✮ Praia ✮

A praia é um ótimo lugar, sendo um dos lugares mais frequentado do acampamento meio-sangue. O local é bem tranquilo e a pessoa costuma perder a noção do tempo ali. Vários semideuses costumam visita-lá e jogar vólei de praia, além de que o foco principal é as filhas de Afrodite que costumam tomar banho de sol ali, assim como demais filhos dos outros deuses.  

escravo. Aprisionado pelo temor de alguém tão assombrado quanto você, caro alfaiate. És aquele que em seus melhores momentos, a insanidade lhe vem como a melhor amiga que pode ter. Basta apenas não renegar o carinho oferecido pelo seu desiquilíbrio. Abrace-o e seja aquele quem realmente é. Dê boas-vindas ao verdadeiro eu.



Os ruídos de choque entre ambos os corpos, o atrito contra areia, tornava aquela cena ainda mais caótica. Ambos os semideuses se afastavam do local em que havia originado a disputa, os corpos intercalados na tentativa de domínio sobre o outro logo teve uma interrupção. A dor lhe atingiu de súbito, o ar foi expulso em uma lufada. Seu corpo girou e seus joelhos empurraram o corpo do recém chegado. A prole de Zetes estirou-se na areia, uma risada lhe escapando antes que impulsionasse seu tronco e então se postasse de pé. - Prazer, sou Caleb. Sua mão estirada na direção do garoto, os lábios ainda repuxados em um sorriso divertido enquanto seu corpo estremecia sutilmente em uma percepção involuntária dos golpes que havia recebido recentemente. Voltou-se para o pequeno grupo antes de direcionar poucos passos anulando a distância entre eles, oscilou seu olhar por cada presente e curvou-se até que seus joelhos estivessem sobre a areia, a mão espalmou contra a mesma e seu corpo se inclinou para frente, na direção da garota desconhecida pelo mesmo. - Vamos começar essa festa Murmurou antes que seus lábios fossem pressionados contra os alheios selando ambos brevemente e logo recuando. Girou o crânio para que pudesse ver Dylando por sobre o ombro. - Ai, me jogue uma dessas cervejas.
E foi embora.

As íris azuis fitaram Dylan apresentando-a a desconhecida morena. A loira fitou a garota com simpatia e curvou o canto dos lábios num sorriso gentil.

— Prazer. —ela deu um ligeiro aceno para a garota e se inclinou na direção da mesma, abraçando-a, em cumprimento. Assim que Heloise se afastou da morena, Dylan já se aproximava da prole de Hefesto com uma garrafa estendida na direção dela. A loira direcionou um sorriso malicioso para ele recordando-se do pequeno strip feito noites atrás e agradeceu depositando um beijo na bochecha do rapaz para logo entornar a garrafa e sentir o líquido viciante inundar seus lábios.

—Vamos! — a loira respondeu prontamente, começando a se animar.

Son of War

ARES, YOUR SON HAS RETURNED. I BRING THE DESTRUCTION OF OLYMPUS

I Hate Freaks, I Hate All

Festa na Praia

Algumas horas passaram e a bebida acabou, então o papo foi cada vez mais tomando conta da roda... Era por volta das 22:50 e todos estavam rindo e se divertindo, incluindo a campista nova, Mikhaela. Ela aparentemente gostou de conversar com a pessoa mais espontânea do local: Caleb.

Dylan que passou a noite conversando com Heloise, perguntou se ela queria dar uma passadinha no seu Chalé depois que saíssem da praça e logo chegou bem perto de seu ouvido e disse com uma voz bem suave.

-Quem sabe a gente possa se divertir de outras formas — Dylan deu um leve beijo no canto de sua boca e se afastou subitamente — Galera, é aqui que me despeço e lembrem-se: Se ficarem pelados, cuidado com o Lecaile, ele curiosamente costuma aparecer nesses momentos.

Então Dylan esticou a mão para Heloise esperando a resposta dela.

Amigos?!

O poder de ultrapassar a razão nasce da razão... Magia não é um milagre.

Hoje dê um dos seus sorrisos a um estranho. Esse pode ser o único raio de sol que ele verá durante todo o dia.

Uma... duas... Havia bebido somente duas garrafas de cerveja disso Heloise tinha certeza, mas ela sabia que estava mais do que levemente embriagada. Era fraca para bebidas, afinal. A pequena reunião intitulada festa seguia com as risadas animadas e o melhor, ela estava perto de Dylan.

Mas o tempo passou rápido e a hora do filho de Ares se retirar havia chegado.

— Quem sabe... — ela respondeu sorrindo de forma maliciosa, movendo o rosto de forma sutil de modo que ele beijasse os lábios dela e não somente o canto da boca. Assim que se levantou, ele estendeu a mão para ela que prontamente aceitou o convite. — Vou aproveitar a companhia de volta para o chalé. — Heloise soltou uma risada. — Aproveitem a "festa". — a garota se despediu dos amigos.

  Mesmo após um dia cansativo após tantas atividades e mais uma vez ter levado uma surra do Lacaile, fiquei o resto da tarde no meu chalé, ao fim da tarde, eu resolvi dar um cochilo que se aumentou por horas. Quando acordei já era de noite e levantei as pressas logo me lembrando de que iria me encontrar com alguns amigos a Beira da praia.
     Com certeza eu estaria atrasada, então deu pouco tempo para me arrumar e preparar uma cesta com algumas comidas, guloseimas junto com algumas garrafas de cerveja e uma toalha grande para pequinique de tecido grosso com estampas escuras.
       Antes de pegar a cesta com o que eu iria levar logo sair do chalé, eu peguei a minha coroa de flores e a botei em minha cabeça. Fitei-me uma última vez no espelho e assim sai dali junto com a cesta em direção a praia.
     Durante o caminho passei pelo o chalé de Ares e não vi que Harry estava por ali, deduzi que o mesmo estaria já na praia junto com o pessoal. Mesmo olhando para a paisagem noturna do Acampamento, não conseguia tirar a prole de Ares da minha mente. Já estávamos a alguns dias conversando e nos encontrando sem que ninguém visse, em meio a esses encontros comecei a ter sentimentos a mais pelo o rapaz, comecei a ter certeza de que estava gostando do mesmo, porém eu resolvi guardar para mim mesma, talvez hoje eu criaria coragem para jogar uma dica ou quem sabe abrir todo o jogo para o jovem semideus.
     Presa em meus devaneios e caminhando na trilha que daria em direção a praia, não demorou muito para que eu pudesse pisar na areia, afastei alguns galhos das árvores da floresta que eu pudesse passar e logo avistei a silhueta de alguns semideuses. De longe já podia reconhecer alguns, mas os outros eu nunca tinha visto. Enquanto eu ia caminhando pra onde estavam todos, dois jovens passaram por mim e eu os cumprimentei brevemente quando reconheci que eram Dylan e Heloise.
    Quando me aproximei, percebi  também que Harry não estava ali, confesso que fiquei um pouco mal, mas só de estar na companhia do pessoal já havia compensado e sempre me sentia bem com eles. Cumprimentei todos e disse:

— Ainda tem cerveja ?— Sorri de canto enquanto colocava a cesta no chão — Trouxe algumas.

The Party Begin

  Harry não era um dos melhores campistas para festejar, mas não havia coisa melhor para fazer  naquela noite. O dia não fora um dos mais animados, não chegou a treinar nenhuma vez, Lacaile deveria estar com saudades. Adorava o sátiro. A prole de Ares resolveu sair daquele quarto vazio e dar uma volta na praia, tinha ótimas lembranças daquele lugar. Vestiu-se com uma regata preta com uma imagem do Darth Vader, uma bermuda da mesma cor, mas com algumas flores brancas estampadas e um tênis branco surrado. Antes de sair, não poderia deixar de pegar dois de seus vícios, primeiro pegara um cigarro e o colocou por entre os lábios, e logo acendia o mesmo. Seu olhar se dirigiu diretamente para a geladeira, esperando que tivesse algum tipo de bebida, e por sua sorte haviam três garrafas de Corona intactas e um sorriso se fez no canto dos lábios do jovem. Apanhou as três garrafas sem hesitar e finalmente saía do chalé.
 
   Sua caminhada estava sendo demasiada lenta, pois sempre parava para acenar para alguém ou pagar de educado, não sabia como ficara tão social em pouco tempo, mas não estava sendo de todo ruim. A praia estaria no final do acampamento e aquilo era um longo caminho para quem tinha um nível alto de preguiça. Mas em meados do caminho, o garoto acabou ouvindo algumas informações sobre uma festa na praia e quase todos seus amigos estariam por lá, então não pôde segurar a pressa e a ansiedade de chegar logo no local. Seu cigarro já estava no final quando sentiu seu pé afundar na areia úmida e se arrependeu de ter colocado um tênis, as duas coisas não combinavam muito. Mas sem mais delongas, Harry avançou em direção de onde estaria a aglomeração e não demorou muito para que reconhecesse as pessoas ali, muitos amigos, de fato. Mas teve uma pessoa que atraiu a atenção da prole de Ares, e essa pessoa era Pandora, tinha algum tipo de atração pela morena e aquela seria uma ótima noite para conversar com ela. Aproximou-se o suficiente para ouvir a pergunta da jovem e chegou em seu lado, esticando a mão destra com uma Corona e sorriu largamente.

— Será que essa serve? — Ofereceu o garoto. Seu olhar fora de encontro com o rosto dela e esperou por sua resposta.

Son of War

ARES, YOUR SON HAS RETURNED. I BRING THE DESTRUCTION OF OLYMPUS

O medo é um fardo pesado. Enfrente-os, seja corajoso.

  Enquanto eu terminava de ajeitar algumas coisas ali para me sentar, fui surpreendida, ouvi uma voz conhecida e virei meu rosto, meus olhos se encontraram com os da prole de Ares no qual eu estava ansiando pela sua presença naquela noite. Abri um sorriso alegre enquanto eu o fitava ali por um tempo então peguei a garrafa de Corona e em seguida lhe dei um beijo em seu rosto.

- Obrigada - Disse fitando ele. - Bom ver você por aqui.

 Por um rápido momento, eu sentei na toalha que eu havia forrado, chamei o rapaz para sentar ao meu lado. Depois de alguns instantes fiquei ali aproveitando a companhia de Harry e uma vez ou outra conversava com o pessoal que está ali. Ficamos ali até passar quase uma hora. O vento açoitava ali a praia juntamente com o aroma de maresia, senti um pouco de frio envolvi levemente meus braços em minha cintura. A noite estava agradável ali com a companhia do pessoal e principalmente por estar ali ao lado da prole de Ares.

The Party Begin

  Um conflito interno se iniciava todas as vezes que encontrava a filha de Íris, um lado de sua mente dizia o quanto ela era linda e meiga e o outro dizia que os filhos de Ares não deveriam ficar tão encantados assim. Mas Harry não ligou para seu segundo lado, e abriu uma das duas Coronas que sobraram e sentou-se o lado de Pandora. A conversa já tinha durado cerca de uma hora, o que pareceu poucos minutos para Harry, seu senso de tempo era horrível. Seus olhos fitaram o mar que balançava lentamente com suas ondas, dando uma ótima visão para quem estava por ali. O jovem retornou sua atenção para a morena e percebeu que a mesma parecia estar com frio. Aproximou-se dela aos poucos e hesitando por alguns segundos, envolvia seus braços por volta do corpo dela, dando um sorriso tímido. Harry olhou nos olhos de Pandora e se perdeu em pensamentos por um longo momento, já havia algo que queria ter feito a algum tempo e nunca teve uma boa oportunidade. Mas aquele era o momento perfeito. Não queria dizer nada, apenas foi aproximando seu rosto do dela em câmera lenta até finalmente selar completamente os lábios em um beijo sereno. Estava sendo uma noite perfeita, principalmente diante de uma bela paisagem como aquela juntamente com a companhia de uma garota tão linda como Pandora.

      Chegou uma hora em que ficou um silêncio, parecia que estava somente eu e a prole de Ares naquele momento, por mais que ele fosse filho do Deus da Guerra, seus meios irmãos costumam ser bem agitados ou de personalidade explosiva, mas com seu jeito misterioso eu conseguia encontrar um certo bem-estar na companhia dele. Após minha garrafa eu havia esquecido da bebida e fiquei fitando o mar, as ondas irem e virem, como fiquei observando somente um ponto fixo, meus pensamentos se adoraram novamente e mesmo com o rapaz presente ao meu lado eu ainda fiquei pensando quando iria criar coragem.
     Alguns instantes depois senti o rapaz se aproximar aos poucos de mim até eu sentir o braço do mesmo envolver-se por volta do meu corpo, com o calor humano dele, aos poucos fui me esquentando. Quando desviei meu olhar da linda paisagem da praia, deparei-me com o belo sorriso de forma tímida de Harry, esbocei um sorriso meigo sem perceber. E aí trocamos olhares um tanto intensos de forma prolongada até que ele começou aproximar seu rosto lentamente. Cada vez que ele ia se aproximando, meu coração palpitava um pouco mais rápido, me deixando por levar a aquele ótimo momento.
    Nossos lábios foram ficando distantes apenas em questão de centímetros até que o rapaz selou seus lábios nos meus como um beijo sereno, foi um momento de tamanha surpresa, pois  ele também queria isso também, mesmo daquela forma não pensei nem duas vezes para retribui-lo. Sem dúvidas estava sendo a melhor noite desde que chegara no Acampamento, ainda mais em clima tão bom na praia e com a companhia de um rapaz tão bonito e misterioso como Harry.

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The Party Begin

  Ao todo o dia estava sendo ótimo, apesar de ter ficado enfurnado no quarto boa parte dele. Mas a noite conseguiu fazer com que todo aquele tédio se transformasse em algo bom e animado, e pela primeira vez não se arrependia de ter ido para uma festa. A cerveja já estava em seus últimos goles e já tinha sido esquecida na areia gelada, Harry resolveu prestar mais atenção na prole de Íris. Sentir o aroma da morena bem de perto era uma grande sensação, e pôde ficar naquela posição por muito tempo trocando carícias e beijos com Pandora. Algumas pessoas iam chegando e outras indo embora, todos pareciam estar cansados por ter um longo dia de treino e Harry se sentira um pouco deslocado por ter ficado o dia todo em sua cama olhando para o teto. Mas a noite passava lentamente e o sono aparecia aos poucos, dando sinais com bocejos e a vontade de deitar em algo extremamente fofo. Seu sorriso se formou fracamente no canto dos lábios e olhou para Pandora, selando os lábios em um selinho rápido e apertava um pouco mais o abraço.

- Hey, linda, que tal irmos para outro lugar? Já está ficando tarde.

 Olhou de canto para o mar e suspirou, talvez tivesse sorte por ser filhote de um Deus. Não achava a ideia muito agradável, mas aquilo o conquistava aos poucos. Viveu em alguns meses o que não conseguiu a sua vida toda, e voltando a fitar o rosto da jovem acabou tendo certeza de que não havia destino melhor. Caso ela concordasse com a ideia, iriam juntar as suas coisas e ir para um lugar menos agitado do acampamento, ainda tinha uma Corona para ser terminada e a prole de Ares não iria desperdiça-la.

Longe do fim

   Com muito papo jogado fora, com a Corona também quase acabando, permaneci ali. Fiquei conversando, trocando carícias e beijos com a prole de Ares. De ambas as partes estavam prestando atenção um ao outro. Eu olhava cada detalhe da face bonita do rapaz, cada sorriso, me arrepiava levemente também com as carícias e os beijos do mesmo, estava aproveitando bem o momento. O clima era de descontração e paz, algo que confortava meu coração, fiquei um bom tempo com rapaz por ali.
    Algumas pessoas iam voltando para seus respectivos chalés ou até mesmo indo para outro lugar, enquanto vinham mais alguns outros semideuses também. Olhei brevemente para as pessoas que iam chegando mas quando voltei a olhar para Harry, percebi que o mesmo apresentava sinais de que estava com sono. Seus lábios haviam esboçado um sorriso fraco, em seguida ele me deu um selinho e tornei a fita-lo diretamente em seus olhos até o mesmo me apertar em seus braços. Dei um breve sorriso bobo.


- Hey, linda, que tal irmos para outro lugar? Já está ficando tarde.  - Ele disse assim que eu voltei a fita-lo.

- Sim, vamos. - Eu o respondi.

Em seguida, ficamos alguns instantes juntando nossas coisas para sairmos dali. Afinal, as cervejas que eu tinha levado poucos beberam e algumas guloseimas. Sempre era boa a companhia do rapaz e seria interessante também, ainda mais depois de como eu ficara com ele nesta festa.
     Por fim, já em pé peguei a minha cesta e me despedi do pessoal. Esperei o Harry fazer o mesmo para sairmos dali. Enquanto caminhávamos de volta, meu corpo começou a ficar  próximo ao dele quando andávamos um ao lado do outro. Por um momento de hesitação, segurei em seu anti-braço levemente e minha mão foi descendo até a sua. Troquei um breve olhar tímido com ele, quando não senti mais a sensação de areia nos pés, Harry e eu andamos calmamente indo em direção a algum lugar calmo do Acampamento.

Notes: Night  Tagged: Me and you   Wearing: This

Aine aproveitava aquele fim de tarde para observar o pôr do Sol na praia. Depois de uma semana intensa de treinos, todos os músculos do seu corpo reclamavam. Resolvera não ir naquela festa organizada pelos filhos de Afrodite, já que conhecia poucas pessoas por ali e não sabia muito bem o que podia acontecer lá. E também estava muito cansada para festas. A garota se sentou na areia e abraçou os joelhos, encarando o mar. O vai e vem das ondas, o cheiro da maresia e o reluzir do Sol na água a acalmavam. Talvez por ser um traço de normalidade naquele lugar, afinal, praia é praia em qualquer lugar do mundo, para todo mundo, tenha você descoberto que é filho de uma deusa ou não. Aine suspirou fundo e afundou os dedos dos pés descalços na areia úmida. O clima era quente nessa época do ano, mas uma leve brisa soprava em seu rosto, fazendo com que seu cabelo ondulasse como leves cascatas douradas. Depois de passar a semana toda usando roupas de ginástica para os treinos, ela se permitiu colocar um leve vestido que chegava ao meio da coxa em tons de verde, para combinar com seus olhos. A garota ficou ali se deixando embalar pelo barulho das ondas e fechou os olhos, indo para outro lugar, em uma outra época, quando ela não sabia de nada daquilo e só achava que era uma garota sortuda, nada demais.

Treinamento em magia era quase tão ruim quanto treinamento normal, só que o cansaço era psicológico, o que queria dizer que apenas uma boa noite de sono não ajudaria em nada. Iupi.

Numa tentativa de espairecer, ele pegou as suas cartas e, usando uma camiseta regata com uma bermuda e chinelos de dedo, saiu do chalé de Hécate e foi até a praia. O chalé era legal, ele se acostumou rápido. As paredes escuras poderiam parecer opressivas, mas ele realmente gostava delas. Davam um ar mais sóbrio. Sangue nipônico em ação? Pode ser.

Ele foi até a praia, embaralhando as cartas e eventualmente tirando uma ou outra, olhava qual era o Arcano em questão, resmungava baixinho para si e a colocava de volta no baralho. Foi assim até que ele viu uma linda garota sentada na areia. O cabelo dela era agitado pela brisa e o vestido verde dela apenas realçava seus olhos. Ele se endireitou, espanou um pouco a bermuda numa tentativa de tirar algum grão de poeira inexistente e foi até ela, se sentando ao seu lado, ainda segurando as cartas em sua mão direita. O japonês até queria começar uma conversa com ela, mas não conseguia achar as palavras e, depois de ficar abrindo e fechando a boca como se o cérebro dele houvesse sido trocado por geléia de uva por alguns minutos, ele desistiu de falar algo e apenas aproveitar o momento. O pôr-do-sol estava lindo, era quase um crime ele abrir a boca e estragar com uma de suas pérolas, como "Quem certifica a qualidade de quem emite certificados de qualidade?". Será que Amaterasu estava sendo legal com ele? Difícil dizer. Mas era um questionamento pertinente.

O dos certificados de qualidade, digo.

Aine abriu os olhos quando sentiu a aproximação de alguém. Um garoto se sentou ao seu lado e, assim como ela, ficou encarando o mar. Ela o olhava com o canto dos olhos, se perguntando o que ele estava fazendo ali. E por que ele havia sentado ao seu lado? A praia estava vazia, todos estavam muito animados com a tal festa, o que significava que havia uma grande extensão de areia para que ele pudesse sentar. Então, por que ele havia se sentado bem na pequena extensão de areia do lado direito dela? Aine continuou com o rosto virado para a frente, na mesma posição de abraçar os joelhos, mas olhava o garoto com o canto dos olhos periodicamente. Deveria falar com ele? Deveria sair dali? Não, isso seria rude. Mas, e se ele estivesse planejando atacá-la ou algo assim? Havia umas pessoas estranhas por ali. – Eh... Oi. – Ela falou ainda com os olhos fixos nos últimos reflexos do Sol sobre a água. Seus polegares acariciavam os joelhos e a garota levou uma mão até os cabelos, ajeitando uma mecha atrás da orelha. – É bonito aqui, né? – Mas, o que? Aine soltou um suspiro com a sua total falta de jeito em puxar assunto. Avril era a sociável miss simpatia. Ela até gostava de fazer amigos e conversar, mas não era muito boa em dar o primeiro passo.

Andrew foi pego de surpresa pela garota (que era incrivelmente bonita por sinal) falando com ele. Realmente a praia era bonita. As ondas quebravam de um jeito único nos bancos de areia e a paisagem era perfeita para um pôr-do-sol do tipo que se vê no final das comédias românticas água-com-açúcas que o deixavam com urticária só de ver que estava em cartaz no cinema.

Andrew pegou as cartas e foi passando por elas, uma a uma, vendo os seus arcanos: Três de Espadas, O Mago, O Diabo, A Temperança, Dois de Ouros, Ás de Paus, O Sol... Ele deu uma pequena risadinha da tentativa dela de puxar assunto sendo que ele não era muito melhor. Talvez essa fosse piada. Teria o japonês encontrado alguém pior que ele para dar o primeiro passo? Sexta-feira no Globo Reposter.

- Yup. Tinha me esquecido de como o pôr-do-sol era bonito. Acho que é natural, depois... Esquece - Andrew fez um meneio negativo com a cabeça. Não eram todos que tinham paciência para escutar a sua história.

A de como ele fugiu da primeira deusa a ser esquecida depois de morta e de seus milhões de demônios.

Ela percebeu que ele riu e isso a fez rir também. Sim, Aine era péssima para puxar conversa. Virou levemente a cabeça para o lado ao observar as cartas que ele brincava na mão. Era um baralho de tarô? Ela franziu o cenho. O garoto continuou calado, apenas mexendo com aquelas cartas e aquilo começou a deixá-la incomodada. Por que ele tinha sentado ao lado dela se não queria conversar? E por que mexia tanto naquelas cartas? Será que ele estava vendo o futuro ali? Ou, talvez, vendo nas cartas o que devia falar. Ela não duvidava mais de nada. Aine esticou as pernas à frente do corpo e cruzou os tornozelos, aproveitando os últimos raios daquele Sol antes que ele mergulhasse no oceano. Figurativamente falando, é claro. Foi quando ela foi surpreendida com a voz dele. Aine ficou tão surpresa de ele, finalmente, ter falado algo que virou o rosto, o encarando. O garoto tinha traços orientais e seu cabelo caía um pouco sobre os olhos, o que dava um certo charme. Aine mordiscou o lábio inferior refletindo se deveria falar algo ao notar que o garoto parara de falar abruptamente. Ela não o conhecia. Ele não a conhecia. Mas ela era curiosa demais e não resistiu. – Depois...? – Abriu um leve sorriso para encorajá-lo a falar, mantendo as sobrancelhas um pouco arqueadas.

