MvP — Traição Natural — Ericka Crowder

Não é que eu estou super ansiosa para sair em missão, aventurar-me em território desconhecido, testar várias probabilidades e brincar com as criaturas que encontrasse no caminho. É que eu realmente estou necessitada de Dracmas. Sério, o que vão falar de uma filha de Tique pobre? Horrível. Sou nova no acampamento, não posso deixar que minha primeira impressão seja esta.

Fiquei isolada no meu quarto por alguns dias, apenas pensando o que eu poderia fazer para ganhar Dracmas. Campos de morango, muitos iriam me ver. Os demais semideuses pensariam coisas como: ''olha, a mendiga veio colher morangos porque está sem Dracmas''. Paranoica, eu sei, mas isso não seria nada legal. Estábulos e refeitório, não cogitava de maneira alguma, estava em uma repleta escuridão, até ouvir algo interessante pela janela.

— Vamos, Anna! Esta é a nossa primeira missão, iremos ganhar muitas Dracmas, itens lendários e teremos muita emoção! — Eu sabia que não era tudo aquilo, ainda mais para uma primeira missão, no entanto, em uma coisa ele estava certo, sobre o ganho de Dracmas.

Finalmente uma ideia surgiu em minha mente, precisava de uma missão. Mas... como? Sai imediatamente a procura de algum instrutor, ou de algum semideus mais antigo no acampamento, alguém que pudesse me passar qualquer missão. Não sei se foi por conta do meu azar ou por conta de ser novata, mas todos me ignoraram e riram quando mencionei o pedido. Nem mesmo meus irmãos quiseram me ajudar. Dia após dia e noite após noite, sem desistir, sempre abordando algum semideus novo para que me passasse alguma missão, mas nada dava certo.

— Droga! — Sabia que se continuasse a fazer o que estava fazendo, não daria em nada... E também sabia que só tinha um jeito de conseguir o que queria. Pego meu pé de coelho do bolso e o seguro com as duas mãos pressionadas contra o peito.


Não demorou muito para surgir um semideus, meio perturbado fisicamente, bem próximo da onde eu estava. Aproximei-me dele, perguntando se não poderia me passar uma missão. O jovem meio que perdeu a paciência, e logo soltou que uma ninfa estava planejando se juntar aos nossos inimigos. Fiz uma cara de surpresa, mesmo não sabendo de nada, nem o que era uma ninfa, mas logo mudei a expressão para um tom confiante, e então ele prosseguiu com algumas instruções.

— Certo! — Na hora, não demonstrei nada, mas por dentro, estava dando pulos de alegria. Guardei o pé de coelho no bolso, corri para meu quarto e peguei tudo que tinha, uma moeda especial, a colocando no outro bolso da calça jeans.

— Ninfa, onde quer que você esteja, aí vou eu! — disse ao partir em direção à floresta.

Qualidades e Defeitos:

Itens:

Depois de alguns passos floresta adentro, a gritaria do acampamento foi ficando para trás, cada vez mais, substituída por aves locais. A cada passo que eu dava, mais me questionava o motivo de estar ali, repetindo várias vezes mentalmente que era necessário. Mas será que minha vida valeria algumas dracmas?

Como se não bastasse já aquele clima tenso de uma semideusa inexperiente se perdendo na floresta, uma voz misteriosa do nada me assusta, dizendo ''olá''. Olho ao redor rapidamente para tentar decifrar da onde ela veio, mas sem sucesso. Começo a cogitar que estava alucinando, mas felizmente não era isso. Uma mulher surge do tronco de uma árvore, apontando para umas raízes do lado do meu pé, dizendo para ter cuidado. Realmente, uma delas estava bem afiada, poderia me machucar se não fosse por ela.

— Nossa, como sou desatenta... — comentei, dando dois passos para o lado. — Muito obrigada! — Enquanto a agradecia, disfarçadamente olhava para o papel que estava em mãos, tentando encontrar alguma semelhança entre a ninfa que estava procurando com essa misteriosa mulher. Depois de conseguir enxergar o que estava escrito, fico aliviada ao saber que as descrições não batiam uma com a outra.

— Eu estou procurando uma amiga... — respondi a mulher. — Ela é uma ninfa, combinamos que iríamos nos encontrar nesta floresta, mas eu me perco muito fácil em locais fechados. — Talvez ela pudesse me ajudar a encontrar a futura traidora.

