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MOP - Perdição - Ehratos

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Mensagem por Eros Seg Jul 04, 2016 11:22 pm

PERDIÇÃO

Ehratos caminhava lentamente pela floresta, ao passar por um arco todo o seu corpo arrepiou e ao reparar bem, não estava mais na floresta do acampamento. Estava na frente de um cassino, sendo recebido por diversos garçons, além de um cartão platino do Cassino Lótus, o mesmo não percebeu de início onde estava, comendo e bebendo tudo o que recebia, entrando no estado “alegria suprema”, perdendo a noção do tempo ali, jogando diversos jogos sem parar.

Logo uma luz brilhou no fim da sua escuridão, Ehratos percebeu os monstros ao seu redor, antes que pudesse fazer qualquer coisa, foi jogado contra uma parede, sentindo como se todo o seu corpo estivesse quebrando.


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Mensagem por Ehratos Qui Jul 14, 2016 6:24 pm


Perdição!


Acordei ainda sem saber onde estava, minha cabeça doía um pouco e, por algum motivo, minha asa e meus braços estavam dormentes. Obviamente eu não estava sozinho, podia sentir os corpos emaranhados no meu, juntando-se aos lençóis que foram sendo remexidos durante a noite. Eu estava nu, os outros corpos também.

O cheiro de álcool, tabaco e suor impregnava o local, causando-me um enjôo automático, quando os odores foram registrados pelo meu olfato. O teto parecia girar vertiginosamente, como se a órbita da terra tivesse se alterado, me fazendo sentir uma estranha vontade de vomitar, mas meu estômago tinha pouco ou nada para regurgitar e eu tratei de engolir a bile, que subia teimosamente pela minha garganta.

Quando finalmente tudo parou de girar, inclinei um pouco a cabeça para saber onde estava. O chalé de madeira tinha videiras descendo pelo teto, com pesados cachos de uva pendurados, agarrando-se as muitas beliches do local, que abrigava um quantidade generosa de pessoas, amontoadas umas por sobre as outras. Nuas. Todas nuas.

Ao meu lado, numa cama maior do que as outras, vi o motivo de meus membros, incluindo minha asa, estarem dormentes. Havia duas garotas deitadas em cima dos meus braços, a da esquerda parecia estar particularmente confortável em seu travesseiro de penas róseas, que era a minha asa. O cheiro adocicado vinhas das duas, mas o de uvas vinha de baixo.

Confortavelmente deitado nas minhas pernas, estava o único rosto que me era familiar.  

Ethan Stormrage, filho de Dionísio, se tornara um bom companheiro de farra desde que eu chegara no acampamento. Nos conhecemos nos primeiros dias e não nos desgrudamos mais. Eu sabia que ele nutria sentimentos um pouco mais fortes que só a amizade, mas Ethan sabia que eu não o corresponderia.

Ele ressonava calmamente ao lado de meu membro exposto. Acho que podia ver o brilho dos resíduos da noite anterior, que haviam se cristalizado em sua face. Ele adorava meu gosto. Pena não sentir nada mais que um passageiro desejo de tê-lo em meus braços.

Deitei novamente a cabeça no travesseiro, lembrando-me do motivo de estar ali. Os filhos de Dionísio deram uma festa, nós bebemos, transamos e caímos no sono. O de sempre.

Após conseguir centrar meu raciocínio um pouco, eu comecei a me levantar, tentando me livras das meninas, que pelo odor adocicado eram filhas de Afrodite, não que eu tivesse como ter certeza, mal lembrava de seus rostos.

Com certo esforço, eu consegui me livrar delas, mas acabei despertando Ethan.

— Já vai? — Disse o filho de Dionísio, ainda sonolento, os olhos lilases fitando-me com certa apreensão.

Dei-lhe um sorriso quando ele inspirou profundamente o odor que exalava de meu corpo, como costumava fazer. Deixei o apoio dos meus cotovelos para ajustar melhor o meu corpo, sentando na cama, então o puxei para se sentar no meu colo, suas pernas se fechando em minha cintura com carinho.

Ele tinha a mesma altura que eu, mas possuía uma musculatura mais robusta e firme, resultado de anos treinando com a espada. Os braços fortes envolveram meu corpo e eu inspirei profundamente o aroma de uvas em seu pescoço. Era delicioso.

— Tenho assuntos a resolver. — Eu disse, sem olhar em seus olhos.

Ethan acenou com a cabeça, tentando parecer indiferente, mas eu sabia que ele não estava satisfeito. Ele sabia que tipo de assuntos eu poderia ter.

Ele levantou-se do meu colo e pegou minha roupa, deve tê-la dobrado na noite anterior, pois eu não me lembrava aonde a tinha posto. Agradeci e me vesti, dando-lhe um singelo beijo nos lábios antes de deixar o chalé, sem olhar para trás. Não queria ver a expressão magoada dele.

Ainda era muito cedo para o acampamento despertar. Não vi as harpias, que geralmente cuidavam da segurança do acampamento, mas tinha uma vaga lembrança delas terem sido reprimidas na noite anterior, algumas por mim mesmo. Não era importante de qualquer forma.

Segundo alguns fragmentos de memória da noite anterior, eu tinha vomitado bastante no banheiro do chalé de Dionísio, por isso não estava sofrendo de ressaca, embora tenha bebido além do normal.

Entrei no chalé 7 na ponta do pé, o que era totalmente desnecessário. Meus irmãos meio-mortais acordavam bem cedo, junto com o sol da manhã, e todos olharam para minha fracassada entrada discreta.

Dei pouca importância aos olhares repreensíveis direcionados às marcas de uma noite selvagem, acompanhadas de gemidos e urros de prazer. Eles conheciam minha maneira de agir, todos eles já haviam sido minhas vítimas, embora não tenham conseguido saciar meu apetite por Apolo. Ainda desejava ter papai na minha lista de locais visitados.

Tomei um banho e me deitei, enquanto os meus meio-irmãos se dirigiam para suas atividades regulares. Alguns passavam na minha cama para perguntar se eu queria companhia, mas eu já havia enjoado da maioria deles.

Claramente eu não tinha um relacionamento muito profundo com ninguém, não passavam de rápidas aventuras amorosas, efêmeras demais para me sentir ligado à qualquer um, com os tais laços especiais que tanto ouvi falar.

No entanto, tinha que agradecer papai pelo tal castigo, sinceramente, estava gostando muito de ser um campista. Provavelmente, nem no Olimpo eu teria tantas oportunidades de transar com quem quisesse. Os humanos eram mais sensíveis à tentação do que a maior parte dos deuses.

Mesmo sem sentir os sintomas da bebedeira, tomei um anti-ácido, antes de tirar um pequeno cochilo restaurador. O sol já começava sua subida no horizonte e seus raios eram refletidos pelo chalé dourado, lembrando-me do palácio de Apolo. Antes que me sentisse deprimido com isso, me arrumei para sair.

Havia um pequeno problema: eu era popular. Não que isso fosse novidade para mim, afinal, nasci com uma beleza incomum, filho do deus sol, minha performance na cama é invejável...Em resumo, perfeito, mas essa perfeição cobrava um alto preço. Com frequência os campistas me perseguiam de um lado para o outro, privando-me de qualquer tipo de privacidade. Não apenas uma vez, vi minhas fotos penduradas nos armários dos campistas, na maioria delas eu estava nu. Eu ficava lindo nu.

No geral eu não me importava com toda essa atenção, mas as ninfas da floresta não gostavam muito de mortais e, com facilidade, costumavam se esconder, me impedindo de curtir o que melhor a natureza tinha para oferecer. E eu não queria perder nem mesmo um contato.

Enquanto eu me arrumava, via alguns dos meus irmãos passando e me olhando nu, claro que eu permitia que eles tivessem a visão da mais perfeita bunda do Olimpo e, não o maior, Príapus tem vantagem nisso, mas o mais perfeito de todos os pênis já fabricados  por Apolo.

Pus uma cueca bóxer branca e, antes de pôr a calça de moletom mescla, atei os quatro estojos de facas de arremesso, dois nas panturrilhas e dois nas coxas, sabendo que precisaria de saques rápidos, caso necessitasse. A calça era larga e disfarçava os estojos, feitos para serem discretos.

Coloquei um casaco moletom branco, folgado o suficiente para disfarçar as adagas presas nas costas, atadas por um coldre. O moletom tinha um rasgo estratégico para caber minha asa esquerda e um capuz para cobrir a cabeça, caso necessário. Pus minha coroa de louros dourada, presente de meu pai, e aprovei o visual.

Não costumava sair sem meus equipamentos, já que, com frequência, acabávamos sendo chamados para executar uma missão às pressas. Era regra básica manter as armas sempre à mão, mesmo quando estava se dirigindo para a farra, como era o meu caso.