- Bem... depois que eu escapei do Inferno japonês graças a uma espada capaz de cortar um continente ao meio. - ele disse sem muita emoção na voz. - Isso enquanto era perseguido pela própria Rainha Cadáver e algumas dezenas de milhares de yokais. - Andrew continuou sem sentir. Ele poderia estar falando sobre o tempo.

Ele ainda passou por mais uma carta (Os Amantes? Mas por quê?), antes de continuar. - Eu, uh, acho que tenho que me apresentar. Watanabe, Andrew, filho de Hécate. - ele disse, estalando o pescoço de uma forma bem perigosa. - Mas acho que todos temos histórias para contar... E você? Pode me contar algumas histórias de sua sorte prodigiosa? - ele se virou para ela, olhando-a no fundo dos olhos.

- Eu vi nas cartas - ele disse meio sem-graça, já sabendo que ela perguntaria como ele sabia disso. - Então? Eu quero conversar um pouco e, sei lá, acho que o melhor que podemos fazer é falar um pouco de como as coisas eram antes de, bem... - ele abriu os braços num gesto que abarcava todo o acampamento -... Isso.

Aine ouvia o garoto com os olhos fixos nele. Inferno japonês? Rainha cadáver? Yokais? O que raios eram yokais? Um leve arrepio passou pelo corpo da garota e não era por causa da brisa que soprava do mar. Ela ouvira muitas histórias naquele acampamento. Algumas simples como a dela. Outras terríveis como a dele. Cada um havia chegado ali de uma forma diferente e, na maioria dos casos, trágica. Alguns ainda não aceitavam muito bem, como era o caso dela. Outros já adoravam ter descoberto que eram filhos de um deus. Aine arregalou os olhos quando ele falou sobre sorte prodigiosa. Aquele garoto estava a espionando? Como ele sabia sobre sua sorte? Ela se mexeu no lugar e voltou a ajeitar o cabelo, incomodada. Ele se apresentou e Aine achou que aquele nome “Andrew” combinava muito com ele, não pergunte o motivo. – Eu sou a Aine. – Ela relaxou um pouco e até abriu um sorrisinho quando ele falou sobre ter descoberto sobre ela nas cartas. – Então, você consegue ver tudo que quer aí? – Ela indicou o barulho, curiosa. Sabia como era ser sortuda e, recentemente, vinha manejando uma faca de prata com uma boa destreza para uma iniciante, mas como seria poder descobrir tudo o que quisesse? Ou ver o futuro? – Eu não tenho uma história tão emocionante como a sua. – Ela deu de ombros, mas logo o encarou envergonhada pela forma que tinha dito. O que aconteceu com ele era algo horrível e ela não devia ter falado como se fosse comum. Bom, era comum ali, mas não devia acontecer com ninguém. Em um mundo ideal, todos deveriam ter o direito a viver uma vida em paz, sem estar preso em um acampamento eterno. – Desculpa, eu não quis falar assim... – Ela se amaldiçoou internamente. – Eu sempre tive sorte demais. Ganhava todos os sorteios, todos os concursos, tudo sempre dava certo. – Ela soltou uma risadinha desanimada. – Eu só achava que era sortuda. Bom, tecnicamente, eu sou mesmo, mas eu não tinha ideia do motivo. – Aine abaixou os olhos, deslizando o dedo indicador na areia. – Mas, de um tempo para cá, algumas coisas estranhas começaram a acontecer. Uns “acidentes” sempre que eu estava por perto... Mudamos cinco vezes em menos de um ano. – Ela encarou o garoto. – Aí meu pai resolveu me contar a verdade, me trouxe até a barreira e foi embora. – A garota abriu um sorrisinho sem graça. – Eu te disse que não era emocionante. – Ajeitou novamente uma mexa de cabelo atrás da orelha e vislumbrou o mar, como se estivesse viajando em outro lugar, outra época. – Antes de chegar aqui, eu tinha a vida perfeita. Era só meu pai e eu e a gente se divertia muito. Eu tinha muitos amigos também, acho que as pessoas gostavam de ficar perto de mim achando que teriam sorte também. – Ela riu, mas logo soltou um suspiro. – Já se adaptou com tudo isso? – Aine o encarou. – Essa coisa de armas e lutas e sobrevivência... Ainda é meio surreal para mim.