Qualidades e Defeitos:

Itens:

Talvez eu não devesse ter dado tantos detalhes do que estava fazendo ali e nem mentido tanto, visto que a mulher me encarou por alguns segundos meio desconfiada. No entanto, ainda sim antes de retornar para árvore, ela me ajudou, pelo menos de certa forma.

— Bem, obrigada, moça. — agradeci em um tom suave, mas meio constrangida pela situação. Continuo então minha caminhada, olhando para o pedaço de papel, tentando entender aquele garrancho, procurando um nome.

— Ava? Ahn... não... An... Ana? Droga, droga! — Lia em voz baixa, apenas tentando decidir por qual nome começaria a procurar. Cada hora que eu olhava parecia um diferente. Uma hora Ana, outra hora Ava. Minha situação estava começando a se complicar, pois agora tinha noção de que não estava totalmente sozinha ali, mesmo parecendo que estava.

— Avaana! Avaana! — Ao invés de escolher apenas um nome, brinco ao tentar testar minha sorte. Faço uma junção dos nomes e começo a gritá-lo bem alto, com a esperança de alguém surgisse.

PS:

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Não cheguei a precisar gritar nem quatro vezes, que a ninfa logo surgiu por detrás de uma árvore, dizendo que seu nome era Ava. Meu coração começa a palpitar, minha pele arrepia ao ouvir sua voz, mas ao enxergar sua aparência, arregalo os olhos totalmente surpreendida por uma garota. Literalmente uma criança de aparência inofensiva.

— Ah, olá, Ava — murmurei enquanto checava o papel, lendo a descrição da ninfa. — Sinto muito por errar e pronunciar o seu nome, é que não me deram um nome totalmente legível. — Mesmo conversando com a garota e imaginando as possíveis coisas que aconteceriam naquele local, estava totalmente em choque. Está certo que no passado, eu enganei muitas pessoas, fiz coisas ruins, mas nada tão ruim quanto essa missão requeria.

Caso a descrição batesse, conjuraria uma espada de luz nas costas da garota, fazendo com que ela atravessasse seu ombro e a fincasse no chão. Em seguida, pegaria minha moeda do bolso e a jogaria para o céu, com a intenção que qualquer que fosse a arma, caísse diretamente na cabeça da ninfa.

— Peço desculpas por convocá-la desnecessariamente. Tenha um bom dia — responderia se a descrição não batesse, e respectivamente, continuaria a caminhar.

PS:

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Itens:

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Como esperado, a espada atravessou seu ombro e a fincou no chão, porém, não causou nenhum tipo de dano físico, aparentemente.

— Merda!

A ninfa estava presa ao solo, a moeda girou algumas vezes antes de virar uma cimitarra, caindo na cabeça da jovem, mas do lado não cortante, apenas a machucando. Talvez tenha sido um erro ter vindo até aqui, sem conhecer direito minhas capacidades, mas agora que estou em ação, não posso me entregar assim tão fácil, não a quem está pensando em traição.

— Seria muito tarde para uma conversa civilizada? Eu gosto de chá, você gosta de chá? — Estava exausta, nunca tinha usado tantas vezes minhas habilidades sem uma pausa. — Ou você gosta mesmo de violência?

Mesmo exausta, tento correr em direção da arma, com a intenção de pegá-la para me defender do ataque da ninfa, que provavelmente estaria perto de acontecer, visto que a espada não a prenderia ali para sempre.

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Itens:

Bem, este provavelmente será meu fim. Talvez eu mereça um pouco, afinal, fiz tantas coisas ruins que as boas não se destacam.

— Ok, garotinha, vamos tentar mais uma vez — digo ao me levantar com a espada na mão. Logo em seguida, a ninfa se libera, agora livre para contra-atacar, mas por desastre, tropeça e cai para trás. — Eu daria risada se não tivesse tão cansada.

Enquanto caminho até ela, o mais rápido que consigo, ouço a pequena demônia assobiando de diversos modos, algo que nunca tinha ouvido antes, certamente ela estava chamando ajuda. Como minha boca é amaldiçoada, eu estava certa. Um grupo de aves vêm voando em nossa direção, mas eu a alcançaria primeiro, e talvez se a finalizasse, as aves fossem embora.

— Por favor, só morre. — Ao chegar perto o suficiente, daria um golpe certeiro com toda minha força na ninfa, mirando em seu peito com a tentativa de acertar o coração, isso se o coração dela fosse no mesmo lugar que o meu.

Contudo, se a ninfa levantasse antes que eu chegasse perto o suficiente e as aves estivessem muito próximas, usaria a espada para me defender.

Qualidades e Defeitos:

Itens: