis saber quem seria Mrs. E. e o que poderia tirar de vantagem.
Ao entrar no quarto 7571 vi uma mulher de cabelos morenos e pele pálida que reconheceria sua aura caótica em qualquer lugar de longe. Uma das tias que mais admirava no trabalho com as palavras, mas que jamais falaria em nenhum tom de voz ou hipótese.
"καΙιμέρα. Não imaginei que o veria tão cedo, querido." Ela bebia algo em sua taça com a maior face sínica que já vira.
"Olá Mrs. E., ou deveria dizer, Éris."
O sorriso dissimulado apareceu no rosto da deusa da discórdia como em todas as vezes que tinha algo planejado em sua mente engenhosa tanto quanto a minha. Os fios de cabelo ondulando ao lado do corpo estendido no sofá daria um ar distraído a alguém que desconhecia a peça.
"Não olhe como se fosse inocente. Você sabe que é o meu sobrinho favorito." Fiz uma cara de desgosto, mas não passava de encenação. Gostava dela por mais que negasse, era a mãe das Pseudas, as primas mentirosas mais próximas a mim durante toda minha infância humilde. "E como vão as coisas no acampamento? Nunca mais passei por lá para uma visitinha."
"Mal posso esperar para livrar-me deles."
Não adiantava mentir para a discórdia, do mesmo jeito que saberia distinguir quando ela está mentido a intuição é recíproca. Apáte, Aleteia e Éris eram as únicas deusas de todo o panteão que saberiam diferenciar uma inverdade da minha boca.
Conversa vai, conversa vem e o falatório parecia mais com um interrogatório de uma investigação em que minha pessoa era o maior suspeito. Não gosto disso. Fui esquivando de perguntas que os assuntos eram do tipo "Quantos semideuses feriu?", "Quanta confusão já arrumou?", "Ehratos é o seu novo brinquedo?", "Decidiu quais mentes vai enganar?", Dionísio surtou contigo?", "Kheiron ainda caduca?". Algumas delas fizeram minha mente divagar por questões que nem sei dizer o motivo de afetarem o pensamento de tão incomodado que fiquei. Por fim, disse a Éris algo inesperado e inconsequente para se dizer a quem sempre cria confusões e intrigas no meio de qualquer um:
"Estou com tantos problemas que nem imaginas." Fora o suficiente para que ela calasse a boca por um tempo. Estávamos desacostumados com a honestidade e como reagir a ela. "Como se não bastasse ter de viver em constante reprovação dos Olimpianos tenho de suportar viver rebaixado com meio-sangues supérfluos."
"Preço por títulos que não escolhemos, querido. As Velhas sabem manipular pessoas e deuses melhor que nós."
"Estou cansado de sempre ser acusado de toda bagunça que acontece no lugar pelo fato de minha mãe ser Apáte. Nem sempre gosto dessa fama."
"E de pai Hermes." Ela disse de olhos faiscando por uma discussão.
"Ainda tem esse que não liga para os descendentes. Todos verão quando eu roubar sua essência e tomar seu lugar no Conselho."
Éris deu um breve aceno de cabeça aprovando minha ambição cuidadosamente planejada. Não havia nenhum deus menor que estivesse satisfeito com seu cargo, lá no íntimo de cada um ansiavam por mais poder e uma posição elevada acima de todos. Percebia dentro de mim que podia também ter o domínio sobre a ambição alheia, todos que a tem são de mentalidade torpe e fazem de tudo para conseguir o que desejam ludibriando outros, forçando situações que os favoreçam sem importarem com as consequências. Sem dirigir mais nenhuma palavra fui saindo do apartamento andando pela sala pós-modernista até que a discórdia disse palavras que me fizeram pensar seriamente em como era meu relacionamento com os semideuses.
"Cuidarei para que tenha o apoio necessário. Em nossa existência precisamos de aliados, mesmo que não confiemos neles."
Ao descer do prédio ele já não existia e tudo ao redor não passava de um amontoado de dunas, uma ilusão ou a realidade? Ela era realmente boa quando se esforçava para criar o ambiente perfeito aos seus planos. Somente uma bandeja em cima de uma coluna quebrada restava de tudo aquilo com um pergaminho posto ao centro dela um fio dourado enrolando o objeto prendia sua estrutura.
Ao desenrolar o pergaminho seguro em minhas mãos e estende-lo para abrir completamente percebi que simulava uma imagem em quebra-cabeça e uma parte em forma de losango lhe faltava bem no centro. Somente, então, percebia que aquele pingente em meu bolso completava a figura de um homem que flutuava entre um abismo infinito acompanhado por fogo e sombras embaixo e um palácio branco com uma árvore.
Retirei o complemento do bolso e quando inseri a chave no lugar em que deveria ser encaixada as cores da imagem embaralharam e mudou-se a paisagem retratada. Agora o que via era um homem segurando uma arma apontada para uma enorme raposa de pelagem indistinguível, pois mudava muito.
Os gregos também são muito famosos pelas suas representações em artefatos de uso como taças, jarros e etc., mas um pergaminho era obra de outros tempos mais antigos. Mesmo assim aquele objeto não deixava de incomodar algo bem lá no fundo nos recôncavos de minha mente. O sentimento de ter a vida exposta por alguém daquela forma deixava meu eu no meio de um paradoxo; sempre entre dois mundos opostos, duas linhas de pensamento que definiam qual lado escolheria. Podemos resumir como Khaos e Calígena, a luz e as trevas no infinito que cada um quer carregar.
Após entender a imagem com mais clareza a visão ao meu redor começou a entrar em desfoque e os meus outros sentidos estavam embaralhando, essa nova aventura teria de esperar uma ocasião mais oportuna porque meu tempo acabava. A paisagem oscilava entre o deserto em que me encontrava e a mata virgem de uma floresta equatorial ainda não explorada pelos mortais. Peguei a pedra de jaspe no bolso oculto da minha meia, perto de onde escondia a faca de bronze, e apertei com força em minha mão até que ela esmiuçasse jogando o pó restante no espaço frente a mim e com uma arfada de ar inspirado tossi a ilusão para fora do corpo.
Abri os olhos ainda zonzo pela quantidade de dias inerte na mesma posição de pernas cruzadas e mãos apoiadas nos joelhos. Levantei do chão recoberto de folhas secas e relva úmida típica da floresta do acampamento espreguiçava o corpo atlético sendo observado pelas dríades Albafica poderia me matar de ciúmes por mexer com elas assim enquanto caminhava de volta a minha sugestão de suplício aos deuses, melhor que ter um futuro não controlado por mim nalgum lugar do Tártaro longe de onde poderia forçar devotos e me divertir com a mente dos humanos.
Ao estar próximo das cabanas vi Ehratos vir em minha direção, mal podia conter a felicidade que seria ao sair desse acampamento infernal e livrar-me de pessoas como ele e os outros novos deuses e semideuses. Mas como tinha de manter as aparências para que isso ocorresse o mais rápido possível, pois eu estava sendo observado por todos, sorri na maior cara safada e cumprimentei quem talvez, em último recurso e caso, engasgando as palavras para pronunciar, sem compromisso ou promessa alguma, que seria, hipoteticamente, o mais perto de amigo que teria aqui. Ele é o único louco inconsequente demais ou simplesmente bocó mesmo para se amigar do Astúcia.
"O que você quer dessa vez?" disse sem escrúpulos.



Qualidades e Defeitos:

Escolhidos:


Última edição por Pseustes em Qua Out 18, 2017 7:16 pm, editado 1 vez(es)
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Mensagem por Hipnos Qua Out 18, 2017 6:11 pm

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