Àquela altura, o acampamento já havia despertado e todos começavam a executar suas tarefas. O chalé de Apolo tinha sua rotina de treinamento de arco e flecha na arena, deixando o prédio quase vazio. Aproveitando-me do menor público que eu sabia que iria ter, tratei de me esgueirar pelos fundos do chalé, ciente que alguns me seguiriam.

Não importava como eu tentasse parecer invisível, os olhares me seguiam por onde eu fosse, as pessoas cochichavam e, vez ou outra, eu tinha que abrir um sorriso para cumprimentar alguém, que eu pouco lembrava do rosto, aparentemente todos me conheciam, todos se sentiam íntimos de mim. Não me sentia íntimo, particularmente, de ninguém.

Ethan, que se dirigia para um treino com espadas, fitou-me com seus olhos violeta, eu mandei-lhe um “beijo flutuante”, ele encenou pegá-lo e guardar no coração, num gesto descontraído, mas eu sabia que, por dentro, ele estava sofrendo. Me forcei a ignorar esse fato, eu estava tendo um dia bom demais para ficar com remorso.

Quando finalmente desapareci por entre as folhagens, pude ter um pouco de privacidade. O terreno irregular teria me causado problemas, não fosse o tênis que eu estava usando, mal sentia o chão de tantas molas que ele possuía.

Talvez, se eu fosse um pouco mais ligado à natureza, eu possivelmente poderia ter uma impressão mais romântica da floresta, mas, na minha opinião, ela era rústica, pouco agradável, úmida, lotada de mosquitos e bem perigosa. Se eu não conhecesse o caminho, provavelmente já teria caído ribanceira abaixo não apenas uma vez. A única coisa que me fazia atravessar todo aquele inferno verde, era o fato das gostosas ninfas estarem me esperando no final do caminho.

Ultimamente, percebi que o número delas vinham aumentando, conforme minhas visitas iam se intensificando. Quanto mais vezes eu viesse até a clareira dos encontros, mais ninfas pareciam aparecer, na minha opinião isso era fantástico. Aparentemente, elas têm uma espécie de rede social própria e meus vídeos estavam se tornando bem populares esses dias. Não podia culpá-las, afinal, eu era mais que perfeito, além de ser o melhor sexo que elas já provaram.

Esfreguei as mãos, com o pensamento de que hoje seria um dia perfeito, quando um arrepio subiu pela minha espinha, nem percebi por onde tinha passado, mas o arrepio era tão familiar, que por pouco o achei natural.

Quando me dei conta, não estava mais na floresta.

O que me cercava era a absoluta definição de selva de pedra, ou de vidro, ou de luzes. Las Vegas era um local particularmente caótico e difícil de definir. Carros buzinavam, e passavam a mil por hora ao meu lado, luzes, mesmo que ainda fosse de dia, já piscava nos letreiros anunciando um sem número de cassinos, lojas, hotéis, motéis e uma infinidade de distrações, tão características da cidade que nunca dorme.

A vibrante cidade havia subitamente substituído a monótona floresta, com tal velocidade, que mal dera tempo de minhas sinapses cerebrais entenderem o que estava acontecendo. Dei um passo para trás por puro extinto, mas como era de se pensar, caso eu tivesse atravessado um portal, eu não retornei para a floresta, nem senti o tal arrepio, que aliás era bem familiar. Onde eu o havia sentido antes?

Enquanto essa sensação se fixava em minha mente, uma jovem mulher se aproximou, seu vestido era vermelho e tinha um grande decote nas costas . Era linda e possuía traços convidativos, e , é claro, ela sorriu para mim, convidando-me a entrar no Cassino Lotus. Aparentemente não notara minha asa esquerda, a névoa estava fazendo seu trabalho de ocultar todas as estranhezas sobrenaturais.

O prédio era gigante e impossível de não ser notado, mas o letreiro dele, era particularmente chamativo, tornando-o a coisa mais atraente por ali, ouso dizer que era até mais atraente que a jovem mulher. Eu quis explicar que eu não tinha dinheiro, mas ela disse que a primeira visita era gratuita.

“Eu sou um deus, o que pode acontecer?”, foi o que pensei, enquanto adentrava pelas luxuosas portas de blindex negros. Parando para pensar, talvez esse seja o epígrafo em minha lápide. Àquele lugar estava gritando a armadilha, mas bastou ter um rabo de saia no meio, que eu segui para a boca do lobo como uma donzela indefesa.

Na recepção, a mulher, com toda a sua elegância, me entregou um cartão platinado. Disse que eu poderia aproveitar toda e qualquer atração nas enormes dependência do hotel-cassino. Para completar o atendimento, ela me ofereceu uma espécie de canapé, que me lembrava o formato de uma flor.

Sorri, comendo o doce com vontade, só naquela hora me ocorreu que eu não comera nada desde que despertara.

O hall de entrada era grande e espaçoso, em mármore dourado, cheio de colunas no estilo grego e uma ferrarei negra, estava estrategicamente estacionado em uma plataforma que a a girava, exibindo o maior prêmio que poderia ser ganho no cassino. O primeiro andar tinha um acúmulo gigantesco de jogos caça níqueis, numa varanda construída acima do hall de entrada, os sons agudos saindo de todos os lugares.

Pessoas conversavam, riam e gritavam em comemoração. O salão de jogos era bastante movimentado, com pessoas andando para todas as direções e garçons servindo todo o tipo de alimento, champanhe’s  borbulhavam em taças de cristal, enquanto mulheres com curvas exuberantes em vestidos apertados e decotados vagueavam de mesa em mesa, procurando os ganhadores.

Comecei na roleta, apostando em números aleatórios, ganhando e perdendo conforme a a sorte, tão indecisa sobre seu favorito, mudava seus resultados por puro egoísmo.

Rodei nas mesas, jogando todo o tipo de jogos que eu poderia, apenas pela diversão de ganhar e se sentir vitorioso, glorioso e invencível para, em seguida, sentir a frustração, raiva e incredulidade de perder, numa reviravolta estressante. No fim, meu saldo fora positivo nas mesas, com um pouco de ajuda de meu incrível charme natural.

Toda a diversão era acompanhada dos canapés e bebidas alcoólicas, servidos constantemente pelas garçonetes gostosas. Eu os devorava com voracidade, aceitando todos os que me eram oferecidos, sem qualquer pudor.

Fui informado que, no andar de cima, tinha uma festa rolando, com um bom número de adolescente lotados de hormônios enlouquecidos. Não demorei para pegar o elevador e subir com um grupo de viciados em jogos.

Quando a porta do elevador se abriu, imediatamente o som alto invadiu minha mente. Haviam mais garçonetes oferecendo mais daqueles doces e eu não permiti a timidez me conter e devorei mais um, antes de entrar no salão de festas.

O lugar era escuro, iluminado apenas por feixes de luz, que ocasionalmente cortavam a boate, lançando luzes fantasmagóricas sobre a multidão que se movia no ritmo das rápidas batidas. Bebidas eram servidas e pessoas riam, gritavam e se beijavam loucamente, sem qualquer pudor.

Claro que, mesmo naquele ambiente escuro, eu chamei atenção, os olhares caindo sobre mim, enquanto eu começava a dançar junto com outros. Não demorou para que os mais ousados se aproximassem de mim, com intenções expostas, as cartas na mesa. Adorava aqueles lugares por causa disso, pouco precisava ser dito.

Comecei a beijar sem gravar o rosto dos que me cercavam, mas percebi que alguns eram semideuses. Isso deveria ser importante, mas eu estava numa festa, me esfregando em todos os corpos que tivessem coragem de se aproximar, existe uma coisa chamada prioridade, e resgatar semideuses está muito abaixo de fazer sexo casual numa boate. Sou uma pessoa metódica, que sabe escolher bem as prioridades. Sexo vem acima de qualquer pormenor.

Não me importava se eram homens ou mulheres, recebia todos com a mesma avidez, esfregando meu corpo nos deles, soltando gemidos prazerosos aqui e ali, por pura diversão, beijando todas as bocas que se mostrassem corajosas em me desafiar, deixando minha língua à mercê de meus admiradores. Não era isso que um deus deveria fazer?

Claro que toda aquela bebida e canapés uma hora ia pedir para sair e, sinceramente, não tive nenhuma cerimônia ao ir no banheiro masculino da boate. Não me decepcionei quando entrei.

Era um banheiro grande, com privativos enormes, mas todos sabíamos o que estávamos procurando naquele lugar: Um pouco de emoção. Nos mictórios, eu podia ver os olhares entre eles, depois um se dirigia para o privativo e o outro seguia, nem trocavam palavras, apenas olhares bastavam para que entendessem o desejo que compartilhavam. Ouvia gemidos abafados aqui e ali, olhares suspeitos, de quem estava aprontando e se perguntando se alguém havia visto algo. O odor de putaria impregnava aquele lugar, não havia palavra melhor para explicar o que estava acontecendo ali.

Me dirigi ao mictório, ao lado de um garoto que parecia não estar realmente interessado na movimentação. Eram poucos os dessa espécie, mas ainda existiam, entretanto não demorou para acontecer o que eu esperava.

Um homem entrou banheiro adentro e se dirigiu ao mictório ao lado do meu. Eu o conhecia da pista de dança, havia me observado o tempo todo e esperou a hora certa para atacar.

A camiseta branca estava suada, marcando o peitoral musculoso. Usava uma calça jeans justa, marcando os músculos da perna, aparentemente um rapaz que costumava visitar a academia com frequência. Seus cabelos eram negros e desalinhados, curtos e brilhantes. Seu rosto era bem definido, com traços firmes e uma barba bem cultivada, seus olhos azuis eram misteriosos e alguns adornos de caveira, feitos de prata, pareciam lhe dar o ar selvagem, que era tão atraente na maioria dos homens.

Ele se postou ao meu lado, dando uma olhadela significativa para mim. Imediatamente, um arrepio subiu pela minha espinha, o mesmo que eu sentira na floresta, antes de ir parar no cassino, alem disso, ele me parecia extremamente familiar.

Talvez eu tivesse percebido todo o quadro naquele momento, se não tivesse em um banheiro masculino, ouvindo urros de prazer, com um dos garotos mais lindos que já vi ao meu lado, balançando seu pênis rijo de um lado para o outro, deixando bem claro o que queria comigo.

Dei-lhe um sorriso conspiratório em resposta à sua provocação. Prioridades primeiro.

Fechei o zíper da calça e, sem cerimônias, entrei no banheiro privativo, deixando a porta aberta. Ele olhou de um lado para o outro antes de entrar, o que era totalmente desnecessário, todos ali já sabiam o que estava para acontecer.

Percebi uma coisa: o cassino também sabia o que acontecia nos banheiros. O privativo tinha um espaço maior que o necessário, as divisões eram feitas de tijolo e tinha uma bancada de mármore totalmente desnecessária na parede, além dos itens comuns de um privativo, o que suspeitava não ser muito usado.

Não perguntei seu nome, aliás, nem deu tempo para isso. Me derreti em seu lábios, com avidez e necessidade, o desejo fermentando em nós dois, inflamando nossos corpos. Nos esfregamos de um lado para o outro no privativo, as roupas sendo tiradas por mãos apressadas. A névoa devia estar fazendo um bom trabalho, porque ele nem notou minhas armas ocultas, concentrando-se em preencher o meu corpo com beijos, mordiscaras e chupões, enquanto eu gemia sendo absorvido por suas pesadas mãos.

Quando ele me deu oportunidade, virei o jogo, absorvendo o corpo dele com minha língua e meus dentes, ouvindo os gemidos graves que saiam de sua garganta. O fiz enlouquecer quando dei a atenção que ele desejava a seu amigo pulsante, fazendo-o gemer e se curvar de prazer.

Quando ele achou que estava demais, me jogou na bancada de mármore, como se eu fosse feito de pena, sendo furioso em seus movimentos, nem se importando com qualquer cerimônia em me preparar. Não me preocupei em abafar os gemidos, gritando e gemendo como queria, ciente de que todos deviam ouvir, eu gostava de plateia. O mordi não apenas uma vez, usando meus músculos retais para massageá-lo, levando-o a loucura. Chegamos ao ápice juntos, o que raramente acontecia comigo, acho que apenas Ethan conseguia fazer isso.

— Enzo... — Foi o que disse entre uma respiração e outra. — ...Enzo DiMaggio.

— Ehratos... — Eu disse me movendo, sentindo a semente dele escorrer pelas minhas pernas.

Eu achava engraçado como esse tipo de coisa acontecia. Só depois de toda a ação que havíamos nos apresentado. Ele estava totalmente esgotado, eu nem tanto, estava acostumado a fazer sexo por horas. Pus minha roupa apressadamente, as armas ainda estavam presas nos lugares iniciais. Ele só havia abaixado minha calça e minha cueca para deixar espaço o suficiente para completar seu intento. Meu casaco estava próximo da privada, fora retirada apressadamente, sem a preocupação de onde ia parar.

— Obrigado... — Eu disse, dando-lhe um selinho nos  lábios. — ...Foi ótimo!

Eu vi a decepção estampada em seus olhos, mas não daria esperanças a ele sobre um futuro, que eu sabia não existir. Eu não era o tipo de pessoa cruel que nutria em meus admiradores a esperança de que eles teriam um relacionamento longo e fiel. Eu sempre delimitava a situação em que nos encontrávamos, apenas um sexo casual. Gostoso, proveitoso e delirante, mas totalmente casual.

Destranquei o privativo e saí, deixando-o com uma expressão amarga. Claro que teve um bocado de outros que me olharam significativamente convidativos, mas Enzo tinha me dado o suficiente por hora e eu não queria chateá-lo mais.

Ao sair, comi mais um dos canapés e voltei a me mover no ritmo da música, junto com a multidão. Vi quando Enzo saiu do banheiro, lançando uma olhadela para a minha direção. Até tentei me envolver no clima anterior a ida, mas a mágoa naqueles lindos olhos azuis estava me fazendo sentir mal. Resolvi que era hora de mudar de ambiente. Não gostava de ficar sentindo remorso, ainda mais quando eu não tinha culpa de nada.

Peguei o elevador e desci para o térreo do cassino. Não fui para a parte de jogos, resolvi que tinha que pegar um pouco de ar puro, para tentar esquecer aqueles olhos azuis magoados. Eu não tinha culpa se ele havia se apaixonado, era algo casual, além do mais, todos que faziam sexo no banheiro sabiam que existia poucas chances de passar daquilo. Apenas sexo.  
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Mensagem por Ehratos Qui Jul 14, 2016 6:27 pm


Perdição!


Cheguei ao pátio amplo do cassino em pouco tempo e percebi que já era noite. Aparentemente eu passara um bom tempo no cassino, talvez fosse hora de retornar ao acampamento. Esse pensamento se desfez ao comer um outro bolinho, dessa vez oferecido por um garçom e dos feios. Ele tinha uma cara inchada, sorriso desdentado é uma monocelha terrível. O que sobrava de pelos em sua sobrancelha, faltava de cabelos em sua careca. Era gordo e o uniforme do cassino quase não cabia no homem.

Ele olhou para um outro garçom, do outro lado do pátio, e eu pude perceber certa semelhança. Ambos eram altos, mas o outro parecia uma versão mais feia do primeiro, com os mesmos traços grosseiros e mal desenhados, como se o autor da arte estivesse com uma raiva particular do personagem, talvez a diferença mais significativa era o fato deste ter uma sobrancelha repartida, embora não menos peluda.

Eu estranhei o fato, mas peguei o bolinho mesmo assim, continuando minha caminhada pelo pátio.

Estava vazio, com exceção dos dois garçons. O paisagismo fora feito de forma oriental, com um jardim de plantas verdes e bem cuidadas, rodeando um lago de tamanho considerável, cruzado por uma ponte de pedras. Achei absolutamente charmoso, conseguia me imaginar transando sobre o peitoril da ponte.

Deixei o ar noturno afastar os maus pensamentos. Eu não gostava de magoar as pessoas, não gostava que elas se apaixonassem por mim, preferia simplesmente que aceitassem o fato de que eu era uma criatura livre, que não gostava de se prender a ninguém.

Lembrei-me de um dos dias em que estava com Ethan na floresta. Um dia particularmente amargo.

Estávamos os dois deitados sobre uma toalha forrada na grama do bosque. O sol banhava os nossos corpos nus, como se Apolo nos acariciasse. Eu estava ressonando após uma maratona de horas fazendo sexo com meu amigo, tendo meus cabelos afagado por suas pesadas mãos. Era um dia tranquilo, até ele proferir aquelas palavras.

— Eu te amo! — Não saíra mais do que um doloroso sussurro de seus finos lábios.

Acho que ele pensou que eu estava dormindo. Eu sabia que ele jamais diria aquilo se soubesse que eu estava ouvindo, era algo com que eu não sabia lidar, relacionamentos eram uma coisa simplesmente fora do comum demais para mim.

Fingi estar dormindo, não queria estragar a nossa amizade com toda aquela complicação. Ele continuou fazendo as carícias, ignorando minha falta de ação. Nunca mais ele tocou no assunto, fora algo que morrera no momento em que fora proferido.

E, embora fosse algo muito comum na maioria dos meus casos ocasionais, era apenas em alguns destes que o sentimento de culpa vinha. Com Ethan fora a primeira vez que aconteceu e dessa vez era com Enzo. Não gostava de como isso mexia comigo. Eu era um deus de paixões efêmeras, eu tinha que permanecer fiel ao meu próprio estilo de vida.

Ignorando minhas lamúrias, algo se mexeu no lago.

Num instante, era o meu reflexo, iluminado pela lua e as luminárias do jardim, noutro era a rosto de uma mulher, que, aos poucos, emergia na superfície do lago.

Seus cabelos eram loiros e seus traços atraentes, a boca fina e o nariz pequeno, com maçãs altas em uma pele macia e branca, no entanto, o que mais atraía o olhar eram os olhos, azul-prateados delineados por uma sombra preta esfumaçada. Mesmo surgindo da água, sua maquiagem não se desfazia. Os seios tinham um tamanho perfeito, daqueles que cabem na mão e estavam firmes, mostrando sua juventude. Eu reconheceria aquele olhar em qualquer lugar do mundo, era   mbar, uma das ninfas que se mudara recentemente para o bosque e costumava me encontrar na Clareira dos Encontros.

O sorriso divertido no rosto da ninfa, mostrava suas verdadeiras intenções. Estranhei o fato dela estar ali, mas o corpo nu, imerso na água me fez ignorar toda e qualquer suspeita, afinal, sempre fui criterioso quanto à minhas prioridades.

—   mbar! Que bela visão! — Eu disse, meu sorriso se alargando, conforme eu me lembrava de nossos encontros.

Ela fez uma careta desgostosa para, em seguida, me olhar com paixão declarada.   mbar era o tipo de pessoa inesquecível, principalmente por causa de seus olhos. Eles tinham uma rara capacidade de prender a atenção e as pessoas, com frequência, se perdiam neles. Era uma das poucas ninfas que eu conhecia que tinham a capacidade de separar minhas visitas casuais com um futuro relacionamento duradouro.

— Estava com saudades de você! — Ela respondeu, segurando em uma das vigas da ponte, que passava muito próxima a água.

Eu me inclinei no parapeito, premeditando o beijo que naturalmente ocorreria.

— Eu estava indo encontrá-la hoje, mas vim parar aqui. — Foi o que me fez hesitar, retrocedendo no parapeito, indicando o espaço ao meu redor.

Ela fez uma careta irritada com minha hesitação, mas durou apenas um segunda antes dela avançar, usando outra viga da ponte para içar seu corpo para fora da água. Já podia ver seus seios e estava me dando uma vontade enorme de apertá-los, mas algo realmente estava errado, só não conseguia lembrar o que era.

— Me beija! — Ela sussurrou, já apoiada no para peito, seus lábios próximos aos meus.

Eu estava próximo de realizar seu desejo, mas algo realmente estava me incomodando. Não era do perfil de  mbar ser tão apressada. Ela adorava os jogos de sedução e provocação, gostava de aproveitar as preliminares e de todo o jogo romântico que envolvia nosso encontro.

— Eu te amo! — Ela disse, mantendo o olhar desejoso em mim, o braço direito já começando a se apoiar em meu ombro. Eu a empurrei de volta, agora certo de que não se tratava de   mbar, ela não me amava.

Não tive tempo de falar mais nada. Uma mão forte me acertou do lado esquerdo do corpo e me fez voar pelos jardins, ralando meu rosto no cascalho, tão milimetricamente planejado para simular uma realidade utópica, meu rosto a estragara.

Minha mente zuniu com a surpresa e minha face direita ardia em dor, meu braço doía com o impacto de meu pouso forçado entre os cascalhos, mas aparentemente nada fora quebrado. Minha costela já era outra história, provavelmente quase fora fraturada, mas ainda me permitiria me movimentar com facilidade. Respirar, por outro, lado estava se tornando cada vez mais difícil. O impacto retirara todo o meu ar e eu estava demorando para regular meu ritmo.

Uma pontada de dor subiu pela minha testa e eu fiquei preocupado se havia uma concussão. Eu podia sentir o Ikhor dourado escorrendo pela minha face, mas pouco eu podia fazer quanto a isso, tinha que manter meus olhos nos inimigos.

A Névoa começava a dissipar-se em volta dos garçons feios. Sinceramente, eu achei que não dava para piorar a aparência deles, mas descobri que a Névoa fez um trabalho excelente os embelezando.

Os corpos cresceram, e incharam, como se fossem bonecos sendo inflados, ganhando a cada momento mais volume, tanto em altura e espessura. O monocelha perdeu o segundo olho e ele se centralizou, acima da base do nariz, sua face ficou ainda mais inchada, seu nariz era grande e em formato de batata, com cicatrizes compondo o seu rosto aqui e ali, deformando ainda mais os traços horrendos. O uniforme do hotel encolhera e se rasgara, até parecer um ridículo top, que mal conseguia tapar os mamilos, que mais pareciam seios, e uma tanga que pouco cobria da genitália sebenta.

O outro era um pouco mais alto, ainda tinha o segundo olho, mas sua forma era ainda mais horrenda. Havia pedaços de carne pútrida exposta nos braços e pernas, como se tivessem esfolado a pele e a epiderme tivesse necrosado após isso. O corpo era tão redondo quanto o outro, mas infelizmente o uniforme não conseguira sobreviver a transformação e o deixará inteiramente nu. Para minha sorte, sua pança estava servindo de tanga. Segurava algo pequeno em suas mãos gigantes, mas eu já ais conseguiria identificar àquela distância.

Por último, veio  mbar, ou pelo menos quem ela deveria ser. Parecia estar descamando e, por algum motivo, me lembrou muito a troca de pele de uma cobra. Seus traços iam desaparecendo e as curvas femininas foram substituídos por uma magreza esquelética. Eu podia facilmente contar os ossos da criatura a minha frente. Era um homem, talvez fosse bonito se sua face não fosse tão chupada e coberta por escamas. Suas orelhas eram guelras e eram cobertas por sedosos cabelos negros, tentando emoldurar o rosto ossudo. Não vestia absolutamente nada e tinha uma aparência doente, mas gargalhava com evidente entusiasmo.

— Ele me avisou que você viria! — A voz estava longe de mim, quase inaudível por trás do forte zumbido agudo, que tomara conta dos meus tímpanos. — Eu ainda não acredito que ela me trocou por você! — Ele agora gritava, com o ódio estampado em cada entonação, pude perceber mesmo desorientado daquele jeito. —   mbar é minha! Minha! — O grito desesperado cortou inclusive o torpor que me mantinha imóvel.

—   mbar Minha!  mbar Minha! — Repetiram os dois feiosos em desentoada cantiga, dando a ligeira impressão em suas vozes que eles também compartilhavam do sentimento, não estavam apenas repetindo o lymnade.

Eles estavam na ponte. O magrelo subira pelas vigas, pousando ao lado de seus dois amigos feiosos. Eu fiz algum esforço para identificar o grupo, mesmo que minha cabeça estivesse girando com a dor que irradiava da minha face esquerda. Um lestrigão, um cíclope e um lymnade, grupo estranho, muito estranho.

Eu estava irritado, muito irritado. Eles tinham ferido minha preciosa face, algo que nenhum ser vivente ousaria fazer. Eu era um deus lindo, devia ser considerado sacrilégio acertar meu rosto, castigado com a fúria do Olimpo inteiro. Talvez tivesse sido assim, se eu não estivesse exilado.

Eu teria perdido a cabeça e estragado tudo, não fosse a dor que estava me contendo ainda no chão. Teria sido um verdadeiro desastre caso eu tivesse feito o movimento que ansiava, mas meu corpo não estava respondendo inteiramente aos meus comandos.

Se aproximavam à passos lentos, certos de que poderiam fazer o que quisessem comigo que eu não teria como me defender. Eu suspeitava que eles estivessem certos, mas de forma alguma eu admitiria a derrota.

Contra todos os protestos do meu corpo, eu me ergui lentamente do chão, determinado a não ficar com a cara no chão enquanto meus inimigos se aproximavam com aquele semblante vitorioso. Eu podia até morrer, mas não morreria daquela forma vergonhosa. Foi um erro.

Meu corpo imediatamente começou a tremer, meu corpo esquentou e depois comecei a sentir um suor frio se desprender de mim, minhas mãos e pés tremiam como vara verde. A bile subiu não apenas uma vez, mas se tornou impossível controlar depois da terceira e eu vomitei. O vômito estava com uma cor verde e doentia e eu identifiquei os muitos canapés que eu comera, em meio aos destroços.

— Que ótimo! O veneno começou a fazer efeito. — Gargalhou o lymnade. — Não se preocupe, não vai matá-lo — Seu tom finjia preocupação — Apenas vai fazê-lo tremer igual vara verde. É assim que eu o quero quando o matar, quero a cena perfeita para exibir para  mbar.

Como se fosse a palavra chave, eu consegui entender o que o Lestrigão carregava, um iPad. Eles estavam filmando toda a cena desde o início da armadilha e agora se concentravam na minha performance de derrotado e fracassado devia estar sendo digna de um Oscar.

Se ele tivesse pedido para gravar um vídeo comigo, eu teria ficado feliz em ajudá-lo, mas aquilo era ridículo. Meu estômago se revolvia e o enjôo estava me deixando verde de tão mal, mas eu tinha que ignorar tudo aquilo e me reerguer. Eu precisava fugir.

— Porque não fazemos assim? — Eu comecei, cada palavra doendo mais que a anterior, mas eu precisava ganhar tempo. — Lutamos de mentirinha, eu perco, faço um tremendo papelão, e ainda consigo um cachê para vocês! — Era um suborno fraco, eu sabia, mas a intenção era distraí-los.

— É uma oferta maravilhosa, mas terei que recusar, prefiro das coisas o mais reais possíveis. — Ele gargalhou. Havia falhado.

Comecei a me arrastar em direção ao cassino, meu corpo tremendo e dificultando minha agilidade e coordenação. Tudo ao meu redor parecia girar e meu corpo gritava para deitar ali até que o enjôo passasse, mas eu precisava fugir.

Respirei fundo enquanto me concentrava na dor no meu rosto esquerdo. Apesar da violência com que fora feito, não era mais que um corte raso, ou melhor, vários cortes rasos. Me concentrei em meu sangue, na produção de hemoglobina do meu corpo e na reprodução das células. As acelerei o máximo que pude.

— Isso seu inseto, fuja!! — Eu juro que minha vontade era arrancar a cabeça daquele patife do lugar, mas eu não estava em condições, se quer, de me levantar.

A dor começou a diminuir, conforme eu rumava para o pequeno lance de escadas, que dariam no saguão do cassino, há trinta metros de onde eu estava, talvez alguém me ajudasse, não que alguém fosse conseguir impedir aqueles três.

A minha sorte foi a loucura dele, não sei quanto tempo eu havia me arrastado, mas durante todo esse tempo ele narrou seu desespero.

O resumo da epopéia era : Ele era namorado de   mbar, seu nome era Seraph, e viviam felizes em algum lugar no Canadá, os feiosos eram admiradores da ninfa e, embora nunca tenham tido a oportunidade de ficarem sozinhos com a ninfa, sentiam-se também donos dela.   mbar me encontrou nas redes sociais e resolveu se mudar para o bosque do acampamento, trocando-os por mim. Isso deixou eles com raiva, então um “alguém misterioso” os avisou que eu estaria aqui, por isso eles montaram aquele plano e iam me matar. Longo discurso.

Em dado momento, a tremedeira parou, o enjôo passou e eu percebi estar próximo das escadas. O ferimento no meu rosto não doía mais, e só sobrara a dor no lado direito do meu corpo, mas esse eu teria que aguentar.

Eles não estavam longe, uns cinco metros de distância. Agora que todo o torpor passara e o ritmo da minha respiração se regulara, eu podia pensar melhor. Tinha que arquitetar um plano para fugir, aproveitar que eles achavam que eu estava sob seu controle. Precisava usar isso a meu favor.

Chorei. Chorei compulsivamente. Chorei como uma criança despejada, deixando os soluços estremecerem meu corpo, certo de que isso seria duplamente efetivo. O lymnade gargalhou profundamente, enquanto pedia um close para o lestrigão, este por sua vez parecia extremamente arrependido, juntamente com o cíclope.

O choro causou uma hesitação preciosa para mim. Me concentrei na sensação ardente de estar agarrado ao corpo de outra pessoa, da força com que o desejo inflamava a paixão e de como ela podia queimar e formigar por sobre aqueles que se uniam tão fortemente ao sexo.

Uma chama rosa brilhou em minha mão e, antes deles terem tempo de reagir, cortei o ar lançando uma rajada de fogo grande o suficiente para queimar qualquer mortal  vivo, mas não era essa a intenção.

Somado a hesitação anterior, o fogo impediu a visão deles de minha fulga por preciosos instantes. Eu senti o cheiro de carne queimada, mas não parei para conferir, precisava rumar para um lugar seguro.

— Isso! Fuja! Nos dê a melhor cena de covardia que pude pensar,  mbar vai adorar isso! — Foi o que ouvi antes de abrir as portas do salão.

Assim que entrei correndo pela porta, percebi a verdade sobre o Cassino Lotus. Era um covil de monstros.

Havia tantos espécimes diferentes, que fiquei apavorado. A saída me parecia a melhor opção, mas estava longe demais e, com minha entrada nada discreta, todos eles olhavam para mim. As bandejas de canapé logo se fizeram presente, e dessa vez pareciam mais insistentes do que nunca.

Peguei um, sorri e fingi comer, o que pareceu convencer os outros de que nada havia mudado. Andei depressa para o elevador, ainda sem saber totalmente o que fazer, mas tentando disfarçar o meu desespero. A porta fechou no exato momento em que os dois brutamontes entraram pelas portas de vidro.

Fui para o segundo andar. Enquanto estava no elevador, dei um jeito de cuspir o canapé sem que os outros percebessem.

As portas abriram e eu fui recebido pela música alta e a multidão de corpos. Escolhi aquele andar porque me lembrava dele estar lotado de semideuses, misturados a humanos e, agora eu sabia, misturados a monstros, estavam por toda a parte, mas todos aqueles odores diferentes do sangue do Olimpo devia estar confundindo-os, ou os canapés também funcionavam nos monstros.

Peguei o canapé de uma bandeira com um sorriso de agradecimento e a mulher que, na verdade, era uma dracaenae, sorriu de volta, com sua língua reptiliana cheirando o ar.

Eu me movi no meio da multidão, sempre conferindo minha retaguarda olhando, mesmo ciente de que demoraria um pouco para que eu fosse encontrado naquele andar. Me dirigi ao banheiro onde encontrei a mesma mistura que havia na boate e me dirigi a um privativo, dessa vez eu não estava indo fazer sexo casual.

Eu fiquei um bom tempo no banheiro, em dado momento eu ouvi os passos pesados de meus perseguidores, entrando pelo banheiro e batendo nas cabines, conferindo se eu estava em uma delas. Quando eles bateram na que eu estava, eu modifiquei completamente a minha voz, tornando-a semelhante à de Ethan. Eles se convenceram e seguiram para as próximas cabines, depois saíram.

Voltei a tremer. Achei que fosse medo, mas percebi que era a mesma sensação de enjôo de antes e vomitei mais uma vez o líquido verde e doentio que estava se instalando em minhas entranhas. Minha pele estava ardendo em febre e meu suor estava frio, num paradoxo térmico que me deixava totalmente desorientado.


E, com a mesma rapidez com que veio, a tremedeira passou. Eu fiquei deitado no chão, apoiando minha cabeça no vaso, havia dado a descarga e estava tentando me recuperar.

Fiquei um tempo sentado na privada, tentando colocar os pensamentos em ordem, nesse meio tempo, ainda passei mal mais duas vezes, percebendo o tempo de ação. Dois minutos de tremor e mal estar por cinco de descanso. Provavelmente meu corpo estava lutando para eliminar a toxina, mas eu sabia que minha sorte não demoraria a acabar.

Eu tinha que fugir dali, mas tinha certeza que um deles ficaria de tocaia no hall de entrada e não sei se poderia lidar com tantos monstros antes que eles tivessem a chance de me cercar. Não, eu tinha que pegar um de cada vez.

O lymnade estava ainda em seu habitat, ele não ficaria longe da água, o que me restava os dois gigantes feiosos. Eu precisava atrair um deles para um lugar onde eu pudesse ter vantagem e tinha que ser um lugar onde os demais monstros não me atacassem, onde eu pudesse ter total controle da situação.

Lembrei-me do cartão platina. Ele me dava acesso a um dos quartos do terceiro andar e, por sorte, ainda estava num dos meus bolsos. Conferi meus armamentos e, mesmo minha coroa de louros ainda estava bem presa à minha cabeça. Minha asa seria um problema para esconder, mas eu precisava ter a certeza de que apenas um deles me seguiria. E isso, apenas depois das tremedeiras, onde eu teria cinco minutos para agir. Não, menos que cinco.

Quando o tremor se foi, eu saí do banheiro na ponta dos pés. Tive a sorte deles não estarem esperando no banheiro, nem na porta dele. Meus olhos procuraram pela multidão, até encontrar o cíclope próximo à escada que levava a pista do DJ, o lestrigão, no entanto, não estava em lugar algum. Preferi assumir que ele estava no hall de entrada, guardando a daída. Notoriamente ele me procurava, então tratei de esconder a asa, envolvendo-a em meu corpo, me movendo no mesmo ritmo da multidão, aceitando todo o tipo de canapé que podia pegar, disfarçando ao cuspí-los.

Três minutos, só me restavam mais três.

Quando cheguei próximo do elevador, percebi que ele estava descendo, o que queria dizer que abriria no hall de entrada para, só então, subir. Isso queria dizer que existia a possibilidade de eu dar de cara com o lestrigão é existir a possibilidade do ciclope descer e me encurralar. Eu sabia que ele devia estar vigiando as saídas da boate, o que deixava sobrando apenas um caminho: as escadas.

Elas estavam próximas do elevador e eu sabia que ele me veria. Esperava encontrar logo o meu quarto, 512, caso contrário eu teria problemas.

Abri a asa esquerda, deixando claro o meu caminho. Nem olhei para saber se ele me seguiria, não queria perder nenhum segundo. Subi os lances da escada de mármore branco de dois em dois e abri violentamente a porta do terceiro andar. Uma garçonete se assustou e fingi que o propósito era assustá-la como parte de uma brincadeira. Ela deu de ombros rindo e me oferecendo um canapé.

O peguei, enquanto perguntava para ela qual era o número 512. Final do corredor, ótimo!

Andei o mais depressa que pude, não querendo que o cíclope visse minha entrada no quarto, fechei a porta sem fazer barulho e fechei o trinco, não que isso fosse impedi-lo de entrar.

Acabou meu tempo.

Meu corpo voltou a tremer e eu me dirigi para o banheiro da suíte, ciente de que não deveria fazer barulho ao vomitar. Enquanto eu tremia igual vara verde, tratei de me despir, deixando apenas os tênis e as armas, que sem roupa não estavam mais tão ocultas, mas eu teria que dar um jeito nisso usando minha maior arma.

Comecei a ouvir as portas sendo arrombadas no corredor, dando a entender que o cíclope começara sua busca. Com sinceridade, foi nessa hora que achei que as coisas fossem dar errado. Talvez ele demorasse menos de dois minutos para me encontrar e eu não estaria preparado para ele.

Com as forças que me sobraram eu me arrastei até a cama e comecei a me massagear, eu precisava estar numa situação em que ele me achasse um prato a ser degustado. Não o vomitante deus deitado próximo a privada.

O barulho ficava cada vez mais próximo, conforme sua caçada chegava ao final, as portas estavam acabando e a tremedeira ainda estava presente.

O último tremor me deixou quando a porta abriu furiosamente, ele ciente de que só tinha aquele lugar para eu me esconder.

— Topher achou voc...— A frase morreu na boca do cíclope quando ele finalmente me viu.

A cena que ele encontrou não foi a que ele esperava, tenho certeza. Eu estava na cama, completamente imerso em minhas próprias carícias, alucinando, me contorcendo e gemendo, enquanto massageava meu corpo com intensidade, já em febre. O olhava cheio de desejo e súplica, com minhas pernas abertas, mostrando meus melhores ângulos.

Meu corpo era perfeito, uma visão quase impossível de não se apaixonar, mas eu não estava contando só com meus dotes de beleza. Eu estava estimulando a liberação de ocitocina no corpo do ogro, forçando-o a me desejar, a se juntar a mim em orgasmos de prazer. Soube que o plano tinha dado certo quando a tanga feito da calça rasgada do hotel não conseguiu mais esconder nada.

— Por favor... — Eu gemi, me contorcendo nos lençóis.

Foi o golpe fatal. Topher, pelo menos acho que esse era o seu nome, não conseguiu mais se conter e avançou todos os passos até a cama. Eu me ergui, ciente de que não poderia deixá-lo deitar por cima de mim e me cobrir. Não sei se estava pronto para o tamanho do cíclope, embora estivesse curioso para tentar.

“Ahhh se não fossemos inimigos” pensei, já imaginando o que poderia fazer com toda aquela ignorância. O que era bobeira pensar nessa altura.

O encontrei no meio do caminho e beijei seu corpo. O cheiro de sebo e de lixo se misturando ao fedor de sugado mal lavado. Controlei a vontade de vomitar e me concentrei em beijas o corpo gigante, o conduzindo para cama, onde eu estava até agora deitado.

Ele deitou-se gemendo com minhas carícias, especialmente quando as fazia no gigante pulsante, mas não era isso que eu desejava, então permaneci beijando-o no rosto, até encontrar a língua áspera, grande e fedorenta. Os dentes estavam podres e o bafo era de matar, mas controlei meus instintos, eu precisava fazê-lo fechar o olho.

Foi o que aconteceu segundos depois. Para minha sorte ele ainda esteva hesitante sobre o que fazer e não me agarrou, o que teria sido desastroso, mas ele fechou o olho, enquanto eu beijava sua boca. Num rápido movimento, saquei as duas adagas nos coldres, que as prendiam nas minhas costas e acertei uma no olho e a outra finquei no pescoço do ogro.

Rolei um pouco antes dele gritar e se debater em dor. Rolei da cama antes que o braço pesado tivesse a oportunidade de me quebrar junto com a cama.

Ele gritava meu nome dolorosamente, parecendo estar se afogando em ikhor dourado, com alguma dificuldade atirara as adagas na minha direção, provavelmente se orientando pelo som, mas a essa altura eu já estava atrás de um dos sofás, e as armas se fincaram no apoio deste.

As recolhi rapidamente, as deslizando para dentro do coldre, e comecei a disparar as facas de arremesso desesperadamente, ciente de que usar fogo contra ele seria inútil. Nem todas o acertavam, eu precisava melhorar muito minha mira, mas o golpe inicial já havia causado dano o suficiente e, o fato dele estar cego e se movendo a esmo pela quarto, o tornara um alvo ambulante, enquanto eu dançava de um lado para o outro me esquivando de seus socos sem mira.

Tudo não deve ter durado mais que quatro minutos, quando ele finalmente se desfez em pó, me amaldiçoando enquanto morria afogado em seu próprio ikhor.

Recolhi as facas que haviam sido jogadas no corpo dele e as que consegui recolher no quarto, um total de dez, antes que os seguranças chegassem. Pus correndo minhas roupas, que estavam a salvo no banheiro e deslizei pelo corredor em direção às escadas.

Fui descendo os lances até o momento em que me vi vomitando em um dos degraus, tremendo e sentindo febre. Aquele maldito veneno estava me custando um bom número de líquidos e aquele maldito lymnade ia me pagar caro por todos aqueles danos. Eu acabara de beijar um cíclope malcheiroso e feio só para matá-lo.

Quando os espasmos pararam, eu soube que eu tinha mais cinco minutos para agir e resolvi descer pelas escadas até o andar do hall, tomando o cuidado para não chamar atenção por demasiada.

Como eu imaginava, o lestrigão guardava a entrada, ao lado da ferrarei negra que era o prêmio máximo do cassino. Estava com os braços cruzados e inteiramente nú, mas percebi que a queimadura do meu Erote-Pyros havia funcionado dele. Diferente dos ciclopes, lestrigões não eram imunes ao fogo. Ótimo.

Estava próximo de dar o próximo passo quando uma pesada mão pousou sobre o meu ombro. Num movimento rápido de saque, eu puxei minha acabado do coldre e me virei pressionando a lâmina no pescoço de Enzo. O arrepio, ao olhar em seus olhos azuis percorreu toda a minha espinha e estava começando a me lembrar de onde a sensação era tão familiar. Enzo era meu primo, filho de Thanatos.

Certa vez minha mãe me levou para conhecer meus tios, Hipnos e Thanatos. O arrepio que senti quando fui teletransportado era o mesmo que sentira naquele dia, na presença de Thanatos, e o mesmo arrepio  que me assolava quando cruzava com o o olhar do italiano.

— O que você está fazendo aqui? — Eu disse em um sussurro.

— Eu o vi quando entrou na boate e os brutamontes o perseguiram. — Ele respondeu, tentando manter a lâmina da adaga longe de seu pescoço.

Eu recolhi a adaga, espiando o hall. Nada havia mudado.

Segundo Enzo, ele chegara no andar de cima depois da destruição e desceu pelas escadas onde me encontrou naquele estado.

Eu estava começando a suspeitar o verdadeiro motivo dessa incursão misteriosa ao Cassino, mas era muito estranho meu Tio se intrometer em assuntos mortais, ele era o tipo de pessoa que seguia as regras a finco, à menos que fosse de suma importância.

— Veja bem... — Eu comecei, tentando manter o meu tom calmo, eu sabia que meu tempo estava se esgotando — ...Eu vou tentar parar aquele grandão ali. — Apontei para o salão às minhas costas com o pegar. — ...Caso alguma coisa aconteça comigo, você vai tentar passar o mais despercebido possível pelo lugar e seguir para a saída. — Ele fez menção de protestar, mas eu o calei com um beijo. — ...Não sou tão fraco. Só estou assegurando sua segurança. Quero repetir a dose. — Eu disse, sussurrando as últimas palavras em seus ouvidos.

Imaginei que fosse o suficiente, mas a tremedeira começou. E ele me olhou com preocupação, enquanto eu me inclinava para ficar mais perto dele. Fiquei contando as horas, dizendo a ele que estava tudo bem, era só um veneno que eu ingerira, mas já ia passar.

Ele permaneceu afagando meu cabelo. Não tinha muita coisa em meu estômago para vomitar, mas o enjôo continuou indo e voltando durante os dois minutos do veneno.

Quando enfim terminou meus tremores eu dei um último selinho em Enzo, antes de ir para o hall de entrada. Não me preocupei em me esgueirar ou me esconder. Saí das escadas com minha asa bem à mostra, pegando um canapé, agradecendo a garçonete com um sorriso.

Do outro lado do salão, o Lestrigão rugiu com raiva e eu fingi estar surpreso, junto com os demais convidados.

— Kronk sabia que você viria para cá! — Começou uma corrida em minha direção e eu gritei por socorro, chamando-o de maluco.

Todos os demais monstros, humanos e semideuses correram e eu fiz questão de me juntar a turba ensandecida, correndo de um lado para o outro, subindo pelas escadas em direção ao segundo andar. Até mesmo os que brincavam com os caça níqueis na varanda de cima haviam evacuado o local. Estava preocupado se havia acontecido alguma coisa com Enzo, mas não podia me dar ao luxo de me distrair.

Quando menos percebi o salão estava vazio, e era naquele momento que a brincadeira ia começar. Eu precisava ser rápido, pois devia me restar três minutos ou menos, antes dos espasmos começarem.

Ele estava próximo da recepção e eu no extremo oposto. Ele pegou o monitor em cima da bancada e jogou na minha direção. Eu rolei para o chão e tirei minhas calças no meio da cambalhota, antes que uma cadeira m acertasse.

O lestrigão avançou na minha direção em linha reta. Eu dei dois passos para trás, lançando duas das facas. Eu não calculei bem o local onde estava e fiquei preso numa coluna que surgira às minhas costas.

Kronk avançou com um soco, que por pouco não me quebra inteiro. Eu me abaixara no último segundo e a coluna implodida com a força do impacto, eu rolara antes que parte da varanda onde estavam os caça-níqueis desabasse sobre ele.

Concreto, máquinas e escombros caíram sobre o lestrigão, que foi jogado ao chão com a força do impacto. Eu ainda consegui lançar o resto das facas em sua direção, embora quatro, das oito que lancei, tivessem errado vergonhosamente seu alvo.

Eu estava próximo de avançar para desferir um golpe legal, quando a tremedeira reiniciou, me fazendo perder a agilidade, que tanto estava me dando vantagem. Ele ergueu-se com um bloco de escombro e lançou na minha direção, eu tentei desviar, mas acertou minhas costas no lado direito, onde eu fora ferido mais cedo. Dessa vez a costela fora quebrado

A dor foi tão intensa que me fez gritar involuntariamente. Kronk riu com seu sucesso, agora que eu estava praticamente imobilizado, eu não teria qualquer chance.

Foi nesse momento que o vi na varanda de cima. A máquina estava sendo arrastada aos poucos e estava próximo do precipício. Eu tinha falado para aquele idiota ficar em segurança. Se o gigante percebesse Enzo lá em cima eu não teria como fazer nada.

— Você acha que acabou comigo? — Eu vociferei, meu corpo reclamando de dor. Minha expressão estava transtornada, mas determinada a não deixar Enzo ser visto por Kronk.

Eu me ergui, as pernas bambas por causa do veneno e da dor que irradiava da fraturada. As tremedeiras estavam tornando difícil a concentração, mas eu tinha que criar alguma coisa para eliminá-lo.

Eu me concentrei na palma da minha mão, mas a dor, em conjunto com o veneno não me deixavam colocar meus pensamentos em ordem e tudo que sobrava era um frustrante lampejo de calor, nada parecido com a ardência que eu costumava invocar.

O caça-níqueis despencou na cabeça de Kronk e eu tive um lampejo de esperança que tudo acabaria naquele momento, mas o lestrigão se reergue furioso, rugindo para o segundo andar, mas sem conseguir alcançar Enzo que já recuava nos escombros.

Kronk, babando de raiva foi em direção à saída, mas eu sabia que ele não estava fugindo. Acho que foi o desespero de ver a mão dele erguendo a ferrarei negra e mirar onde estava o filho de Thanatos.

Não sei dizer qual sentimento me fez gerar as chamas. Acho que quando vi a expressão desesperada de Enzo, me lembrei de nosso rápido encontro e de todo o calor que nossos corpos geraram enquanto nos perdíamos em nosso mundo regado de gemidos e gritos de prazer. Saber que talvez nunca mais fosse experimentar aquilo com ele deve ter sido frustrante o suficiente para me irritar.

As chamas róseas lamberam a minha mão, eu estava irado, frustrado é completamente irritado. Eu mirei na cabeça de Kronk, desejava poder arrancá-la com minhas próprias mãos e lançá-lo nos campos de punição por puro prazer, talvez mandá-lo para o tártaro ou para sofrer na sopa caótica e sem sentido que eram os domínios de Chaos, mas a tremedeira me fez errar o alvo.

Ao invés da cabeça, a bola de fogo rosa que eu mentalizei acertou o tanque de gasolina do carro de luxo, acima da cabeça do lestrigão. Ele explodiu, caindo em chamas em cima de Kronk, que não levantou mais, para o nosso alívio.

Enzo desceu todo o caminho correndo desesperadamente, pulando escombros, pedras e vidros. Eu estava prestes a cair, quando ele se juntou a mim, me equilibrando em seus braços firmes, percebi que estava mais desgastado do que deveria, já havia usado uma parte grande de meus poderes em apenas algumas horas e ainda tinha o veneno para fazer meu corpo tremer.

Deixei-me cair em seus braços, grato por ter o calor dele para aliviar meu tremor.  Eu estava sentindo uma dor excruciante no lado esquerdo e, agora com tudo no fim, eu me permiti liberar o gemidos de dor que estava prendendo, por pura força de vontade.

Fiquei um tempo em nos braços do filho de Thanatos, os destroços espalhados por toda a parte enquanto esperávamos o tremor do veneno passar, mesmo que a dor da pedrada ainda fosse suficiente para me fazer quase chorar.

Um dos vidros quebrados no chão me fez atentar para o meu reflexo. Embora não estivesse mais vazando ikhor dourado, ainda podia ver os lanhos abertos e inchados. Meu rosto estava deformado por causa de um mísero espírito das águas. Um sentimento de pura fúria me subiu a cabeça. Eu tinha tido meu rosto perfeito ferido por um magrelo recalcado vindo do Canadá!

Agora, definitivamente, era pessoal, o faria sentir de seu veneno para ver se aprovava o gosto.

Me ergui com dificuldade, decidido a me vingar. Enzo quis desaprovar minha atitude, mas o ignorei solenemente, tratava-se do orgulho de um deus, meus atos podiam não ser dos mais valorosos como herói ou exemplo a ser seguido, mas covardia não era meu melhor ângulo. Eu preferia o que me colocava acima de qualquer outro mortal

Com a ajuda de Enzo, eu tirei toda a minha roupa e rumei, aos tropeços, para a ala do jardim. Não adiantava mais ficar usando os coldres das facas de arremesso, que agora jaziam vazias, então as desatei, deixando apenas as adagas, que seriam minha principal fonte de ataque a partir dali.

Eu sabia que o Lymnade não havia saído de seu habitat, ávido por me emboscar, mas para sua infelicidade, seus capangas já estavam mortos e estava chegando a sua vez. Decidi usar o mesmo truque que ele pretendia usar contra mim.

— Fique aqui. — Eu disse firme para Enzo, quando cheguei aos pés da escada.

Claro que ele não entendia o motivo de eu estava nú, mas eu sabia bem o que estava planejando. Obediente, ele ficou, mas eu sabia que ele estava pronto para agir caso eu precisasse.

Quando estava no meio do caminho, eu me deitei no chão. Parei por um segundo para respirar, antes de forçar minhas pernas abrirem, mostrando meu melhor ângulo para o lago.

— Seraph, você esta aí? — A voz feminina e sedutora ecoou pelo lago, mas não era nada parecida com a minha. Era a de   mbar.

Foi o suficiente para eu ver a cabeça do lymnade despontar no lago. Acho que ele pretendia rir de minha tentativa de enganá-lo, mas no momento em que pôs os olhos em mim, já era tarde.

Para ele, eu era a pessoa que ele mais desejava, e eu era um bom intérprete, bom o suficiente para enganá-lo e fazê-lo acreditar que era mesmo a   mbar que estava ali, no meio do jardim, com suas ancas expostas para ele, convidando-o a jogar seu jogo favorito.

Era algo que eu guardava como um último recurso, já que existia a possibilidade de tudo dar muito errado, mas eu queria fazê-lo sentir a maior dor que eu poderia proporcionar. O espelho d’água o faria ver  mbar, e essa mesma ilusão o mataria. Ele seria morto por sua ambição.

Talvez Seraph tivesse ficado em dúvida, mas não era algo com que ele pudesse lutar. A razão perde muito o poder quando há um sentimento tão forte envolvido. Paixão era algo tão forte que raramente podia ser controlada. Deuses com domínio sobre os elementos e poderes das trevas, pouco sabiam que diante da afetividade, tudo isso se rendia com prazer aos nossos domínios. Nós presidíamos sobre forças que, mesmo eles, não podiam combater.

Convencido que sua amada o chamava, ele se entregou ao inevitável. Sua mente era doentia o suficiente para imaginar que ela havia retornado e estava ali nua só porque ele desejava. Doce engano.

Saiu do lago nú, já pronto para cosumar seu tão ansioso desejo. Eu permiti que ele me cubra-se, me beijando com sua língua escamosa e ralando minha pele com suas guelras, um preço pequeno a pagar pela cabeça de meu inimigo.

O deixei continuar, soltando gemidos de prazer, misturados aos de dor, que se formavam a todo momento na minha garganta. Enzo provavelmente não estava gostando daquele espetáculo, mas eu não me importava, ali só importava o meu objetivo.

Ele me invadiu sem qualquer preparação e eu urrei de dor, mas me mantive firme, permitindo que ele causasse mais dano do que deveria, delirando em seu desejo. Percebi que aquela seria uma partida rápida quando ele começou a arquear.

Aproveitei sua empolgação, para, sentindo uma dor cruel no meu lado direito, sacar as adagas de seus coldres e empalar a garganta do lymnade em dois lugares, o movimento mais parecia um lobo fechando as presas no pescoço de sua vítima. Ele mal teve tempo de gritar, pois usei meu corpo para virar o meu corpo, caindo por sobre o dele, ainda sentindo-o rasgar minhas entranhas.

Não parei de estocá-lo com as adagas, enquanto não percebi que ele não tinha mais forças.

—  mbar...Por que?? — Não passava de um sussurro de um moribundo.

Eu sorrio, essa pergunta o perturbaria por toda a sua eternidade no tártaro, mas eu iria respondê-la.

— Porque Ehratos é uma foda muito melhor, aceita que dói menos! — Disse, pouco antes dele se desfazer em pó dourado.

Eu estava exausto, trêmulo é totalmente esgotado, mas ainda teria que rumar para fora do hotel. Tive a ajuda de Ethan nisso, já que estava em poucas condições de caminhar. Meu anus estava sangrando, ele dissera, além de espetar expelindo as sementes de Seraph.

O hall de entrada estava destruído, mas conseguimos sair antes que algum dos monstros aparecesse. Rumamos na direção em que eu viera e não me decepcionei dessa vez quando o suposto portal nos levou para a floresta.

Caí na grama da floresta, enfim me sentindo seguro. Enzo, ao meu lado, parecia não estar entendendo nada, mas garanto que logo as coisas fariam sentido.

Sem sentido foi a explicação que eu tive que dar para Zoey, que fora quem nos encontrará no dia seguinte, enquanto fazia trilha pelo bosque. No início pensou que fossemos invasores e, por muito pouco, nossa vida não ficou em perigo.

— Resumindo: Você fez sexo num cassino e voltou assim? — Ela disse apontando para mim, que parecia ter sido atropelado por um caminhão de consolos de sexy shop.

Quando ela colocava naquelas palavras tudo me parecia muito errado, mas vi um sorriso no rosto de Enzo, como se aprovando a descrição da filha de Afrodite. Isso compensava ter virado a piada.

Ela saiu e voltou com ajuda e roupas, embora eu realmente achasse desnecessário, o acampamento todo já me vira nú mesmo.


Epílogo


Eu ressonava tranquilamente na maca da enfermaria, curtindo minha recuperação não muito lenta, quando um alerta súbito me despertou. Não era algo sonoro, era uma sensação, como se meu sexto sentido estivesse gritando que eu estava em perigo mortal.

Olhei na enfermaria de um lado para o outro, mas as luzes estavam apagadas e, pouca luminosidade entra a pela lua cheia na janela. Eu sabia não haver ninguém, não havia passos, respiração, nem mesmo o movimento do vento, no entanto os fios da minha nuca estavam arrepiados até a alma.

Tentei me acalmar, tentei não parecer um rato quando perguntei se tinha alguém ali, mas nada. Nenhuma resposta, nenhum som, nenhuma respiração, apenas a sensação de alguém me vigiava.

— Você é bem sensível a mim, não é? — As asas negras se estenderam por sobre minha cama, impedindo que a lua iluminasse a face do anjo negro à minha frente, que se materializará do meio das sombras.

Não vou mentir, eu gritei feito uma mulherzinha e então ouvi a gargalhada profunda de meu Tio sem o menor senso para piadas.

Thanatos veio me visitar na enfermaria. Péssimo sinal.

— Você tinha que ver a sua cara! — Ele se contorcia de tanto rir, em seus trajes fúnebres e agourentos.

— Você também ficaria assim se recebesse uma visita sua! — Eu devolvi, ainda tentando me recuperar do susto. — E tem mais! Eu não estou morto! — Me adiantei a dizer, antes que ele usasse a foice e eu não tivesse a oportunidade de falar. Ouvi dizer que o SAC do mundo inferior é de matar.

Thanatos se recuperou de seu momento “sou a morte, sou engraçada pra caralho!” e se sentou no banco de visitas, enquanto suas asas se recolhiam, quase envolvendo-o.

Ele era bonito, muito atraente, como poucos deuses conseguem ser. Me lembro de quando o vi pela primeira vez, eu corri, minhas mãos ainda muito pequenas, mas ele as afagou com carinho e me deu um beijo na testa. Lembro-me de ter a impressão da terra desacelerar e se tornar mais calma.

— Ah! Ainda não vim te buscar! — Ele disse, a voz grave, profunda e totalmente sedutora. Não gostei do ainda. — Vim falar sobre o cassino. — E eu comecei a entender onde ele queria chegar.

— Eu já sei que foi o senhor que me mandou para lá — Ele balançou a cabeça em aprovação, me dando a oportunidade de continuar com minhas suposições. — Para resgatar o Enzo, porque ele é seu filho. — Thanatos balançou levemente os longos cabelos.

— Não exatamente... — Ele se remexeu na cadeira, talvez pensando no quanto podia falar. — ...Foi sua mãe que me pediu para mandá-lo para lá! O Enzo é importante, sim, mas não para mim... — Ele se lembrou de algo e sua expressão se fechou um,pouco. Eu meio que já sabia o que era. — ...E só para ficar claro, eu não mandei você para ficar se pegando com ele no banheiro da boate.

Eu engoli em seco. Preferia tomar uma bronca de Zeus do que um leve puxão de orelha de Thanatos. Eu acenei afirmativamente e ele mudou a expressão, como se dando o assunto por encerrado.

Então me ocorreu algo, que me deixou um pouco zangado.

— Foi o senhor que avisou para Seraph que eu estaria no hotel? — Eu perguntei e o tenente de Hades me analisou bem antes de responder.

— Não! — Ele respondeu sem se alterar.

— Você sabe quem foi? — Eu tentei.

— Sei, mas se eu contar vou ter que te matar. — Ele finalizou, um sorriso brincando em seus lábios.

Isso não tinha graça vindo dele.

— Vou deixar um presente para você, a Morte não gosta de ficar em dívida com ninguém.

— Chega de trocadilhos, tio, sério! — Eu ri. Thanatos não era como todos pensavam.

Ele me olhou com carinho. Hesitou por um segundo, então me deu um singelo beijo na testa, do mesmo que me dera quando eu era criança. E eu fui sentindo a terra gradativamente ficando mais lenta em seu giro.

Só notei a caixa negra no meu criado mudo no dia seguinte. O primeiro presente que eu recebia da Morte.[/right]

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Mensagem por Eros Qui Jul 14, 2016 9:50 pm


AVALIAÇÃO

Parabéns pela missão. Gostei dela, mas cuidado, achei muito longa e está mais para missão narrada do missão one post.

♦ 385 XP
♦ 2 níveis
♦ 1 ponto de treinamento com adagas.
♦ 50 dracmas

Obs.: Cuidado com seu personagem, ele foi mandado para o acampamento para melhorar e não piorar sua situação.

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