Ela estava bem surpresa e a sua história era particularmente simples. Andrew soltou um pequeno bufo divertido. - Não posso ver o que quero sempre, mas na maioria dos casos eu consigo. Às vezes vejo coisas que nem pensava que ia ver, mas depois percebi que acabaram sendo importantes - Andrew não se importou com a pequena falta de tato dela, isso era algo bem frequente quando ele falava que fugiu do Yomi.

- É uma história interessante. - Andrew disse assim que ela terminou de falar - Quanto a eu ter me acostumado... Bem... Eu passei meses dentro do Yomi, então aprendi a lutar bem por lá. Por isso acho que toda essa coisa com armas, lutar e whathanot... Não me foi assim tão assustadora quanto comparado com a maioria das pessoas. Até porque, bem... - ele se move um pouco e uma cicatriz antiga, que parece uma marca de queimadura por gelo (frostbite), é possível de ser vista em uma pequena parte do seu peito. Andrew não notou que deixou Aine entrever a cicatriz - Já tenho um bom currículo quando se trata de matar monstros e demônios e todas as coisas que ficam tentando, você sabe, nos ter para o jantar. - ele solta uma pequena risada introspectiva, desarmada e sem humor.

Inferno... Aine sentiu novamente um arrepio pelo corpo. Nem conseguia pensar como seria passar meses presa em um lugar horrível e cheio de demônios tentando te destruir. E ela ali reclamando de um acampamento que a obrigava a treinar com facas, armas e afins. A garota ia dizer algo, quando notou por uma brecha da camisa dele uma cicatriz. Seus olhos ficaram presos naquela cicatriz. O que tinha acontecido com ele? Ou melhor, o que fizeram com ele? Ela engoliu em seco, se mexendo novamente na areia branca da praia. O Sol já havia se posto e somente um céu alaranjado provava que ele estivera ali. – Se é assim, vou ficar perto de você. – Ela riu, mas logo parou e encarou os pés com o rosto queimando. Dissera isso para aliviar a tensão do momento, mas, agora que vira que palavras tinha dito. – Quer dizer... Você poderia me ajudar, sabe... Com as armas, os monstros e tal... – Ela enfiou novamente os pés na areia, fazendo pequenos buraquinhos com os dedos. – Eu estou aprendendo a usar uma faca. – Soltou uma risadinha. – De uma forma mortífera, digamos assim. – Aine virou o rosto para ele, ostentando um leve sorriso. Por algum motivo, ela simpatizou com ele e a leve desconfiança que ela tinha sobre um ataque iminente se dissipou. Ela não conversava com muitas pessoas naquele acampamento, tirando sua meia irmã Avril e um filho de Hades chamado Ace que até te deu um cãozinho do inferno que ela chamava carinhosamente de Lucky. Fora dali, ela não tinha problemas em falar com garotos, mas parecia que dentro daquele acampamento era um outro mundo e ela não sabia como agir. Aine se virou para o garoto e voltou novamente os olhos para onde, antes, viu a cicatriz e que agora voltava a ficar coberto pela camiseta. A garota mordiscou levemente o lábio e, com a respiração lenta e cadenciada, levou os dedos até a camiseta dele e puxou a gola bem de leve, exibindo novamente a cicatriz que marcava o peito do garoto. – O que houve...? – Ela sussurrou.